terça-feira, 11 de outubro de 2011

CINEMA: MEU PAÍS

Dizem que o lar de um homem é onde está o seu coração - posso até ter entendido tudo errado, mas esta frase foi a mensagem que ficou para mim após assistir Meu País (Brasil, 2011), e também a justificativa para o título, embora este possa ter relação com o retorno à pátria do personagem principal Marcos, vivido por Rodrigo Santoro.
Engana-se quem pensa que trata-se de um filme patriótico ou de exaltação ao Brasil: fora algumas poucas passagens com cortes rápidos de São Paulo, não há espaço para Carnaval, futebol ou bunda de fora, nem mesmo para críticas à nação numa vibe Odete Roitman - o país de Marcos, ao qual ele de fato retorna, é sua família! Seu regresso da Itália ao lado da mulher Giulia (a bela atriz italiana Anita Caprioli) é motivado pela morte de seu pai Armando (em uma participação breve, mas importante de Paulo José), onde reencontra o irmão Tiago (um contido Cauã Reymond) - playboy irresponsável que está mergulhado em dívidas de jogo - e tem a descoberta de uma meia-irmã (vivida por Débora Falabella) internada em uma clínica para doentes mentais.
O fio condutor da trama é esta relação entre irmãos que passa a se estabelecer. Marcos, o mais velho, bem-sucedido e responsável vê-se frente a um irmão que não quer amadurecer e a uma irmã que, devido aos problemas mentais, jamais o irá. É preciso ainda lidar com toda uma vida construída que está sendo deixada para trás e sustentar o relacionamento com sua esposa.
O diretor Andre Ristum, estreante na direção de longas, tem em mãos uma produção que pode ser considerada, no mínimo, de bom resultado. Com eficiência, o filme mergulha o espectador em uma tristeza silenciosa - não a do tipo que chega com uma notícia e acerta um soco seco no estômago, mas sim aquela que vai consumindo aos poucos, em cada detalhe, como uma doença degenerativa. O tom nostálgico da narrativa, amarrando passado e presente através de pequenos objetos e retratos e a palheta desmaiada e escurecida da fotografia ampliam a experiência de melancolia, que jamais é alcançada com a facilidade do dramalhão clichê ou qualquer outra obviedade.