segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

POR ONDE ANDA VOCÊ?

Após quase 6 meses, exceto por algumas aparições tímidas no Twitter, o blog retoma suas atividades. Neste período muita coisa foi vista e descoberta, algumas muito boas, outras nem tanto, como é prache na vida... Antes de situar a nave no tempo presente, achei de bom grado me redimir dos meus 2 ou 3 leitores e fazer um resumo do que rolou de mais bacana na telinha, na telona e nos palcos, dentro daquilo que minha niqueleira pôde bancar. Então, sem muita enrolação, vamos lá!

-SHOWS MUSICAIS-
Adriana Partimpim: Dois É Show
Alter-ego da cantora Adriana Calcanhotto, a personagem de óculos de papelão e voz delicada pintou como uma das grandes atrações do Porto Alegre Em Cena deste ano. No repertório, músicas do mais recente álbum (Dois), mescladas com as do primeiro. Um show divertido e muito bem produzido, mas muito gessado e com pouca espontaniedade, praticamente idêntico ao que já se pode conferir no DVD lançado no mês de outubro.

Pedro Abrunhosa & Comitê Caviar
O cantor pop português foi um dos grandes destaques internacionais do Em Cena, apresentando no show seu último álbum e sucessos de sua carreira. A plateia, que o recebeu com frieza no início, foi sendo cativada aos poucos e saiu satisfeita com a performance competente do artista lusitano.

Luiz Tatit: Sem Destino
Ainda no Em Cena, o cantor paulista deu um banho de talento com sua simpatia, suas canções muito bem letradas, bons músicos e participações mais que especiais, como a da cantora Ná Ozzetti.

Green Day: 21st Century Breakdown Tour
Em turnê pelo Brasil, a banda californiana aportou em Porto Alegre (Gigantinho, 13 de outubro) com pirotecnia, som pesado, maquiagem borrada e um concerto com duração de quase 3 horas, onde desfilou sucessos de ontem e de hoje, de uma carreira de mais de 20 anos. Um grandioso espetáculo, cercado por muita expectativa, que terminou muito bem elogiado, embora a postura da banda tenha se tornado a de recreacionistas de playground, literalmente lotado de crianças. É fato, o tempo passou, mas a banda continuou se mantendo jovem a ponto de ter ficado pra trás em relação aos fãs, que envelheceram - a tática foi cativar o público da geração de hoje, o que, pelo que se comprovou, foi feito com maestria.

Black Eyed Peas: The E.N.D. Tour
No dia 30 de outubro, Will.i.am, Fergie e cia trouxeram pela terceira vez uma turnê do Black Eyed Peas a Porto Alegre. Foi um show magnífico, marcado por batidas eletrônicas (do hip-hop e do dance, a nova adesão da banda), muitos sucessos que marcaram a geração dos dias de hoje e um espetáculo visual de lasers, telões e efeitos especiais. Mais que sua música, a banda trouxe o futuro em sua turnê.

-CDs DE MÚSICA NACIONAL-
Dentre as coisas bacanas que surgiram no cenário nacional nos últimos meses, tem o novo de Vanessa Da Mata (Bicicletas, Bolos E Outras Alegrias), com a maioria das canções de autoria da própria cantora, tratando de infância, relacionamentos e "coisas de menina" - um trabalho que merece ser conferido.
O pernambucano Lenine compilou seus lados-B em Lenine.doc: Trilhas, reunindo trabalhos feitos para trilhas de especiais, novelas e filmes, entre outros - faixas nunca antes lançadas em seus álbuns. Tem muita coisa bacana a ser desbravada neste trabalho, de um artista de talento ímpar em nossa MPB.
Uma volta no túnel do tempo forma a coletânea Sabiá Marrom: O Samba Raro De Alcione, com gravações até então inéditas da "Marrom" no formato CD, incluindo compactos, lados-B, faixas ao vivo, covers, participações em trilhas e até versões de seus sucessos em espanhol. Uma boa pedida para quem é fã da cantora.
No formato ao vivo, sairam os registros mais recentes de Nando Reis (com seu Bailão Do Ruivão - uma mescla de celebração dos velhos tempos com o que há de mais brega no cancioneiro popular), Roupa Nova, Simone, Ivete Sangalo (com o show gravado em Nova York), Maria Gadú, Skank e Maria Bethânia, com seu vibrante Amor, Festa, Devoção.

-CDs GRINGOS-
A pop star Rihanna lançou seu mais recente álbum Loud na carona do sucesso que foi seu dueto com o rapper Eminem em "Love The Way You Lie" e, em pouco mais de 2 meses, já estourou com os singles "Only Girl (In The World)" e "What's My Name". O álbum é culminado pela batida eletrônica, com bem menos hip-hop e reggae, ritmos que marcaram presença forte em seus últimos trabalhos.
Katy Perry reforça o sucesso de seu álbum de estreia com seu recente Teenage Dream, tendo como carros-chefe "California Gurls" (considerado o grande hit do verão americano) e a faixa-título, que atualmente vem bombando nas paradas musicais. Trata-se de um álbum simples de cantora pop, gostoso de se ouvir, e, talvez até melhor que seu antecessor.
Shakira resolveu voltar um pouco às origens latinas com Sale El Sol, de resultado duvidoso: o álbum é uma mescla de canções curtinhas e alegrinhas, sem peso e com a maioria das letras descartáveis, longe da artista criativa que estourou no meio dos anos 90 e muito mais próxima da Barbie que ela se tornou quando sua carreira caiu nas mãos do produtos Emilio Estefan Jr.
O Black Eyed Peas soltou no finalzinho de novembro o álbum The Beggining, uma espécie de sequência de seu álbum anterior, The E.N.D., seguindo a linha dançante e recheado de loops, beats e samplers.
Glee, a atual sensação da Fox no mundo das séries, já despejou em seus primeiros 10 episódios, 3 álbuns: um chatíssimo em homenagem ao The Rock Horror Show, um cafona de Natal (até agora o único disponível para venda no Brasil) e o Volume 4 dos episódios regulares, um dos melhores até agora, recheado de sucessos radiofônicos atuais.
Tem ainda o novo de Sheryl Crow (100 Miles From Memphis) - com várias de participações especiais e com pouca pretensão comercial -, o debut do grupo country (e bem interessante) Lady Antebellum, Christina Aguilera em dose dupla, com seu pouco expressivo Bionic e com a trilha sonora do filme Burlesque (onde ela atua e canta ao lado da veterana Cher), os novos álbuns dos retomados Stone Temple Pilots e Creed. E segue a lista!

Amanhã eu volto para comentar sobre as séries de TV que rolaram neste hiato!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

CINEMA: ECLIPSE

Eclipse (The Twilight Saga: Eclipse, 2010), terceira parte da quadrilogia escrita por Stephenie Meyer, era um dos títulos cinematográficos mais aguardados para este ano, senão o principal. Em torno da história do romance entre a mortal Bella Swan (Kristen Stewart) e o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) formou-se um universo de produtos e histórias derivadas, arrebanhando milhões de fãs ao redor do globo terrestre. O público jovem, principalmente o adolescente, é o alvo principal da trama, que tem visual, som e enredo feitos sob medida para conquistar a molecada, sobretudo as meninas.
A constatação sobre Eclipse é subjetiva - para quem gosta, deve ser ótimo; para quem não gosta, é mais do mesmo. Apesar de todo o frisson gerado em torno do lançamento da fita, com promessas de menos inocência, mais ação e mais terror, na essência acaba sendo igual aos seus antecessores Crepúsculo (Twilight, 2008) e Lua Nova (New Moon, 2009): um romance juvenil, com direito a triângulos amorosos, promessas eternas, a chance de fazer o absurdo tornar-se real em nome desse amor e toda a sorte de malfeitores que querem acabar com a união. O que destaca a franquia desde seu primeiro volume é o emprego do caráter sobrenatural, envolvendo vampiros e lobisomens.
A presença do diretor David Slade (de Menina-má.com e 30 Dias De Noite) na condução do projeto garantiu um pouco mais de realismo às criaturas e às cenas de ação, mas é difícil realizar um trabalho mais intenso do que isso com o material em mãos. Além de ser muito mais um romance do que um thriller de horror, a autora dos livros aplicou à história doutrinas e valores tradicionais, como a defesa à virgindade e aos bons costumes, algo meio contraditório para um vampiro. É patética a cena em que Bella tenta fazer sexo com Edward e ele lhe responde que prefere respeitá-la até o casamento, pois ele é de um outro tempo e tem outros costumes... Vá saber!
As cenas com pitadas de terror são o que há de melhor no filme. Os atores melhoraram a performance, a maquiagem outrora estilo minâncora está bem melhor e a produção é impecável, cheia de locações bonitas e boa fotografia. A trilha sonora rock 'n' roll moderna é bacaninha também. O que falta à trama é movimento, ação: durante suas pouco mais de duas horas vai-se preparando uma guerra entre vampiros recém-nascidos contra o clã dos Cullen e a alcateia de lobisomens liderada por Jacob Black (Taylor Lautner), o rival de Edward na disputa por Bella. Tudo aponta para uma batalha apoteótica, mas na hora "H" é decepcionante, rapidamente resolvida e com muito pouco sangue. O mesmo acontece na luta final entre Edward e a vampira Victoria (Bryce Dallas Howard). Há provocação mas não há finalização.
Acima de qualquer impressão, Eclipse já está sendo um grande sucesso, quebrando diversos records, arrastando os fãs para o cinema e enchendo mais ainda o bolso dos produtores, mas opinião é opinião e cada um tem a sua.

terça-feira, 29 de junho de 2010

CINEMA: TOY STORY 3

É incrível constatar que, mesmo após 15 anos do lançamento do primeiro filme e 11 do segundo, a parceria Disney/Pixar conseguiu dar continuidade mais uma vez à saga dos brinquedos de Toy Story, sem soar datada ou repetitiva. Quando se percebeu que as crianças que cresceram se divertindo no cinema com as peripécias do cowboy Woody (voz de Tom Hanks no orignal), do astronauta Buzz Lightyear (voz de Tim Allen) e sua turma de amigos, percebeu-se que era hora da franquia crescer também.
Agora, o garoto Andy (voz de John Morris) não é mais exatamente um garoto, e sim um jovem adulto na casa dos 17 anos, com o desafio da universidade a sua frente - um momento em que os brinquedos há muito perderam o significado em sua vida e devem lhe dar adeus, com um destino incerto, que pode ser tanto as mãos de outra criança, o esquecimento do sótão ou mesmo a lixeira. Este é o mote principal de Toy Story 3, uma trama cheia de despedidas e comoções em meio a um festival de cores, risos e fantasias de um mundo encantado que só os brinquedos poderiam nos proporcionar.
Este terceiro episódio pode até não ser o mais impressionante da triologia, uma vez que o primeiro filme foi um marco no mundo da animação tridimensional cinematográfica, mas certamente é a maior aventura vivida por nosso amigos de plástico até hoje. Da casa de Andy para uma creche e da creche para diversos outros lugares sinistros, a turma de Woody e Buzz precisam enfrentar a tristeza do abandono de seu dono, crianças destruidoras de brinquedos e uma conspiração liderada por um urso cor-de-rosa malvado com cheirinho de morango chamado Lotso (voz de Ned Beatty).
Sobra encanto em Toy Story 3: mesmo com algumas críticas negativas, as bilheterias têm mostrado que a fita está sendo um sucesso entre crianças e adultos. Com menos fundamentos inteligentes que outras recentes produções da Pixar, a trama dirigida por Lee Unkrich (de Procurando Nemo, Monstros S.A. e Toy Story 2) pega o espectador pelo coração e pelo saudosismo da infância. A história traz à tona, por meio de memórias, uma época feliz vivida pela maioria da nossa geração, dando aquela vontade de revirar o baú e puxar de volta aqueles velhos brinquedos que tanto nos acompanharam nos melhores anos de nossas vidas. Dos 8 aos 80, é difícil permanecer alheio às boas recordações e não se comover perante a evolução da vida no passar dos anos. Mas a história relembra ainda que é preciso seguir em frente, seja você um menino que virou homem ou um boneco de pano, aparentemente inanimado. E, para todos aqueles que sentem saudades, vale o consolo de que não importa a idade: brinquedos sempre serão brinquedos e crianças sempre serão eternas crianças...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

QUANDO MICHAEL JACKSON ERA SÓ UM REI

Em torno de um ano atrás, exatamente em 25 de junho de 2009, o mundo pop despedia-se de seu rei. Michael Jackson morria precocemente aos 50 anos, acidentalmente por abuso de remédios, deixando para trás um legado que dificilmente será esquecido em consecutivas gerações.
Em uma época que os noticiários se voltam para o primeiro aniversário de falecimento do cantor e ainda especulam fatos sobre as causas de sua morte, fãs no mundo inteiro continuam a perpetuar sua arte: é a celebração constante da memória de um grande artista, o resgate à ingenuidade da criança crescida e atordoada por um mundo que a criou e depois a engoliu de forma voraz, o agradecimento pelos frutos de uma mente brilhante e meio louca para os padrões de nossos tempos. Ele foi tudo isso e muito mais - não só o homem, Michael Jackson, ontem um nome, hoje um mito. Diante da figura do herói contraditório, Michael foi um defensor da natureza e dos direitos humanos, um admirador das crianças, um ser humano complicado e muitas vezes incompreendido - embora sua arte tenha sido alegre quase que em totalidade, seu revés ocultava a alma obscura de um homem solitário e conturbado, a quem foi permitido existir mais como imagem do que como carne e osso.
O grande desafio da vida é seguir adiante e a máquina não pára. Hoje é um pouco triste lembrar de um Michael Jackson decadente, quase irreconhecível pelas dezenas de cirurgias plásticas as quais se submeteu, acusado de atos que não se puderam provar, mas que contribuiram para parte da degradação de seu nome. Foi irônico ver toda aquela novidade dos tempos de Thriller e o luxo visual dos tempos de Dangerous se desintegrar em uma carreira que tinha tudo para ser brilhante e que quase terminou reduzida a pó, em meio a escândalos e excentricidades. Michael Jackson, ainda que sem intenção, saiu de cena exatamente no momento em que todos os olhos do mundo voltavam-se para ele com sua turnê de despedida. O que ele seria a partir dali como artista não se saberá. O que se conhece é só o que se viveu - e todos sabemos como Michael viveu, quais foram suas escolhas e quais foram suas consequências. Sem julgamentos.
Os últimos dias foram para rever seus shows, seu clipes e curtir mais um pouquinho de sua obra. Incansável hoje, seu nome continua em nossas lembranças. Sua música perpetua na história da música. Sua presença fica guardada em cada um de seus fãs como um videoclipe, como uma letra bem escrita, como uma melodia ou como a recordação do grave da sua voz. Na forma em que cada um ainda o reconhece, o aprecia e o saúda.

sábado, 26 de junho de 2010

CINEMA: PLANO B

Mulher solteira engravida por inseminação artificial e encontra no mesmo dia o homem de seus sonhos. Somente pela premissa, Plano B (The Back-up Plan, 2010) não precisaria existir, pois não passaria de mais uma comediazinha romântica morna para entupir prateleira de locadora, com direito a beijinhos, clímax, lágrimas e final feliz. O que salva a fita dirigida por Alan Poul (estreante na telona e egresso da TV - tem no currículo a direção de séries como A Sete Palmos e Roma) e foge um pouco do convencional é o tom cômico e até meio estúpido empregado nesta comédia estrelada pela atriz e cantora Jennifer Lopez, em seu retorno ao show business após uma pausa para a gravidez real de seus filhos gêmeos.
A história de Zoe (Lopez) é exatamente a mencionada na premissa: o roteiro não se prende muito a rodeios e prefere partir para o desenrolar do enlace romântico entre ela e seu pretendente Stan (Alex O'Loughlin, astro de duas séries de TV recentes que não vingaram - Moonlight e Three Rivers). A trama se concentra basicamente nos dois protagonistas e no dilema de Stan assumir uma paternidade que não é sua em prol da mulher amada. Os personagens secundários têm pouca relevância e mal servem de apoio para alguns momentos, assumindo papéis quase de figurantes.
O melhor de Plano B é o riso, provocado por cenas que mostram um lado da gravidez menos bonito do que estamos acostumados a ver na ficção, mesmo que para isso os personagens tenham que se valer, sem muito exagero, de algumas pitadas de grotesquice e escatologia - o diretor achou o tom certo para tirar graça desses artifícios já saturados sem soar nojento. Vale destacar as cenas em que aparece Nuts, o adorável cachorrinho deficiente de Zoe, que sempre rouba as atenções para si.
É claro que Plano B reza pela cartilha da comédia romântica, mas isso não chega a ser prejudicial para o resultado final. Jennifer Lopez, embora não possua grandes atributos como atriz, está em plena forma, linda e engraçada, fazendo uma Zoe carismática, pela qual é impossível não torcer por um final feliz ao lado de Stan. A química com O'Loughlin funciona bem e salva o filme enquanto romance, embora ainda seja muito mais interessante como comédia.

terça-feira, 22 de junho de 2010

TRUE BLOOD, 3ª TEMPORADA

ATENÇÃO: o texto a seguir pode conter spoilers.

Entrando no terceiro ano de loucuras vampirescas, True Blood, a atual série do ousado produtor e roteirista Alan Ball, retoma o exato instante onde parou na temporada anterior.
Com tudo meio desajustado na caipiresca Bon Temps, grande parte dos personagens parece estar meio perdida ainda no contexto. Jason (Ryan Kwanten) está se punindo pelo assassinato de Eggs (Mehcad Brooks), mesmo após o policial Andy (Chris Bauer) ter assumido a culpa em seu lugar, fato que desencadeou depressão e fúria em Tara (Rutina Wesley). Jessica (Deborah Ann Woll) meteu-se em maus lençóis após ter matado, mesmo sem querer, um homem que usou para tentar afogar as mágoas de seu rompimento com Hoyt (Jim Parrack). Sam (Sam Trammell) segue em uma busca sem muito sucesso por sua família, enquanto Sookie (Anna Paquin) sai à procura de Bill (Stephen Moyer), sequestrado logo após fazer um pedido de casamento à moça.
Ao que tudo indica, haverá uma forte exploração dos conflitos entre Bill e o maquiavélico Eric (Alexander Skarsgård), que descobriu-se, assim como a rainha Sophie (Evan Rachel Wood, em participação especial), estar envolvido com o sequestro de Bill e o tráfico de V - sangue de vampiro -, do qual Lafayette (Nelsan Ellis) é, forçadamente, um de seus distribuidores.
Cenas com insinuações pra lá de gays e a aparição do que aparentam ser lobisomens também marcaram a premiére da nova temporada no dia 13 de junho, dando uma febre do que virá por aí nas próximas 11 semanas e deixando uma pergunta no ar: True Blood rendeu-se à saga Crepúsculo ou os lobisomens já estavam planejados?
Após o sucesso de estreia da 3ª temporada, True Blood já está renovada para um quarto ano em 2011.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PERSONS UNKNOWN: NOVA SÉRIE

Um grupo de pessoas acorda em um hotel de uma pequena cidade deserta sem saber onde está, como foi parar lá e porque está lá. No teto câmeras de vigilância, por toda parte mensagens subliminares que levam a lugar algum e presenças misteriosas no ambiente - muitas delas passam sem serem vistas. Alguma dessas coisas parece familiar? Basta juntar produções conhecidas como Lost, Jogos Mortais (em uma mortal semelhança com o segundo filme da franquia), o péssimo O Olho Que Tudo Vê e até mesmo O Show De Truman e tem-se Persons Unknown, a nova série da rede americana NBC.
Christopher McQuarrie é o nome por trás da criação desta nova trama. Anunciado como roteirista de X-Men Origins: Wolverine 2, McQuarrie tem ainda em seu currículo de escritor Os Suspeitos e, mais recentemente, Operação Valquíria. No elenco, nomes pouco conhecidos, encabeçados por Jason Wiles (no papel do misterioso Joe), Daisy Betts (a desesperada mãe Janet) e Chadwick Boseman (Sargento McNair). O foco principal da história é desvendar o mistério da abdução dos personagens e descobrir um meio de sair daquele lugar que, além do hotel, conta com uma delegacia, uma loja e alguns outros prédios.
Para tentar disfarçar a cópia descarada de outros títulos, foram introduzidos personagens serviçais de carne e osso que interagem com os sequestrados, seguindo uma série de regras e sem saber porque estão lá trabalhando. Foi criada uma trama paralela no que se pode chamar de "mundo real", onde um repórter investigativo, sem motivo algum resolve bisbilhotar o sumiço da personagem Janet.
Veiculada no ar desde o dia 07 de junho e projetada para ter 13 episódios, dos quais se promete um final fechado, talvez até sem a possibilidade de uma continuação, Persons Unknown é batida e repleta de clichês e personagens estereotipados que habitam séries e filmes do gênero, mas seus primeiros episódios foram intrigantes e atualmente é uma das melhores opções para download na escassez típica da mid-season americana, onde as séries principais estão descansando para retornar somente após o término do verão no hemisfério norte.

CINEMA: OLHOS AZUIS

Embora seja falada em inglês quase que na íntegra, Olhos Azuis é uma produção brasileira - e boa, por sinal. Ambientada parte em um aeroporto norte-americano, parte no estado de Pernambuco (entre as cidades de Recife e Petrolina), a trama narra o último dia de trabalho do fiscal de imigração Marshall (David Rasche), que decide complicar a vida de um grupo de latino-americanos que pretendem ingressar no país, ainda que legalmente.
Com o elenco pouco conhecido e cheio de boas atuações, o filme é tenso, sobretudo nas cenas do aeroporto, onde a humilhação dos imigrantes por parte da polícia é escancarada e revoltante. As cenas gravadas em Pernambuco são suavizadas pelo contexto regional muito bem destacado na filmagem e pela presença da divertida prostituta Bia (Cristina Lago), com seu inglês de improviso e sua malandragem inocente.
Com direção de José Joffily (de Achados E Perdidos e 2 Perdidos Numa Noite Suja), a trama só é prejudicada pela montagem. A alternância de ambientes é constante demais, causando cortes televisivos à fita nos momentos em que era necessária uma continuação, acabando com o clima e tornando o final um pouco óbvio para quem já conhecia a sinopse ou já havia assistido ao trailer. Tirando este fato, trata-se de um título bem interessante enquanto cinema e enquanto crítica social.

domingo, 20 de junho de 2010

O FINAL DA 2ª TEMPORADA DE UNITED STATES OF TARA

Tara Gregson (Toni Collette) e suas personalidades múltiplas já estão garantidas em um terceiro ano televisivo para 2011. Até lá, uma espera um tanto longa após o término desta 2ª temporada de United States Of Tara.
Embora curta, com meros 12 episódis de meia hora cada, a série é no mínimo intensa. Povoada de personagens conturbados e instáveis, recebeu um desfecho merecido até o momento em que se situa a trama. Após uma descoberta bombástica sobre sua infância, Tara agora encontra-se mais perto de obter uma explicação para suas manifestações psicóticas, que se apresentam em forma de adolescente, dona de casa, veterano de guerra, e, mais recentemente, de psicóloga e de criança.
Ao seu redor tudo parece desabar, desde o relacionamento com o marido Max (John Corbett) até as centenas de problemas trazidos por seus filhos e por sua problemática irmã Charmaine (Rosemarie DeWitt). Ainda assim, Tara representa a mulher forte e resistente aos contratempos, reagindo de maneiras surpreendentes a cada queda. A (mais uma vez) excelente atuação de Toni Collete garante vida e carisma à personagem e as suas múltiplas variações, balanceando a série entre o pesado e o cômico. Com um final conturbado, no mesmo tom de sempre, seguido de um alívio doce e quase digno de habitar um conto de fadas, a 2ª temporada terminou de maneira excepcional, deixando um gostinho de "quero mais" que vai durar até o ano que vem.

CINEMA: ESQUADRÃO CLASSE A

Derivado da série oitentista de mesmo nome, Esquadrão Classe A (The A-Team, EUA 2010) é puro exagero. Protagonizado por Liam Neeson (A Lista De Schindler), Bradley Cooper (Ele Não Está Tão Afim De Você), Jessica Biel (O Ilusionista), Patrick Wilson (Watchmen), Sharlto Copley (Distrito 9) e pelo lutador Quinton "Rampage" Jackson, o filme narra o encontro de um grupo de militares do exército americano que são atraídos para uma emboscada no Iraque envolvendo uma maleta cheia de placas com modelos para fabricação de dinheiro falsificado e acabam sendo considerados traidores e, consequentemente, fugitivos.
É o tipo de filme que faz escorrer adrenalina e testosterona pela tela do cinema. Até aí nenhum problema, não fosse a sucessão de absurdos contidos na fita, que vão desde tanques de guerra despencando do céu e derrubando caças a tiros até toneladas de contâiners gigantescos despencando por cima de pessoas que escapam sem um arranhão sequer. Os efeitos especiais são bem aplicados e as cenas de ação são assombrosas, mas nada mais se salva.
Apesar do elenco estrelar, a direção de Joe Carnahan não conta muito no produto final, onde nada mais é trabalhado além da pancadaria, do corre-corre e das piadinhas sem graça a que já estamos acostumados em filmes similares. Falta um mínimo de coerência ao roteiro, aos diálogos e até mesmo às mil reviravoltas dadas pela história. Esquadrão Classe A não só falha como filme, mas também como homenagem à matriz, transformando em um grande circo pirotécnico a série tão querida e lembrada até hoje por uma legião de fãs.

domingo, 13 de junho de 2010

O SUCESSO DE GLEE

No início de setembro passado Glee estreava na TV americana como uma aposta alta e ousada da rede Fox e do produtor de séries Ryan Murphy, responsável também pela recém findada Nip/Tuck. Lembro que na ocasião dediquei um post a meditações sobre as possibilidades de sucesso e fracasso da série, lançando a pergunta "Glee: será que vai pegar?". Justamente 9 meses depois, uma gestação, só há uma resposta a ser dada: "Pegou!".
Fenômeno de sucesso nos EUA, a série já expandiu sua fama mundo afora e cativou adolescentes e adultos com a dramédia musical que tem como pano de fundo um clube de cantoria em uma escola de ensino médio no interior do estado de Ohio. Formado por alunos excluídos e impopulares, o clube enfrenta dificuldades e preconceitos, assim como seus membros, que veem na música um meio de se integrarem e de fazerem novas amizades, se apaixonarem, se aceitarem e se encontrarem no mundo.
O sucesso televisivo foi tamanho que, inicialmente prevista para ter 13 episódios, a história ganhou outros 9, retornando de um hiato que durou de dezembro a abril e fechando na última terça-feira, 8 de junho, pouco depois do final oficial da fall season. A produção se saiu muito bem no mercado fonográfico também: neste curto período de 9 meses foram lançados nada menos que 5 álbuns com as músicas apresentadas na TV, sendo que dois deles foram EP's específicos de episódios e, dos outros 3, um saiu em versão normal e em versão deluxe, com direito a faixas adicionais. As vendas foram boas e tanto os álbuns quanto os singles atingiram posições respeitosas nas paradas da Billboard - um feito grandioso para um repertório exclusivo de covers variadas em estilos, artistas e épocas.
Finalizada com o episódio Journey, fazendo alusão à banda de mesmo nome e também ao termo "jornada", a primeira temporada encerrou deixando saudades e levando consigo um desafio para o setembro próximo de manter o padrão de qualidade e o sucesso obtidos até aqui. Com renovação garantida por pelo menos mais dois anos, a equipe de produção, que já teve até a permissão de Madonna para fazer um episódio só com suas canções (veiculado lá fora em 20/04 e entitulado The Power Of Madonna), tem um universo musical inteiro para explorar e para adaptar ao canto dos competentes atores cantantes do elenco. Que as imitações mantenham-se longe e que, mesmo com toda a inocência jovial e instável que rege a atmosfera da trama, possamos nos deleitar por bastante tempo ainda com os "losers" cantores, suas desventuras e até mesmo com seus divertidos vilões.
(No Brasil já está disponível para venda o box em DVD com os primeiros 13 episódios e somente os volumes 1 e 2 em CD. A estreia da segunda parte da temporada na TV a cabo é prevista para o mês de julho).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CINEMA: EM TEU NOME...

Mais um exemplar da boa leva atual do cinema gaúcho, Em Teu Nome... (Brasil, 2010) é um drama político ambientado nos conturbados anos 70, em meio à barbárie que foi a ditadura militar que assolou o Brasil por anos e marcou toda uma geração. O filme é baseado na trajetória de João Carlos Bona Garcia, um estudante que largou a faculdade e renunciou de uma vida de classe média para tornar-se um revolucionário. Junto a personagens reais e fictícios, a história de Boni (o nome dado ao personagem vivido pelo ator Leonardo Machado) é contada desde sua filiação, passando por toda a Via Crucis que muitos de seus companheiros de causa também conheceram, incluindo a nula liberdade de expressão, a insegurança constante, a prisão, as torturas e a tristeza do exílio.
O gaúcho Paulo Nascimento assina o roteiro e a direção - ele é também responsável por trabalhos como Diário De Um Novo Mundo e Valsa Para Bruno Stein. O aspecto técnico é competente, com boas escolhas de elenco (que em sua maioria conta com nomes poucos conhecidos, misturados a grandes nomes como Marcos Paulo e Sílvia Buarque em uma ótima e crescente atuação na história), fotografia, trilha sonora (com participação e aparição do cantor Vitor Ramil) e ambientações - desde as locações fechadas no Brasil para representar as prisões domiciliares em que a população se encontrava, até as belas cenas gravadas no exterior (Chile, Argélia e França) para contar os anos de exílio. A edição se apresenta meio perdida às vezes, intercalando cenas de contexto vago e sem muita importância, mas não compromete o produto final.
Dolorosa, sofrida e sem as apelações panfletárias ou clicherias utópicas de filmes do gênero, a trama é um retrato humano sob o olhar de quem viveu aquele tempo, o qual torna-se impossível ficar alheio e não se envolver emocionalmente. Há muita comoção, há muita indignação e há muita admiração pela coragem com que os jovens ali retratados tiveram ao renunciar de suas vidas, amores e famílias para correr mundo em prol de uma causa que se via perdida.

»MAU« NA FOTO, 1 ANO

E 1 ano se passou desde que o blog entrou em ativação. Outrora havia existido por alguns meses de maneira precária, com 2 ou 3 posts em um fundo verde escuro, até que a preguiça ficou um pouquinho de lado e os textos começaram a brotar na cabeça - era hora de pôr mãos à obra.
Muito cinema, muita série de TV, muita música, muita leitura, muita opinião. O que foi possível em termos de tempo e espaço desfilou por aqui neste ano que passou. É bom nutrir-se de cultura e entretenimento e poder passar isso adiante: além de ser um lazer gostoso, é um meio de divulgar o que há de bom e de dar dicas aos amigos e visitantes. E no meio disso tudo ainda tem que sobrar tempo para trabalhar, para sair, para viver a vida.
Agradecimentos a todos que contribuiram com o blog neste primeiro ano, através de comentários, elogios, ou de visitas silenciosas. Que o ano 2 que se inicia hoje seja tão ou mais produtivo que o primeiro e que surja muita coisa boa para se ouvir, assistir, ler e vivenciar para publicar neste espaço.
Desculpas pelos erros de português e concordância, pelos vícios de escrita e por às vezes pegar pesado nos comentários. Estamos todos aprendendo, portanto, sigamos escrevendo... E sempre há tanto sobre o que se escrever!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CINEMA: O ESCRITOR FANTASMA

Do polêmico diretor Roman Polanski, a história de O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010) se baseia no livro do inglês Robert Harris, entitulado O Fantasma. Na trama é tratada a desventura do personagem sem nome de Ewan McGregor, um escritor fantasma (daqueles que escrevem livros para os outros sem levar os créditos) chamado para lapidar a biografia de um poderoso ex-primeiro ministro inglês de origem norte americana, Adam Lang, vivido pelo ex-007 Pierce Brosnan. Após sua chegada a uma praia deserta onde a família mantém uma bela casa, um grande escândalo envolvendo o político estoura na mídia e o escritor se vê envolvido na vida de Lang, o que inclui o convívio com a amargurada e estranha esposa do político, Ruth (Olivia Williams, de Educação), e sua fiel assessora Amelia (Kim Cattrall, a Samantha Jones de Sex And The City).
Com esta pregorrativa o escritor fantasma descobre inúmeros segredos e vai se embrenhando em uma trilha cheia de pistas e perigos, incluindo uma investigação sobre a morte do escritor que o antecedeu no trabalho da biografia. Assim como o mau tempo quase constante na praia, o filme contém um ar pesado: com diálogos excelentes, saídas inteligentes e um trabalho de câmera que nos põe para dentro da tela, o diretor, mesmo à distância, em sua cela onde cumpre pena por abuso sexual, conseguiu realizar uma obra digna de aplausos, apresentando um suspense que foge do convencional e consegue intrigar profundamente o espectador.
O medo, a dúvida e a desconfiança são peças-chaves para a trama, que conta ainda com a particicapação do ator Tom Wilkinson no papel de um professor que é peça-chave para o desfecho do mistério. Polanski consegue traduzir para sua obra uma sensação claustrofóbica pelo qual ele mesmo deve estar passando, estando preso, o que aumenta a atenção, fator necessário para um bom entendimento da história, que torna-se complexa com o avanço dos minutos. A boa escolha do elenco e as atuações contidas dão o toque final à fita que, embora passe longe das grandes bilheterias, é grandiosa em sua composição.

terça-feira, 8 de junho de 2010

CINEMA: O GOLPISTA DO ANO

Na revista Piauí de uns 2 meses atrás saiu uma pequena nota a respeito de traduções de títulos de filmes para o português, justificando que muitas vezes o título original não significa nada quando traduzido e também deixando claro que muitas vezes o título pode ser totalmente modificado (ou receber subtítulos) em prol do apelo comercial. Tudo muito compreensível, uma vez que nossos filmes também recebem títulos estapafúrdios quando vão para o exterior. Ainda assim, fica difícil entender (e chega a ser engraçado) como I Love You Phillip Morris foi se transformar em O Golpista Do Ano.
Fechando parênteses, vamos ao filme em si. Protagonizado por Jim Carrey e Ewan McGregor, a intenção é contar a história de Steven Russell (Carrey), um homem que, em certo ponto de sua vida, assume a homossexualidade e parte para uma vida de luxo e consumo, onde a saída para seu sustento se torna a prática de pequenos golpes, o que o leva à cadeia, onde lá conhece o tal Phillip Morris do título (McGregor), e por ele se apaixona. A partir desse ponto, a vida torna-se ainda mais cheia de confusões para o sujeito, onde a quantidade e a gravidade de seus golpes aumentam gradativamente, assim como suas mentiras e suas novas idas, vindas e fugas da cadeia.
O filme é ruim de modo geral: embora com uma premissa diferente, o que há de bom a ser mostrado são os golpes e os detalhes com que são aplicados - talvez daí se possa tirar algum sorriso. No mais, Jim Carrey está afetado e careteiro em demasia e não consegue mais uma vez fugir de seu estigma característico de O Máskara. Ewan McGregor tem pouca projeção na fita e não faz nada mais do que bancar o(a) mocinho(a) sofrido(a). Ah, tem também o Rodrigo Santoro no elenco - mais uma vez o brasileiro é escalado para aparecer durante míseros 5 minutos e ainda teve que sofrer com um super emagrecimento para parecer um doente terminal por uma única e curta cena. Pelo menos deram falas para ele...
O que fica é uma mensagem confusa. A questão homossexualidade X caráter acaba pesando na história e cutuca em certas feridas da sociedade - o que se vê de Steven Russell é só uma reviravolta para pior após sua "saída do armário", mostrando somente o lado negro de sua personalidade. Apesar da trama se apresentar uns anos no passado, o fator preconceito é pouco explorado, até porque o próprio filme já se encarrega disso, com uma concepção caricata dos personagens e da incursão de situações que só incentivam a chacota. Se o filme era uma bandeira a ser levantada, tornou-se um desserviço. Se era uma crítica, tornou-se uma apelação.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

PRÍNCIPE DA PÉRSIA: AS AREIAS DO TEMPO

Por certa preguiça, está saindo somente agora o comentário sobre o filme Príncipe Da Pérsia: As Areias Do Tempo (Prince Of Persia: The Sands Of Time, 2010). Em mais uma parceria com a Disney, Jerry Bruckheimer, o fabricante de blockbusters número 1 de Hollywood, produz a história ambientada na Pérsia antiga, derivada do game de mesmo nome que foi um grande sucesso dos PCs na década de 90. Assim como o príncipe do jogo, Jake Gyllenhaal (de Zodíaco e O Segredo De Brokeback Mountain) tem que ser habilidoso na pele do guerreiro Dastan para se pendurar em prédios e muros, se equilibrar em penhascos e desviar de flechas e outros artefatos contra ele arremessados durante as 2 horas do filme - o elenco conta ainda com os nomes famosos de Alfred Molina como um golpista do deserto e Sir Ben Kingsley como Nizam, o tio ambicioso de Dastan.
A fita é aventura pura! Praticamente sem enredo e com um aspecto meio mofado que remete aos filmes de aventura dos anos 80 (a exemplo de Simbad e dos primeiros Indiana Jones), a trama gira em torno da busca por uma adaga mística que, quando preenchida com uma areia especial, dá ao seu portador o poder de fazer o tempo voltar atrás e prever o presente com antecedência. Para isso, o roteiro se vale de conspirações confusas, reviravoltas desnecessárias e muito corre-corre, onde a tal adaga passa de mão em mão. As tentativas de apelo cômico e dramático não colam e o que importa no fim das contas são as acrobacias elaboradas de Dastan, na melhor cópia descarada de Matrix, com direito a câmeras lentas e caminhadas na parede.
A mitologia criada é pouca e o universo de personagens de apoio não chega a ser interessante, o que não leva a crer que vá gerar uma franquia, a não ser que os lucros sejam muito grandiosos. O diretor Mike Newell, de Harry Potter E O Cálice De Fogo e O Amor Nos Tempos Do Cólera fez o que pôde com o material que tinha em mãos e resultado final é um filme bem feito tecnicamente, fraquinho, mas que cumpre seu papel como entretenimento no melhor estilo pipoca.

sábado, 29 de maio de 2010

FLASH FORWARD: (SEM) FINAL

Surgida no início desta fall season com a promessa de ser a nova sensação televisiva, até mesmo o substituto mais provável para Lost, a série Flash Forward impressionou em sua estreia, mostrando o apagão global de 2 minutos e 17 segundos em que toda a população mundial enxergou seu futuro 6 meses à frente. Uma ideia no mínimo interessante que, mal administrada, transformou-se em um fracasso, provocando seu cancelamento e sepultando-a de vez com o episódio veiculado na última quinta-feira.
O enredo desta primeira e única temporada girou em torno das investigações de um grupo de agentes do FBI, formando um grande quebra-cabeças de eventos e visões futurísticas que recebeu o nome de mosaico. Fatos mal explicados, reviravoltas em demasia, personagens sem carisma e a incursão constante de novidades tornaram o entendimento confuso e foram, pouco a pouco, removendo o que havia de mais interessante na série: o mistério em torno do apagão. Para piorar, a grande quantidade de histórias paralelas, a maioria desinteressantes, prejudicaram ainda mais a evolução da trama, que foi perdendo o rumo. Por fim, um longo hiato de 3 meses deu o golpe fatal na produção - após o retorno, a audiência foi despencando mais a cada semana.
Future Shock foi ao ar para desenrolar a trama tecida nesta reta final de temporada, onde o dia visualizado no apagão estava para chegar e a ocorrência de um novo apagão era eminente. Esperava-se que as conspirações e os motivos fossem revelados e um novo rumo à vida dos personagens fosse dado, mas veio o cancelamento após o episódio já ter sido gravado. O que se viu foi um episódio emocionante, como se esperaria de qualquer season finale, com diversos eventos importantes acontecendo e com um gancho que seria interessante a ser seguido, se a série tivesse recebido a concessão para um segundo ano. No final das contas, ficou um final aberto que não terá mais segmento. Flash Forward ficou mesmo só na promessa e, agora também sem Lost, as fichas da rede ABC estão apostadas em V, que foi eleita para retornar na próxima fall season. Sorte para os ET's, pois os resultados obtidos nesta primeira temporada não foram dos melhores - agora, só o futuro dirá, e não há mais a possibilidade de ocorrer um flash forward que possa prever isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CINEMA: SEX AND THE CITY 2

As meninas, desde que o mundo é mundo, costumam sonhar com princesas, castelos, cavaleiros e outros elementos retirados dos contos de fadas. Por séculos, ao crescer elas descobriam que a maioria desses finais felizes só existia mesmo nos contos: que o príncipe tinha mau hálito, que a princesa engordava, que às vezes era preferível beijar o sapo, e assim por diante. Muito tempo depois, as mulheres de nosso tempo descobriram que há um novo conto de fadas para elas sonharem: a Nova York de Sex And The City, habitada por Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) e suas amigas. O conto pode nem sempre acabar com o "felizes para sempre", mas é repleto de moda, glamour, independência e, como o próprio título sugere, sexo. Mais que uma resposta ao mundo masculino, a série, que perdurou por 6 anos, foi o grito máximo de independência da mulher moderna no universo pop e até hoje serve como referência.
Para contentar os fãs com saudades da série (e, de quebra, fazer uma caixinha), a ideia foi transferí-la para a telona do cinema. O filme de 2008 foi um tremendo sucesso e agora ganha sua sequência com Sex And The City 2 (EUA, 2010). Com o enredo deixado em segundo plano, o filme é uma mera desculpa para relembrar os personagens e para apresentar mais um desfile de vestidos, penteados, lugares glamourosos e situações, em sua maioria, divertidas.
Esta sequência foge mais da realidade da série e se concentra na viagem de Carrie, Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall) a Abu Dabhi, um dos Emirados Árabes. Desta vez Samantha está às voltas com uma terapia de hormônios para manter-se jovem, Charlotte com dificuldades em criar suas duas filhas pequenas, Miranda em firmar-se profissionalmente, e, Carrie, como sempre, envolvida com suas habituais crises emocionais com Mr. Big (Chris Noth) e, para dar uma apimentada no conflito, ressurge Aidan (John Corbett), um amor do passado.
História há muito pouca - todo aquele envolvimento presente na série e no primeiro filme dão lugar ao visual, às paisagens e aos figurinos. Mais cômica do que dramática, a fita é quase que dedicada exclusivamente ao público feminino, exibindo homens semi-nus, uma centena de roupas que vão do inovador ao esquisito, um festival de cabelos e maquiagens que mudam a cada cena, além das boas e velhas confusões em que se envolvem o quarteto de amigas. De duração longa (146 minutos), o filme não pesa no relógio, entretém e faz rir bastante. É válido pela nostalgia da série em si, como trama deixa um pouco a desejar.

AEROSMITH: COCKED, LOCKED, READY TO ROCK!

Nesta aquinta-feira, 27 de maio, Porto Alegre foi o palco do primeiro dos dois únicos shows da lendária banda de Rock Aerosmith no Brasil. A cidade foi contemplada, junto a São Paulo, somente graças ao cancelamento do show que seria realizado em Buenos Aires. Foi uma sorte sem precedentes: a banda não se apresentava em terras tupiniquins desde 1994, quando esteve no já extinto Hollywood Rock. Em Porto Alegre, é sua primeira vez.
Formada por Steven Tyler (vocal), Joe Perry (primeira guitarra), Brad Whitford (segunda guitarra), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria), a banda teve início em 1969 e, mesmo após altos e baixos, términos e separações, brigas e barras pesadas com drogas, continua unida em sua formação original. Esta apresentação foi uma oportunidade única para matar saudades da banda, sumida do meio musical desde Honkin' On Bobo, de 2004, e de conferir um espetáculo memorável promovido por um dos maiores conjuntos de rock 'n' roll de todos os tempos.
O estacionamento da Fiergs foi o palco da apresentação para algo (estimo eu) em torno de 20 mil pessoas, em um dia típico do inverno gaúcho. A chuva fina que caiu durante quase todo o espetáculo incomodou, e não foi pior pois a temperatura amena de 18 graus não deixou o frio tomar conta do público. A banda entrou pontualmente às 22h00 e executou a apresentação com duração exata de duas horas. Quando a bandeira negra com o símbolo do Aerosmith foi removida, revelando o palco que cobria, iniciou-se o show com um repertório formado por grandes sucessos, clássicos e baladas da turma de Steven Tyler.
Love In An Elevator foi a primeira, seguida de Mama Kin, Falling In Love (Is Hard On The Knees) e Pink. Neste momento a platéia já estava em transe, quando veio a balada arrasadora Dream On em um dos momentos mais bonitos do show. Livin' On The Edge veio em seguida e, na sequência, uma pausa para resolução de dificuldades técnicas. Em menos de 5 minutos, a banda já executava Jaded no palco. Deste ponto em diante a minha memória já não lembra a ordem certa, mas foram apresentadas Rag Doll, as baladas Crazy, Cryin', I Don't Want To Miss A Thing (possivelmente o refrão mais cantado pela platéia) e a bela What It Takes, do álbum Pump, com direito ao vocal desencontrado e desafinado do público, em um momento que o vocalista bocudo resolveu brincar um pouco com os fãs.
A banda apresentou um bloquinho de blues, onde o guitarrista Joe Perry assumiu parte dos vocais e os instrumentos falaram mais alto, mostrando a competência musical dos artistas. Os clássicos tomaram conta da parte final: Sweet Emotion e Draw The Line para fechar, seguido de um bis que teve Walk This Way e Train Kept A Rollin'. De um modo geral, a banda está em plena forma, mesmo depois de 40 anos de estrada. O entrosamento parece ótimo, deixando de lado as brigas pelas quais os músicos quase se separaram no ano passado, e Tyler está cantando em sua plenitude - o vocalista, muito carismático, arranha seus "Oi Porto Alegre", "E aí gaúchos?", além do clássico "Obrigado". Pode-se dizer que foi um excelente show, uma excelente noite, uma excelente organização e produção - enquanto for assim, que o rock 'n' roll possa durar para sempre!

terça-feira, 25 de maio de 2010

CINEMA: OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES

Co-produção entre Suécia, Dinamarca, Alemanha e Noruega, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (Män Som Hatar Kvinnor) é a versão cinematográfica do primeiro livro da Triologia Millennium, escrita pelo jornalista investigativo Stieg Larsson pouco tempo antes de sua morte. Sucesso na Europa, o livro de Larsson serviu de inspiração para este thriller policial e de suspense e chamou atualmente a atenção dos estúdios hollywoodianos, interessados em refilmar a obra a sua maneira.
A trama inicia com a busca por Harriet Vanger (Ewa Fröling), uma moça desaparecida nos anos 60, aos 16 anos. Desde então, durante todos esses anos, seu tio Henrik (Sven-Bertil Taube) vem recebendo quadros com flores, que acredita serem presentes do assassino da moça. Com todas as buscas já feitas e ainda sem respostas, Henrik contrata, como última alternativa, os seviços de Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), um jornalista investigativo de muito prestígio que está enfrentando um processo por difamação de uma grande empresa. Mikael penetra então em um mundo de segredos familiares, onde crimes violentos de cunho racial, religioso e sexual acabam por vir à tona. Em parceria com a perturbada hacker Lisbeth Salander (Noomi Rapace), o jornalista se envolve em um jogo perigoso de perseguição, onde as pistas do crime o levam cada vez mais para perto da morte.
Dirigido pelo dinamarquês Niels Arden Oplev, o thriller é uma boa obra de mistério - consegue envolver o espectador com sua história, sem necessitar de um festival de efeitos especiais ou de ação incessante. Com um toque característico do bom cinema europeu, a trama é direta e o espectador não é poupado dos diálogos fortes e das cenas chocantes. O final justo e surpreendente permite que a fita agrade os apreciadores de histórias policiais e de investigação. Resta saber no que se tornará se os direitos do livro cairem mesmo nas mãos de Hollywood...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

LOST: PERDIDO PARA SEMPRE?

Definitivamente o fim. Neste domingo foi ao ar o tão aguardado final preparado para os sobreviventes do voo Oceanic 815. Depois de 6 anos, Lost terminou. Muitas perguntas ficaram no ar e agora é tarde para mais respostas.
É impossível negar que Lost foi a série da década: assim como Arquivo-X esteve para os anos 90, a saga dos náufragos da ilha misteriosa, no ar desde 2004, foi um fenômeno dentro e fora da televisão. Lost bombou na mídia, nos jogos, nas rodas de conversas e, sobretudo, na Internet. Teorias, desfechos e soluções foram dadas para resolver os segredos da ilha e seus fenômenos inexplicáveis. O capítulo final, veiculado com o adequado título de The End (O Fim), era aguardado desde o anúncio do final da série (em 2007) por uma legião de fãs e curiosos, na esperança de respostas para uma infinidade de questões.
Em termos de respostas, muito pouco foi dado: os mistérios da ilha continuam sem explicação - para a indignação de muitos, diversas dessas explicações ficarão a critério da imaginação e da interpretação de cada um. Este episódio final, com duração em torno de 110 minutos, tem em sua primeira metade o mais do mesmo que a série vinha mostrando nesta sexta e última temporada: enrolação e preparação para um clímax. Na segunda metade, sobretudo na última meia hora, a trama começa a correr efetivamente e passa a ter ares de final. Não se pode dizer que a série ficou sem seu final - que pode não ter sido elucidativo, mas ainda assim foi fechado, certeiro e, sob certo ângulo, emocionante e até bonito, onde a melhor solução encontrada foi a distração.
Distração. Na ausência de uma explicação plausível que pudesse justificar a teia de absurdos cultivada em 6 anos de show, a saída foi desviar o foco da audiência. A ilha continuou a ser o palco da ação principal, mas a criação dos chamados flash-sidewyas (algo como realidades paralelas), aparentemente sem pé nem cabeça no contexto inicial, foram tornando-se instigantes e chamando cada vez mais a atenção para si. Desde a aparição dos flash-sideways, os produtotes haviam anunciado que a relação dessas realidades com a história na ilha seria o grande mote da temporada e, consequentemente, do final da série, uma das poucas promessas que foi efetivamente cumprida. Muitas das respostas sobre a ilha ficaram no ar, perdidas com ela no meio do oceano. O desfecho da trama, embora pouco surpreendente, foi armado de forma tão tocante e bela que, naquele momento não sobrou espaço para indignação ou perguntas. O que ficou foi uma sensação de saudade e despedida, com uma pontinha de tristeza. Foi como uma etapa concluída, o fim de uma brincadeira que durou por 6 anos e uma despedida que, além de tardia, era necessária. E mais: uma bela demonstração da mágica da distração, onde não é preciso explicar nada quando se sabe desviar os olhos alheios para o lado. Que Lost descanse em paz, pois as perguntas continuarão a incomodar por muito tempo.

domingo, 23 de maio de 2010

LOST: ESTÁ CHEGANDO A HORA!

É chegada a grande hora! Esta noite a rede de TV americana ABC leva ao ar o episódio final de Lost, uma das séries mais instigantes e misteriosas (e enroladoras) de todos os tempos. Com o título The End (Parts 1 e 2), o episódio duplo contará com 2 horas de duração e corresponderá aos 17° e 18° capítulos da 6ª e última temporada. Por fim o público descobrirá o desfecho da história dos passageiros do vôo Oceanic 815 que, infortunadamente, caiu naquela misteriosa ilha, habitat de ursos polares, fumaças assassinas, milagres e fenômenos inexplicáveis.
A expectativa é alta para saber quais rumos a história e seus personagens tomarão em seus últimos momentos no ar, mas baixa no que diz respeito às explicações de toda a teia de mistérios e perguntas que a série teceu no decorrer dos seus 6 anos. Há pistas, comentários e conspirações que sugerem que muito do que se vem perguntando não será respondido, o que provocará a indignação de muita gente. Agora, é contar os minutos e conferir o que ainda está por vir. A sorte está lançada!

CINEMA: FÚRIA DE TITÃS

Mais um título da atual onda de reciclagem do cinema dos anos 80, Fúria De Titãs (Clash Of The Titans, 2010) traz às telas a saga do titã Perseu (Sam Worthington, o protagonista de Avatar), filho do deus Zeus com uma mortal. Sua missão é impedir que os deuses do Olympo destruam a humanidade, que neles deixou de acreditar. A premissa é uma deixa para sequências de lutas contras criaturas sinistras, expedições a locais aterrorizantes e encontros com deuses e monstros da mitologia grega.
Longe de honrar o original de 1981, Fúria De Titãs é um filmezinho de fantasia e aventura não mais que mediano - não chega a ser o lixo que a crítica anda pintando, tampouco uma grande coisa. Para quem assistiu recentemente a Percy Jackson E O Ladrão De Raios, vai achar Fúria De Titãs bem parecido, pela repetição de personagens e de situações. No fim das contas, os dois não deixam de ser equivalentes - enquanto o primeiro navega na onda infanto-juvenil no estilo Hary Potter, este apela para o cinema-catástrofe e para a ação fantasiosa, inspirando-se em franquias como A Múmia.
Dirigida por Louis Leterrier (o mesmo de Cão De Briga e do mais recente O Incrível Hulk), a releitura traz benefícios ao espectador no sentido auditivo e visual, sobretudo no que toca os efeitos especiais. No resto, a história é fraca e de um filme deste naipe não há como se esperar grandes diálogos ou interpretações, mesmo com a participação de bons atores como Liam Neeson (Zeus) e Ralph Fiennes (Hades). A desculpa do uso da tecnologia 3D para ampliar o realismo da fita aqui é pura balela: não há praticamente nada 3D! A única diferença que se nota é nas legendas, nos créditos finais e no bolso, onde acaba pesando quase o dobro de uma projeção convencional para se ter as mesmas impressões.

FRINGE: SEASON 2 FINALE

O impossível e o absurdo são as peças-chaves para o quebra-cabeças de mistério apresentado em Fringe. Primo próximo de Arquivo-X, Fringe mostra o dia-a-dia de uma divisão do FBI que investiga fenômenos e eventos inexplicáveis relacionados à ciência, tendo como consultores um cientista literalmente louco e seu filho, de passado duvidoso. Em seu segundo ano, a série reduziu o número de eventos isolados e focou-se no enredo principal da temporada: a revelação de um universo paralelo, quase idêntico ao nosso, onde existem cópias de tudo e de todos - e este foi o fio condutor do fim da temporada, dividido em duas partes, cuja segunda parte foi ao ar nesta última quinta-feira, dia 20.
Passados quase que 100% no universo chamado de alternativo, os episódios se concentraram no retorno de Peter Bishop (Joshua Jackson) ao seu universo de origem e nos esforços empregados por seu pai, Walter (John Noble), e pela agente Olivia Dunhan (Anna Torv) em prol do seu resgate. Com o retorno de Kirk Acevedo na pele do agente Charlie Francis alternativo e mais uma participação especialíssima do eterno Capitão Spock Leonard Nimoy no papel de William Bell, Over There, Parts 1 & 2 respondeu a mais algumas perguntas que estavam no ar e criou tensão ao pôr frente a frente os personagens com seus eus alternativos, além de promover o tão esperado reencontro de Walter Bishop com William Bell.
Fringe teve uma segunda temporada ainda mais interessante que a anterior e sua história tornou-se mais coesa. Sabendo lidar com o absurdo de forma inteligível e sem abusar da paciência do espectador, a série deu respostas diretas e plausíveis aos mistérios, injetou drama e deixou um gancho magnífico para a continuação na próxima temporada, já garantida, mas sem data de início ainda definida.

sábado, 22 de maio de 2010

BROTHERS AND SISTERS, NOVAMENTE NA ESTRADA

Os finais felizes têm passado longe dos fechamentos de temporada nesta fall season. Brothers And Sisters, por conta de uma única cena, teve o clímax mais emocionante, triste e desesperador de todos os seus 4 anos no ar, conseguindo superar cânceres, abortos, problemas com drogas, separações, falências e tantas outras tragédias que já tremeram as bases da matriarca Nora Walker (Sally Field) e de seus 5 filhos.
On The Road Again (Novamente Na Estrada) foi morno em sua essência e derrubou algumas situações dramáticas esperadas para este final de temporada. Teve seu ponto alto somente em seus minutos finais, revelando o tão esperado segredo escondido em Narrow Lake e a cena conclusiva, que por enquanto não vale a pena comentar, sob pena de estragar a surpresa de quem ainda não assistiu. Os acontecimentos deste episódio, somados à chegada do bebê de Kevin (Matthew Rhys) e Scotty (Luke Macfarlane) serão os pilares da próxima temporada, envolvendo direta ou indiretamente cada integrante da família Walker e seus respectivos agregados.
O que se espera é um recomeço bem triste, sempre com os altos e baixos já característicos. A campanha de Kitty (Calista Flockhart) ao senado deverá ser o assunto central na parte política da série, agora que seu marido e senador Robert McCallister (Rob Lowe) está saindo - Lowe alegou pouca participação de seu personagem na trama e, segundo rumores, está migrando em caráter definitivo para Parks And Recreation. Vamos colocar os lenços para secar, pois na próxima temporada os Walker, uma das famílias mais queridas das séries atuais, virão com uma nova carga de mazelas para provocar ainda mais lágrimas na audiência.

DESPERATE HOUSEWIVES: DESPEDIDAS DESESPERADAS

Embora caracterizada pela auto-repetição, Desperate Housewives conseguiu apresentar uma das melhores entre suas, até agora, 6 temporadas. A estrutura da série não mudou, tampouco a louca vida das donas de casa mais famosas da TV, porém, as tramas costuradas em Wisteria Lane desta vez foram mais tensas, mais dramáticas e trouxeram consequências mais sérias.
Dois foram os pontos altos da temporada: a chegada da misteriosa família de Angie Bolen (Drea de Matteo) e os ataques do estrangulador de mulheres. No meio das costumeiras bobeiras do quarteto Susan (Teri Hatcher), Lynette (Felicity Huffman), Bree (Marcia Cross) e Gabrielle (Eva Longoria Parker) sobrou um bom espaço para suspense e mistério. A opção da produção por concentrar o desfecho dos arcos principais da temporada nos 3-4 últimos capítulos, como revelar Eddie (Josh Zuckerman) sendo o estrangulador de mulheres, trazer o vilão Patrick Logan (John Barrowman) de volta à vida de Angie, forçar o confronto de Bree com Sam (Sam Page) - o filho bastardo de seu falecido marido - e abalar as estruturas financeiras na casa de Susan e Mike (James Denton) trouxe um gás a esta reta final, trocando os mistérios pelas expectativas.
Entitulado I Guess This Is Goodbye (algo traduzido como Acho Que Isto É Um Adeus), o capítulo derradeiro da fall season 2009/2010 foi efetivamente um festival de despedidas. Infelizmente, os rumos da história obrigaram a saída de Angie, Nick (Jeffrey Nordling) e Danny Bolen (Beau Mirchoff), uma das famílias passageiras mais instigantes e apimentadas que já pisaram na rua das desesperadas. A temporada ainda levou Wisteria Lane, durante o avanço dos episódios, a dizer adeus ao ex-marido de Susan - Karl (Richard Burgi) -, à biruta Katherine (Dana Delany) e, em sua reta final, a Orson (Kyle MacLachlan) e ao próprio casal Mike/Susan. Alguns deles em breve voltarão a habitar aquela rua ensolarada onde os vizinhos se cumprimentam pela janela, alguns não mais. Figuras do passado estão retornando e já mostraram a cara, sem revelar ao certo quais seus verdadeiros objetivos. Novos personagens ainda chegarão, como a vilã já anunciada para Vanessa Williams, mas isso tudo só saberemos a partir de 26 de setembro, no episódio inaugural do 7° ano da série, ainda sem título definido.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O FIM DA 1ª TEMPORADA DE "V"

Após uma premiére recordista, a ponto de bater a estreia de Lost de 2004, V foi perdendo audiência, fato que se agravou após o retorno de um hiato de 3 meses. Mesmo com um alto custo de produção, ainda assim a rede americana ABC deu a preferência de permanência à série em sua grade de programação, optando pelo cancelamento de FlashForward.
Na última terça-feira, 18 de maio, foi ao ar o encerramento da 1ª temporada deste remake de ficção científica, que narra a invasão da Terra por visitantes de outro planeta. Parece que finalmente a história começou a acontecer, depois de 12 mornos episódios só de preparo.
A malvada Anna (Morena Baccarin) foi responsável por uma quantidade razoável de mortes e maldades ocorridas nesta reta inicial, em prol do objetivo maior de invasão da Terra - a cada investida, a baixeza de seu caráter se tornava mais evidente, a ponto de mandar quebrar as pernas da própria filha Lisa (Laura Vandervoort) ou de aplicar uma injeção letal em Val (Lourdes Benedicto) logo após a moça dar à luz ao bebê híbrido, metade humano/metade V. Pelas mãos de Anna foi dado também o comando de início da invasão, veiculado neste último episódio, entitulado Red Sky (Céu Vermelho).
Quanto aos mocinhos da trama, restou-lhes uma sucessão de pequenas conquistas e grandes derrotas e a promessa de traições e novas alianças. O acordo de Kyle Hobbes (Charles Mesure) com os V's, a virada a favor dos humanos feita por Lisa e a descoberta feita pelo insosso repórter Chad Decker (Scott Wolf) foram as grandes revelações deste final de temporada, que servirão de guia para a próxima fall season. Com a eminência da invasão, a expectativa será grande na continuação da série, quando finalmente os planos serão revelados, um rastro de sangue e destruição assolará nosso querido planeta e finalmente as máscaras cairão, revelando a horrível e escamosa pele de lagarto dos visitantes.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO? A SENTENÇA FINAL DE DAMAGES

Quem tem medo de Patty Hewes?
Na minha modesta opinião, Damages, dada como encerrada, foi uma das melhores séries, senão a melhor, que surgiu nos últimos tempos na televisão americana. O conjunto de atuações perfeitas, tramas instigantes e bem amarradas, diálogos inteligentes e personagens que se ama ou que se odeia formou uma composição tão perfeita que vai ser difícil surgir algo no mesmo nível tão de imediato. Uma coisa foi verdade: a série era lenta e, apesar de cheia de crimes e suspense, a ação era escassa e o que se exercitava, na verdade, era o pensamento, a dedução e a expectativa.
Com Glenn Close encabeçando o elenco na pele da inescrupulosa e poderosa advogada novaiorquina Patty Hewes (um ícone adorável do mal que vai ficar marcado na memória televisiva), a série apresentou, durante suas três temporadas, casos jurídicos extremamente complexos e cheios de pontas soltas, envolvendo crimes, violência, escândalos e mentiras. Nesse universo valia tudo, fosse roubar ou até matar, sem importar de que lado se estava. Ao lado de Patty atuavam seu braço direito Tom Shayes (Tate Donovan) e a novata Ellen Parsons (Rose Byrne), advogada recém formada e ambiciosa, por quem Patty sempre nutriu certa admiração, apesar dos constantes confrontos diretos entre as duas. Dramas pessoais e profissionais, além de conflitos de caráter dos personagens foram sempre levantados e abordados na série, mostrando outras faces dessas pessoas e enriquecendo ainda mais a trama.
A terceira temporada, terminada há algumas semanas nos EUA, foi um trabalho fantástico, quase equiparado com o primeiro ano, causador de um impacto tremendo. No mesmo formato dos anos anteriores, onde a história se passava em um tempo e vez ou outra eram mostrados fragmentos de um futuro próximo (poucas semanas ou meses à frente), a tensão aumentava com o avanço da temporada, onde esses fragmentos passavam a ser melhor explorados e a se encaixar com os fatos do tempo atual, muitas vezes enganando a audiência, que pensava saber a explicação, mas se deparava outra totalmente surpreendente. Como precaução, a produção tratou, além de resolver esta temporada, de amarrar todas as pontas soltas dos anos interiores e deixar a história às claras, com todos os mistérios explicados e o fim de cada personagem definido. Figuras do passado, como o salafrário Arthur Frobisher (Ted Danson, em mais uma grata aparição) também retornaram para cumprir suas partes.
Na cena final, uma pergunta ficou no ar entre Patty e Ellen: "Valeu a pena?". Para nós, fãs, valeu... E, poucos dias depois, a notícia sobre o cancelamento.
Embora ainda haja um pequeno fio de esperança da série ser abraçada por outra emissora, o canal FX já a deu por cancelada. O motivo do cancelamento foi o de quase sempre: baixa audiência. Ainda assim, há uma campanha bem forte na Internet, promovida por fãs, em prol do show - entitulada "savedamages", a campanha invadiu o Twitter, o Orkut e outras redes sociais. Há quem queira incondicionalmente o retorno da série, há quem tenha receio de queda da qualidade, achando melhor deixá-la encerrada em grande estilo. Ainda assim, a decisão sobre o futuro de Patty Hewes continua uma incógnita, desta vez a ser resolvida não nos grandes tribunais, mas sim nas rodas dos grandes executivos da TV.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

CINEMA: ROBIN HOOD

Evite comparações deste Robin Hood (Robin Hood, 2010) com aquele de 1991, estrelado por Kevin Costner. Sim, o personagem é o mesmo, a história até é a mesma, porém, esta versão atual de Ridley Scott narra o surgimento do contraditório herói, aquele conhecido por tirar dos ricos para dar aos pobres.
Russell Crowe (parceiro do diretor em outros títulos como Gladiador e Rede De Mentiras) vive o protagonista, desde o soldado Robin Longstride até o forjado Robert Loxley, para finalmente tomar sua definitiva identidade junto à lenda que o cerca. Cate Blanchett (Elizabeth, O Senhor Dos Anéis) é Lady Marion, uma camponesa sem papas na língua e uma mulher visionária, atrevida demais para seu tempo. Seu envolvimento com Robin é de primeira importância para a evolução da história, que se passa logo após as cruzadas do violento Rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), onde o soberano é abatido em combate e seu trono é assumido por seu irmão João (Oscar Isaac), um tirano e injusto rei que, ao dispensar os serviços do fiel William Marshal (William Hurt, em um papel pequeno) cede o posto de conselheiro ao nefasto Godfrey (Mark Strong), um traidor que planeja instaurar uma guerra civil na Inglaterra entre a realeza e o povo, facilitando um ataque surpresa em conluio com o exército francês.
A arena da história que Scott tem para nos mostrar é um espetáculo de imagens, batalhas perfeitamente produzidas, cenários e figurinos perfeitos que remetem para a Inglaterra do século XII, efeitos sonoros ensurdecedores (ou era o som do cinema que estava desregulado) e uma boa trama que, apesar de longa, não deve ser recebida com cansaço ou preguiça. O roteiro contém alguns clichezinhos típicos de filmes de batalhas, como a caracterização piegas de Robin enquanto líder e a incursão do elenco na íntegra durante a luta, onde não faltam crianças e mulheres que sempre conseguem ir escondidas e, mesmo sem preparo algum, ainda vencem qualquer duelo. No mais, o filme se sai muito bem e termina na hora certa.
Se foi proposital ou não, a fita tem passagens que nos servem de metáfora e nos permitem traçar paralelos com nossos tempos. Basta observar as atitudes da coroa para com seus súditos, as motivações das batalhas e os absurdos cometidos em nome da igreja e em nome do rei. É, os tempos mudaram, mas o caráter humano, muito pouco: os pobres continuam sofrendo com fome e opressão, as guerras continuam matando aos milhares, mas agora com bombas e morteiros, as nações continuam querendo engolir umas às outras, mas com estratégias muito mais elaboradas do que séculos atrás. E os governantes... Esses continuam fazendo o que bem entendem, mentindo descaradamente e achando, assim como os reis antigos, que estão acima até mesmo de Deus. É pra rir ou pra chorar?

A 2ª TEMPORADA DE UNITED STATES OF TARA

Personalidades múltiplas: esta parece ser a única aflição na vida de Tara Gregson (Toni Collette) e de sua família. Com tal premissa, United States Of Tara fez uma bela temporada de apresentação em 2009 e agora está em exibição de seu segundo ano nos EUA. Com o humor negro como aliado, as desventuras dessa dona de casa cheia de alter egos chocam e divertem ao mesmo tempo, sem poupar críticas à sociedade e à estrutura familiar dos dias de hoje.
Veiculada no canal Showtime, um canal adulto que exibe suas séries somente após um determinado horário da noite, Tara tem boas doses de sexo, palavrões e situações polêmicas, o que auxilia no desenvolvimento de seus personagens. Tara parece ser a problemática da casa, mas outras impressões surgem quanto entram em cena seu marido dedicado e de pavio curto Max (John Corbett, de Casamento Grego e da série Sex And The City), sua tresloucada irmã Charmaine (Rosemarie DeWitt) e seu casal de filhos adolescentes, formado pela indecisa e malvada Kate (Brie Larson) e pelo sexualmente confuso Marshall (Keir Gilchrist).
Se no primeiro ano Tara já sofria ao lidar com o veterano de guerra Buck, a vadia adolescente T., a dona de casa à moda antiga Alice e o selvagem Gimmy, agora a psicóloga riponga Sooshanna surge para dividir o espaço na mente da protagonista e, pior, para tratar a ela mesma do distúrbio - parece confuso, mas acaba sendo muito engraçado. Com a família cada vez mais em pandarecos (Max emocionalmente descontrolado, Charmaine noiva e grávida de outro homem, Kate encarnando uma princesa dos quadrinhos para ganhar dinheiro fácil e Max se descobrindo sexualmente com meninas e meninos), os alters de Tara fluem automaticamente a cada episódio, a cada conflito ou a cada hostilidade, o que, numa família como esta, não é nada difícil de acontecer. Resta acompanhar essa teia de confusões e torcer pela sanidade da nossa heroína e pela permanência desta divertida série no ar por mais um ano.

CINEMA: ANTES QUE O MUNDO ACABE

Um envelope pardo e uma disputa amorosa são as peças-chaves para a trama de Antes Que O Mundo Acabe (Brasil, 2009), uma incursão sutil e certeira no complexo universo da adolescência. Na fictícia Pedra Grande, no interior do Rio Grande do Sul, onde o meio de transporte predominante é a bicicleta, vive Daniel (Pedro Tergolina), um adolescente de 15 anos sem muitas ambições, cujo tempo divide entre as aulas no colégio católico, o melhor amigo Lucas (Eduardo Cardoso) e a namoradinha Mim (apelido para Jasmim, papel da atriz Bianca Menti). A vida do garoto começa a sacudir quando um envelope remetido da Tailândia chega para ele pelo correio, quase ao mesmo tempo em que Mim resolver lhe pedir um tempo, abrindo espaço para o amigo Lucas entrar na disputa pelo coração da garota.
Alguns eventos são desencadeados a partir desses episódios, e o modo com que Daniel passa a encarar o mundo e as pessoas a sua volta é a essência da história contada pela diretora Ana Luiza Azevedo, estreante em longas metragens. Forma-se então um jogo de atos, consequências e responsabilidades interessante e cativante. De forma simples e direta, o filme se desenrola e evolui com graça, divertindo e comovendo. Produzida pela Casa de Cinema de POA, a fita acerta o tom e transforma em um enredo criativo um tema tão comum e em parte já banalizado pelo cinema contemporâneo.
Com belas locações naturais e externas filmadas em Porto Alegre (destacando pontos famosos do Centro), além de uma trilha sonora "bacaninha", Antes Que O Mundo Acabe mostra o mundo sob o olhar destes jovens, com seus conflitos internos, seus becos sem saída, seus medos e suas indecisões, e comprova que ser jovem hoje em dia não é tão fácil quanto possa parecer. O elenco, formado por atores desconhecidos, dá um tempero extra na trama através de boas interpretações e passa em muitas cenas um ar familiar e nostálgico: impossível não se reconhecer em várias situações cotidianas que acontecem conosco constantemente, mas que chegam com outra graça na tela de cinema, quando aqui, delas somos os voyeurs. As cenas dramáticas são tiradas de eventos que nos soariam triviais, mas que na fita, bem trabalhados, ganham força. As cenas mais divertidas aparecem para fazer o equilíbrio, dentre as quais, a menina Maria Clara (Caroline Guedes), irmã caçula de Daniel, é a protagonista-mor.
Ponto para a equipe, que soube conduzir o bom roteiro, escrito pela diretora em parceria com Paulo Halm, baseado no livro homônimo de Marcelo Carneiro Da Cunha, sem introduzir reviravoltas surpreendentes, apelar para a polêmica ou para a comoção fácil, e ainda assim prender o espectador e agradá-lo em cheio.

terça-feira, 18 de maio de 2010

CINEMA: O IMAGINÁRIO MUNDO DO DR. PARNASSUS

O Imaginário Mundo Do Dr. Parnassus (The Imaginarium Of Doctor Parnassus, 2009) causa certo desconforto e estranheza a quem o assiste e levanta questões do tipo "o que estou fazendo aqui?" e "será que alguém está entendendo?". Antes de qualquer outro comentário, o filme é chato - com uma barreira de real X imaginário quebrada cada vez que os personagens atravessam um espelho falso colocado no palco onde se apresenta o decrépito Dr. Parnassus (Christopher Plummer) do título, forma-se uma confusão de quem é quem e do que está acontecendo na história.
A trama retrata a história do Dr. Parnassus, um homem com o poder de manipular a mente das pessoas. Séculos atrás ele fez uma aposta com o diabo (o cantor Tom Waits) cujo prêmio foi a vida eterna. Mais apostas vieram, e eis que Parnassus aposta a alma de sua filha Valentina (Lily Cole), perde e vê-se desesperado a tentar recuperá-la. Junto de Valentina e do jovem Anton (Andrew Garfield), Parnassus percorre as ruas de Londres com seu hoje fracassado show de encantamento, até que em uma noite deparam-se com Tony (Heath Ledger, o Coringa de O Cavaleiro Das Trevas), um homem enforcado embaixo de uma ponte. Após o salvamento, o misterioso Tony passa a integrar a trupe e suas habilidades de persuasão tornam-se essenciais na disputa do Dr. com o cínico diabo pela alma de Valentina. O grande mistério do filme encontra-se em compreender as verdadeiras intenções de cada personagem e saber separar o que é real do que é a mente do Dr. Parnassus - tarefa árdua que, por volta da metade do filme torna-se desistência e logo converte-se em prece para que os créditos subam logo.
Dirigido por Terry Gilliam (o mesmo de Os Irmãos Grimm), ex-integrante do grupo cômico Monty Python, o que mais chama a atenção para a fita é o fato de ela ter sido o último trabalho de Ledger e mais um item na coleção de má sorte e contratempos das produções que envolvem o diretor, cujo histórico com problemas é famoso no meio cinematográfico. Desta vez o problema foi bem grave, devido ao falecimento do ator durante as filmagens. Para contornar a situação, a saída encontrada foi substituí-lo nas cenas em que Tony penetra no mundo imaginário - um revezamento entre os tarimbados Jude Law, Johnny Depp e Collin Farrell - cujo resultado saiu confuso e desastroso.
De bacana mesmo, o filme possui boas interpretações e um visual bacana. Com ares ciganos e circenses, o figurino e os cenários são supreendentes, com uma beleza de cores e detalhes imagináveis apenas na mente do Dr. Parnassus. Eis um título que, por mais tentador que pareça o trailer e o cartaz, é melhor passar longe.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A DESPEDIDA DE NIP/TUCK

Ninguém pode acusar o produtor Ryan Murphy e sua equipe de produção em Nip/Tuck por falta de originalidade: a série conseguiu polemizar, chocar e ao mesmo tempo apresentar sob um ângulo no mínimo curioso o universo das relações interpessoais, tendo como pano de fundo uma clínica de cirurgia plástica. No ar desde 2003 e tendo como protagonistas a dupla de sócios/amigos/rivais/co-irmãos isseparáveis e icorrigíveis Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon), a trama dá adeus aos fãs neste início de 2010, em uma sequência que não se definiu ao certo ser a 7ª temporada ou a 6ª dividida em duas partes.
Ao contrário de muitas séries que são canceladas sem aviso prévio, Nip/Tuck já tivera seu final planejado durante a exibição da 5ª temporada, deixando tempo e ideias de sobra para os roteiristas e produtores planejarem o destino de seus personagens. Talvez por boa parte da equipe ter se debandado para a produção de Glee, a nova série de Murphy e uma das maiores sensações desta fall season, Nip/Tuck foi bastante prejudicada em sua reta final, principalmente no que disse respeito ao roteiro.
A falta de motivação e o sumiço longo de alguns dos personagens, as reviravoltas sem fim na trama e o grotesco em escalas superlativas causaram marasmo à série e produziram episódios totalmente desnecessários, onde nada acontecia e nada contribuia para dar qualquer rumo à história. Figuras antes importantes, como a inconstante Kimber (Kelly Carlson), o filho problemático Matt (John Hensley) e a própria Dra. Liz Cruz (Roma Maffia) mudaram tanto em tão curto tempo que se tornaram estorvos ao invés de pivôs de algo mais importante. Julia (Joely Richardson), que um dia fora o terceiro nome do elenco, simplesmente não existiu nos últimos dois anos da série: apareceu vez ou outra só para incendiar, causar desconforto na trama e sumir na cena seguinte. E, quanto os protagonistas, tornaram-se algo próximo de um casal de meia-idade com crise no casamento, brigando por qualquer bobagem e reatando para voltar a brigar de novo...
Pode-se dizer que depois de 7 anos, o final da série veio tardio. O longo hiato da 5ª temporada teria sido suficiente para o planejamento de um final no mínimo mais digno e melhor resolvido, sem a necessidade de uma longa espera e de uma longa enrolação. A conclusão da trama terminou não sendo boa para quase ninguém, mas, após tantas desventuras, não tinha como ser diferente. Como mérito louvável, foi selado o destino de cada um dos personagens e reforçados os laços de afeto que tanto os ligaram e separaram no decorrer de todo esse tempo, sempre envolvendo o flerte com o bizarro, com a pornografia, com a violência e com o que havia de mais sombrio no ser humano, onde o limite sempre foi a imaginação.

domingo, 16 de maio de 2010

CINEMA: TUDO PODE DAR CERTO

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009), o mais recente filme de Woody Allen (responsável aqui pelo roteiro e pela direção), traz o comediante Larry David no papel de Boris, um velho solitário e ranzinza. Boris se julga uma mente privilegiada e, com uma carga colossal de mau humor e intolerância, ele é desprovido de qualquer pudor ou trava na língua quando o negócio é criticar ou ofender diretamente as pessoas, sejam adultos ou crianças - sua estupidez é tão ácida que chega a ser engraçada em diversas passagens. O que Boris não contava era com a chegada de Melody (Evan Rachel Wood) em sua vida.
Melody, por sua vez, é uma pós-adolescente simplória e de miolo mole. Fugida das garras da mãe dominadora (Marietta, vivida por Patricia Clarkson, presença constante nos filmes de Allen), a moça vem do interior para se aventurar na cidade grande e é justamente aí que seu caminho se cruza com o de Boris. A química que surge entre os dois, mesmo que inusitada, causa diálogos divertidíssimos, irônicos e com um quê de inteligência, outra marca característica da carreira do diretor. Contar o segmento da história seria estragar a surpresa para quem ainda não assistiu, mas pode-se dizer que são consideráveis as mudanças dadas na trama.
Longe de ser um dos melhores filmes de Allen, mesmo dentre os mais recentes, Tudo Pode Dar Certo é mediano e se salva pelo fator cômico da trama. Embora o diretor cultive um teor cômico bobo, às vezes cedendo espaço ao pastelão e ao absurdo, muito de seu trabalho se deve à repetição de fórmula, algo que tem dado certo até hoje. Nas poucas escapadas do formato, o diretor se saiu bem, mas é no chão da comédia que ele parece ainda mais à vontade. E, aqui, apesar da simplicidade da fita, pode-se considerar bem contada sua visão sobre mudanças de atitudes e suas devidas consequências.

SUPERNATURAL: O FINAL DA 5ª TEMPORADA

Era para ser o final definitivo da saga dos irmãos Winchester - tão verdade é que, após o anúncio de renovação para uma 6ª temporada, o produtor e criador da série Eric Kripke pulou fora do barco. Deste ponto em diante, será o que Deus quiser, ou, para entrar no contexto atual da série, o que o diabo quiser...
Desde o início da temporada tudo levava a crer que em maio deste ano o Impala preto 1971 finalmente descansaria em paz na garagem, mas os bons índices de audiência, a legião crescente de fãs da série e a máxima sempre válida no show business de "sugar tudo até a última gota", levaram os executivos do canal CW a renová-la por mais um ano, mesmo com os rumos da história apontando para um final a partir do qual se tornaria bem difícil retomá-la. Na verdade, Supernatural estava empacada em um mesmo tema há pelo menos 3 temporadas: foi-se o tempo em que haviam episódios isolados da trama principal e que os irmãos se deparavam com criaturas e monstros sobrenaturais diferentes de demônios ou anjos. Criou-se desde lá um universo céu-inferno cheio de criaturas ambíguas, lugares inimagináveis, fronteiras tênues entre a vida e a morte e situações tempo-espaço difíceis de se compreender. A cada temporada, a série estava se tornando uma encheção constante de linguiça, o que provou sua mais recente fall season, encerrada nesta última quinta-feira.
Tamanhos foram os artifícios empregados na produção para não terminar a série de acordo com o planejado e deixar gordura para queimar por pelo menos mais um ano, que houve uma série de episódios desnecessários e de títulos desconexos, com tramas e personagens enxertados à força para atrasar o desenlace dos destinos dos irmãos Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles) Winchester. As participações mais constantes do amigo Bob (Jim Beaver) e do anjo Castiel (Misha Collins), embora muito bem-vindas, contribuiram com novas tramas paralelas que mais ajudaram a enrolar o desenvolvimento da temporada do que a evoluir. No fim das contas, obteve-se um saldo positivo, com um final satisfatório e um gancho no mínimo interessante para stembro/outubro próximo. O receio maior vem do que será feito com isso e de quanto mais a série vai segurar firme até sair de controle e permanecer no ar apenas para faturar. O histórico de sua co-irmã Smallville, rumando para uma 10ª temporada, dá pistas do que pode acontecer, mas agora é hora de descansar a cabeça de tantos anjos e demônios e rezar para a próxima fall nos trazer boas novas.

sábado, 15 de maio de 2010

CINEMA: CHICO XAVIER

Brasil, o país com a maior população de espíritas do mundo, tem na figura do médium Chico Xavier (1910 - 2002) seu maior representante. A cinebiografia entitulada Chico Xavier (2010) e dirigida por Daniel Filho faz um apanhado geral sobre a vida e a trajetória do mineiro, desde sua sofrida infância até seu reconhecimento como o maior médium que o país já conheceu, tendo publicado mais de 400 obras psicografadas.
Nos moldes tradicionais de toda adaptação biográfica, a história contada por Daniel Filho mostra Chico Xavier em 3 fases de sua trajetória: quando criança (o ator mirim Matheus Costa), quando jovem adulto (Ângelo Antônio, a melhor das 3 interpretações) e na etapa mais madura de sua vida (Nelson Xavier). Amparada por um elenco estrelar da Rede Globo, a fita calça a narrativa sobre duas entrevistas dadas por Chico em 1971 no programa Pinga-Fogo, da extinta TV Tupi. Há espaço ainda para retratar suas primeiras experiências mediúnicas, o preconceito sofrido pelo espiritismo, a caridade por Chico praticada (o auxílio aos pobres e o consolo dado através de psicografias para pessoas desoladas pela morte de entes queridos) e sua relação com o espírito Emmanuel (André Dias), seu mentor.
Não há como negar que o filme, de certa forma, celebra o espiritismo, mas seria impossível separar a doutrina da história do médium. De qualquer forma, a narrativa é desenvolvida em um nível de fácil entendimento, o tom do drama não é apelativo ou sobrenatural, chegando a ser abrandado com alívios cômicos em algumas partes, para, além de contar a história, também divertir a audiência: tudo foi meticulosamente ajustado para o formato família, para agradar da criança à vovó. Sem julgar o teor propositadamente comercial, o filme tem o seu valor e é no mínimo interessante como biografia e homenagem respeitosa à memória do grande ser humano que foi Chico Xavier, independente de crenças ou intenções.