terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL

Queridos leitores e visitantes:

Desejo a todos um Feliz Natal! Que Papai Noel lhes traga muitos presentes e muitas alegrias. Que possamos vivenciar o espírito natalino além do consumismo, além da festa e além das decorações - e não me refiro somente ao sentido religioso, que bate mais forte em quem é cristão, mas também por estarmos em uma época de olhar mais para o lado, de ajudar ou dar uma atenção a quem esteja precisando, segurar uma mão, lançar um olhar carinhoso ou um sorriso, perdoar.
É época para se fazer o balanço do ano, refletir o que se fez, o que não se fez, o que se quer ou não fazer para o ano seguinte. É uma época de esquecimento ou planejamento. É também uma época de gratidão, de satisfação ou arrependimento pelos últimos 365 dias vividos. Então, é Natal (em uma menção à sempre confirmada música cantada pela cantora Simone).
Em uma semana praticamente sem estréias no cinema, com as séries nossas de cada dia em hiato até janeiro ou além e em meio a festividades, correrias de última hora e alguns assuntos importantes que tenho para resolver, o blog deve ficar parado por uns dias, mas assim que surgir assunto, cá estarei eu escrevendo, e muito satisfeito se tiver o privilégio de continuar a ser lido! Continuem ligados que eu ainda volto em 2009, nem que seja para fazer um balanço do que bombou por aqui nesta nova fase do blog...

Mauricio (Natal/2009).

domingo, 20 de dezembro de 2009

AVATAR

Inovador, impressionante, interessante, envolvente. Estes são alguns dos predicados de Avatar (Avatar, 2009), estréia deste final de semana e uma das grandes estréias do ano - senão a maior.
O diretor James Cameron, o mesmo de Titanic, Aliens - O Resgate e dos dois primeiros filmes da franquia O Exterminador Do Futuro, trabalhou 15 anos em cima do projeto de Avatar e atravessou a barreira dos 400 milhões de dólares em gastos de produção, quebrando um recorde que já era seu desde Titanic. Mas não nos prendamos somente em números e reputação, pois a fita merece crédito: contém uma história envolvente (embora com um certo ar clichê), roteiro coerente, drama, crítica e ação dosados na medida certa, sem contar o fator tecnológico de cair o queixo - desde o som até os efeitos especiais, tudo é perfeito nos mínimos detalhes, o que justifica a longa demora de produção, devido à espera de uma tecnologia propícia para a realização do projeto exatamente como o perfeccionista diretor queria.
A trama de Avatar transita entre dois mundos: o real e o virtual. O ano é 2154. A Terra está totalmente devastada devido à falta de recursos naturais. A humanidade ultrapassou as barreiras do universo e passa a colonizar e habitar novos planetas. A história se passa no planeta Pandora, onde um grupo formado por corporações, militares e cientistas explora um minério localizado no subsolo. Pandora é habitado por uma raça humanóide selvagem denominada Na'vi - uma espécie gigante azul com ares felinos, o maior empecilho para a exploração do tal minério. Para realizar a aproximação com o povo, cientistas criaram avatares da raça, espécies de clones concebidos através de criogenia e controlados mentalmente por seres humanos a eles conectados por um tipo de aparelho telepático. É aí que entra na história o soldado Jake Sully (Sam Worthington) - fuzileiro da reserva que perdeu os movimentos nas pernas e vê sua vida voltar ao normal através de seu avatar. Junto à nativa Neytiri (Zoe Saldana), Jake encontra um mundo fascinante de criaturas, aventuras e paisagens nunca antes imaginadas. E, como é de se esperar, ele não quer mais abandonar esse universo, voltando-se contra o grupo explorador em prol do povo Na'vi, desencadeando uma guerra sem precedentes. O elenco ainda conta com as participações de Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez e Giovanni Ribisi.
Com o cenário estabelecido, a produção esbanja criatividade na composição dos seres que habitam Pandora, das florestas e das máquinas de guerra. O fator humano é o que menos conta em Avatar - o que realmente conta aqui é a aventura e o desfile de aparatos tecnológicos dos quais Cameron e sua equipe usam e abusam. Cameron revive ainda alguns momentos de Titanic: observe as cenas do envolvimento entre Jake e Neytiri, remetendo a Jack e Rose, observe a queda da grande casa da árvore, lembrando o momento em que o navio se parte ao meio, observe os momentos de mobilização do povo Na'vi para a guerra. Não é só o gordo orçamento que se repete aqui - há um padrão de roteiro, há um padrão de composição, tudo em suas devidas proporções. O diretor ainda aproveita o espaço para criticar o descaso da humanidade com o meio ambiente e vai além: observe a metáfora que envolve os militares, a exploração de riquezas e a destruição que a guerra causa a Pandora e pense nas semelhanças como nossos governantes e nas manobras políticas atuais.
Como filme, o entretenimento é total e o realismo que as salas de cinema 3-D oferecem proporcionam uma sensação maior ainda de identificação e envolvimento. O som é assustador, é realista, as imagens e as cores (em quase sua totalidade geradas em computador ou escaneadas digitalmente) são de uma vivacidade magnífica, que, somadas aos efeitos especiais, coroam Avatar com o status de filme mais impressionante até hoje já feito e que, com toda a certeza, servirá de referência técnica para muitos outros que virão na carona.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

COISAS DO MUNDO, MINHA NÊGA

O ônibus escolar estacionado na frente da escola, ao lado da pista de corrida na qual eu transitava. De passageiros, somente crianças de no máximo segunda ou terceira série. Em duas janelas consecutivas, dois meninos com a cabeça para fora. Um deles, do qual desconheço o nome, da janela mais à frente, dirige-se a uma coleguinha que estava fora do ônibus:
- Gabriela, o Henrique disse que transou com a Daphne.

Henrique, o menino na janela imediatamente atrás, retruca:
- É mentira! Cala a boca!

E o outro lhe devolve:
- Cala a boca já morreu - quem manda em minha boca sou eu!

"Transar"? "Cala a boca"? "Quem manda em minha boca sou eu"? Considerando as idades, essa é meramente mais uma deplorável amostragem da criação e da educação que essa molecada de hoje está recebendo...

Pais, educadores, adultos, onde estão vocês? Chinelo, sabão, vidro de pimenta, onde estão vocês? E não me tragam didática ou psicologia!

Coisas do mundo, minha nêga... Sinais de novos tempos ou sinais do fim dos tempos?


»MAURICIOPÉDIA: Coisas Do Mundo, Minha Nêga é uma canção composta e gravada pelo mestre do samba Paulinho Da Viola. Embora nada tenha a ver com o assunto abordado no post, o título é mais que cabível.«

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A PRINCESA E O SAPO

Após lançar Nem Que A Vaca Tussa (Home On The Range) em 2004, a Walt Disney Company decidiu que a partir de então só trabalharia com animações computadorizadas (produções próprias ou com a, na época mera parceira, Pixar) e abandonaria de vez a produção de desenhos animados para o cinema. Eis que por uma feliz revisão de conceitos, a poderosa empresa do Mickey Mouse resolveu voltar atrás e lançar A Princesa E O Sapo (The Princess And The Frog, 2009) - mais uma obra de animação nos moldes tradicionais de produção 2-D, incluindo os traços visuais característicos e os sempre presentes números musicais.
A história, a exemplo dos clássicos Disney, é totalmente inocente e direcionada exclusivamente ao público infantil. Nela, Tiana (voz de Anika Noni Rose) é uma moça de origem humilde, batalhadora e que sonha desde criança em ter seu próprio restaurante. Um dia, em um baile a fantasia na casa de sua amiga rica Charlotte (voz de Jennifer Cody), Tiana conhece um princípe chamado Naveen (voz do brasileiro Bruno Campos) e, por conta de uma trama maligna, Naveen é amaldiçoado por um feitiço vudu e transforma-se em sapo. Tiana, na tentativa de trazer o príncipe a sua forma normal, beija o sapo e... em vez de o sapo voltar a ser príncipe, a moça é que se transforma em sapo também. A partir daí tem-se uma série de aventuras pelo pântano, novas descobertas, o surgimento de novos amigos e um inevitável romance para garantir o final feliz.
A opção pelo formato de animação tradicional é um acerto para a produção, pois tem um belo toque de nostalgia dos clássicos e ainda remonta o universo hoje conhecido por Princesas Disney, incluindo a primeira princesa negra do grupo (sem considerar como negra a princesa Jasmim, dos desenhos do Alladin, que, na verdade, é de origem árabe). A escolha oportuna de New Orleans como palco do conto foi outro acerto, proporcionando belas paisagens para a história, que vão desde a elegantes casas e prédios da cidade até os sombrios pântanos e seus feiticeiros, passando pela alegria rítmica do jazz e dos personagens que enchem os cenários, em uma mistura de etnias e classes sociais nunca antes tratada em um longa metragem animado.
A Princesa E O Sapo é um belo desenho, divertido e cativante nas medidas certas. Na minha opinião, o único problema ficou por conta da dublagem, que prejudicou as canções, deixando-as, em sua maioria, sem graça. Fora esse detalhe, o desenho é um bom pretexto para levar as crianças ao cinema e voltar a ser criança junto com elas.

»JUKEBOX: Nossos Momentos, registro ao vivo do show de 1982 de Maria Bethânia«

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

LUA NOVA

A onda dos vampiros definitivamente voltou com tudo! Segundo volume da quadrilogia da escritora Stephenie Meyer, Lua Nova (New Moon, 2009) é a primeira das 3 continuações cinematográficas do estrondoso sucesso de 2008 Crepúsculo (Twilight). A agora entitulada "saga" narra o romance entre a mortal Bella (a insossa Kristen Stewart) e o vampiro Edward (Robert "queridinho-do-momento" Pattinson). Tanto a obra literária quanto a cinematográfica são meras atualizações de tudo o que já se disse até hoje sobre vampiros - a grande jogada da escritora foi encaixar a história no contexto adolescente, fisgando uma grande parcela de consumidores infanto-juvenis e, na carona, um grande número de adultos curiosos e fãs do gênero.
Lua Nova é tal e qual seu antecessor - a continuação segue a história no mesmo ponto em que parou, dando continuidade aos fatos já conhecidos e preparando o terreno para os dois volumes que ainda estão por vir. Neste segundo filme, o vampiro Edward sai de cena durante boa parte do tempo para o desenvolvimento do personagem Jake (Taylor Lautner) - e não é novidade para ninguém que Jake se transforma em lobisomem e é também o principal rival do vampiro na disputa pelo amor de Bella.
A trama é morna, desenvolve-se lentamente e se arrasta para além da metade do filme até que algo comece a acontecer. Em tempos do excelente True Blood, aqui o romance humana-vampiro não convence muito, principalmente tendo uma protagonista apática e seu par vampiresco um genérico de galã da Malhação em versão andrógena. Não vou dizer que a fita é ruim; para mim foi uma boa distração cinematográfica, mas nada que justifique o barulho todo que se faz em torno da franquia.
Tecnicamente a produção evoluiu. Embora a maquiagem continue tão ruim quanto em Crepúsculo (aquela plasta branca no rosto deles parece Minâncora), a equipe desta vez investiu mais e caprichou na montagem, na fotografia e nos efeitos especiais, principalmente nas cenas em que aparecem os lobisomens e em que as duas espécies de criaturas lutam entre si. Qualquer semelhança com Anjos Da Noite (Underworld) é pura coincidência, ok?
Ah, uma novidade bacana foi a entrada da personagem Jane, vivida por Dakota Fanning, agora uma mocinha de 15 anos. Vale para revê-la.

»JUKEBOX: Para matar saudades, a trilha do dia ficou por conta de Tim Maia Ao Vivo, registro histórico de 1992.«

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O TECO-TECO DAS DESESPERADAS

ATENÇÃO: Este post contém spoilers!
Anunciavam os spoilers desde o início desta 6ª temporada de Desperate Housewives: um avião iria cair em Wisteria Lane! Os rumores eram de que este seria o final da temporada e o gancho para a próxima, mas minhas suspeitas se confirmaram. A queda do avião foi a tragédia da metade da temporada, seguindo a previsível tradição de anos anteriores, como aconteceu no ano do furacão, no ano do sequestro do supermercado e no ano passado, com o incêndio da boate. O episódio foi ao ar nos Estados Unidos neste último domingo e se chamou Boom Crunch.
Sem se apegar aos acontecimentos paralelos, vamos direto ao avião... O acidente foi decepcionante do início ao fim. A introdução do início do episódio entregou quase toda a cena da queda e como ela ocorreu. O tal avião não passava de um teco-teco, uma aviãozinho de nada e, o pior de tudo é que, quando caiu, nada mais fez além de se arrastar com força pelo meio da rua, destruir a decoração do festival de Natal da vizinhança e supostamente ter matado um ou dois personagens, dos quais possivelmente nenhum muito importante. Nenhuma explosão. Nenhum fogo. Nenhuma destruição significativa. Puro alarde. Perto do furacão, as consequencias deste espisódio poderiam ser comparadas a uma mera brisa.
O episódio foi válido pelos demais acontecimentos, alguns importantes no desenrolar desta temporada. Fora isso, o avião só serviu para deixar uma dúvida sobre quem morreu ou não. Se as previsões dos comentários que li no site TV.com se confirmarem, as desesperadas estão entrando em um pequeno recesso de final de ano e só voltarão a dar as caras na telinha em meados de 2010, com as respostas para o acidente e para todas as outras perguntas da temporada. Aguardemos...

(500) DIAS COM ELA

Uma coisa boa no cinema, assim como na vida, são as surpresas: quanto menos se espera algo bom de alguma coisa, maiores são as chances de uma surpresa positiva. (500) Dias Com Ela ((500) Days Of Summer, 2009) definitivamente se encaixa nesta categoria.
Me explico: fui ao cinema com expectativa mínima, esperando ver um filmezinho meloso sobre um cara e uma garota que se conhecem, ficam juntos por 500 dias e ele resolve relembrar todos os momentos pelos quais passaram - de uma forma resumida, esta é realmente a sinopse. Enfim, motivado pelo convite de colegas do trabalho e pelo generoso preço do ingresso a R$ 4,00 em pleno sábado (leia o rodapé do post), fui conferir e posso dizer que saí bem satisfeito.
A história se revelou divertida, irônica e engraçada, sem baixar o nível ou cair no besteirol - um humor quase adolescente e inteligente. Joseph Gordon-Levitt, egresso das séries de TV dos anos 90 é Tom Hansen, um escritor de cartões (como esses de Natal ou aniversário) que acredita no amor e é afixionado pela idéia de que existe uma única pessoa perfeita para ele - e então ele conhece a irreverente Summer Finn (Zooey Deschanel, carismática, bonita na medida e perfeita no papel, com expressões e trejeitos que dão brilho extra à personagem), totalmente seu oposto, que vira seu mundo e suas emoções de pernas pro ar.
O formato flashback funciona bem e não atrapalha o andamento da história, distingue nitidamente as emoções através dos dias bons (com sol) e dos ruins (com nuvens). A narração é imparcial e divide o espectador, uma hora fazendo-o execrar a indiferença e o descaso de Summer, outra hora fazendo-o se irritar com a persistência e as tolas ilusões do confuso Tom.
O diretor de clipes Marc Webb, quem tem Green Day e 3 Doors Down em seu currículo, aproveitou bem a simples premissa e transformou-a em um filme dinâmico e bem divertido. Trata-se de uma comédia romântica com muito mais ênfase na comédia, regada a pitadas de sofrimentos e descobertas pessoais. Eu recomendo!

»JUKEBOX: A trilha sonora do post foi Hard Candy, da Madonna, lançado no ano passado - um dos álbuns mais fraquinhos da carreira da loira.«


»MAURICIOPÉDIA: No Cinemark Bourbon Ipiranga (Porto Alegre) e no Cinemark Canoas (Canoas) rola uma promoção de ingressos a R$ 4,00 - toda semana um filme é escolhido para dar o desconto e, da sexta até a quinta da semana seguinte há uma sessão do filme às 15h00 (sempre e somente esta sessão), custando a bagatela já mencionada. Quem tem carteirinha de estudante paga R$ 2,00.«

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ABRAÇOS PARTIDOS

Em seu mais recente filme, Pedro Almodóvar dá alguns tropeços e produz uma obra inferior a tudo que havia feito nos últimos anos. Seria covardia aproximar Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos, 2009) de qualquer outra história contada pelo diretor espanhol nesta década.
A trama central: Lena (Penélope Cruz, em mais uma boa parceria com o diretor), mulher de origem humilde, mantém um caso com seu patrão, um velho rico e influente. Torna-se atriz, consegue o papel principal em um filme e envolve-se emocionalmente com o diretor (Lluís Homar). A partir daí, uma sucessão de perseguições, humilhações e tragédias atingem a todos os personagens, no pior estilo novela mexicana. O drama e a amargura fagulham pela tela de forma que não seria surpresa alguma se o vilão amarrasse a mocinha nos trilhos do trem no final - o que, felizmente, não se fez necessário. Os momentos dramáticos não empolgam o suficiente e a fita soa como uma piada fraca em que a pouca graça aparece oculta nos detalhes do percurso. Os atores estão afinadíssimos, a ambientação no tempo e no espaço é perfeita, mas não há como operar milagre em história ruim.
O resultado final desta química fica pendendo na fronteira entre o bom e o razoável. Abraços Partidos não passaria de uma história patética, não fosse a assinatura de Almodóvar na produção: as cores vivas, a sutileza para realçar pequenos detalhes, as boas histórias contadas em segundo plano, os coadjuvantes interessantes (preste atenção no personagem Judit, vivido grandiosamente por Blanca Portillo), o humor característico do diretor e a boa construção verbal do filme são as únicas garantias da sobrevivência do dramalhão no decorrer de seus 128 minutos.

»JUKEBOX: Este post foi simultaneamente escrito com a primeira audição do novo álbum de Daniela Mercury, entitulado Canibália

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

IN(DIG)NAÇÃO

É indiscutível! O futebol é o esporte nacional, o ópio de uma grande parcela do povo, a única alegria de muita gente, a razão de viver de alguns, o ganha-pão de uns poucos privilegiados - no Brasil respira-se futebol e é difícil ficar indiferente a isso. Eu não gosto. Repito: eu não gosto, mas respeito, afinal, antes de qualquer outra coisa, futebol é esporte, é saúde, é educação, é profissão, é brincadeira, é competição, é dignidade. Ou era para ser?
O trechinho de Jornal Nacional que assisti no dia de hoje foi o suficiente para me motivar a escrever este tanto sobre o lamentável incidente, se é que assim pode-se chamar aquela barbárie, que ocorreu no Estádio Couto Pereira (Curitiba/PR) neste último domingo, após o empate de 1 a 1 do Coritiba, o time da casa, com o Fluminense, acarretando no rebaixamento do time paranaense para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Desde a senhora que voltava do trabalho em um ônibus que foi cercado por torcedores (ou melhor, terroristas) e que teve arrancados 3 dedos de sua mão na explosão de uma bomba, ao rapaz que levou um tiro na cabeça de um torcedor (leia-se bandido) dentro do próprio estádio, passando pelo árbitro da partida que foi agredido e o soldado da PM que foi atingido por um banco em pleno gramado, durante o cumprimento dever, o quebra-quebra mandou algumas dezenas de pessoas para o hospital, pouquíssimas para a cadeia e foi notícia no país inteiro, talvez até maior do que a conquista da vitória do campeonato pelo Flamengo.
O que pode pensar de um episódio desses? Como não se indignar, e... como não se envergonhar?
Eu não sou torcedor, acompanho futebol em terceiro ou quarto plano, nunca vou a jogos, mas temo pelo que acontece nos estádios. Das pequenas confusões às mobilizações de torcidas, a violência que se vê com frequencia não só é uma mancha no esporte, mas também um braço da criminalidade e da brutalidade que consomem nossas ruas. Bandidos, vândalos e assassinos na pele de torcedores encontram justificativas na devoção por um time para desencadear tragédias e ainda acham que está tudo bem. Conheço pessoas que adoram futebol mas nunca frequentam estádios por medo do que pode acontecer - um medo de suas próprias torcidas onde, para a casa cair, basta uma cerveja a mais, basta uma piada mal digerida, basta um empate do time. Ninguém está livre no Brasil. Como já disse no início, aqui respira-se futebol - mas já sufoca-se com tanta violência e ignorância.
Paz.
»MAURICIOPÉDIA: In(Dig)Nação, a canção cujo título emprestou-se para encabeçar este post, é de autoria de Samuel Rosa e Chico Amaral e foi sucesso no primeiro CD do Skank, lançado em 1993. O CD também foi a trilha sonora do dia.«

MARIA BETHÂNIA - AMOR, FESTA, DEVOÇÃO

Para divulgar seus mais novos discos, Tua e Encanteria, Maria Bethânia viaja o país com sua turnê Amor, Festa, Devoção - no título, os ingredientes principais da dobradinha produzida em estúdio. No último dia 03 de dezembro foi a vez de conferirmos aqui em Porto Alegre a apresentação.
No repertório, aparecem em maioria as novas canções: o romantismo de Tua misturado com a celebração e a devoção religiosa que formam Encanteria. A cantora relembra canções de seus discos setentistas, como o sucesso Explode Coração (Luiz Gonzaga Jr.) e a pouco conhecida Bom Dia (Herivelto Martins / Aldo Cabral), além de resgatar Vida de Chico Buarque e a inexplicável É O Amor de Zezé Di Camargo, com direito a esquecimento da letra, seguido de uma mea culpa merecidamente aplaudida. O irmão Caetano Veloso, embora cada vez mais ausente como compositor nos últimos álbuns da cantora, aparece com a cortante Drama, as até então inéditas na voz de Bethânia Queixa e Dama Do Cassino; depois Não Identificado, para prestar homenagem ao patriarca e à matriarca da família Telles Veloso, respectivamente Seu Zeca e Dona Canô. Das novidades, merece destaque a bela Balada De Gisberta (Pedro Abrunhosa), um dos melhores momentos do show.
Bethânia se entrega por completo ao palco e às canções. Sente o amor e a saudade, eleva-se em oração nos momentos de evocar a fé e os santos, demonstra o sentimento, solta a poesia. A intérpetre, na flor de seus 63 anos, traz uma forte carga dramática em suas feições, evidencia o peso dos anos no rosto e na expressão - às vezes meio cansada, às vezes meio distraída -, aparenta uma certa amargura, uma certa indiferença. A dama leva a platéia ao delírio, comove e enche a casa com sua linda voz, com seu semblante de artista e sua bela seleção de canções.
Tecnicamente o show é impecável, desde a bela cenografia até a harmônica banda comandada pelo habilidoso maestro Jaime Além, desta vez composta pela pequena soma de 6 músicos. Derrapadas da diva à parte (mencionando a grosseria de esnobar os fãs e atender somente meia dúzia deles no camarim após a apresentação, mandando o resto embora), pode-se dizer que uniu-se mais uma vez a técnica com o bom gosto e a competência de Maria Bethânia e foi mostrado um excelente show do início ao fim, abençoado por uma salva de palmas dos gaúchos.

»JUKEBOX: Este post foi escrito enquanto passava na TV o show Live At Black Island Studios, da banda Oasis«


»MAURICIOPÉDIA: Post originalmente escrito em 05 de dezembro, revisado e formatado em 07 de dezembro.«

domingo, 15 de novembro de 2009

2012

2012, o filme mais recente do diretor Roland Emmerich (responsável por "farofadas" como Godzilla, 10.000 A.C. e Independence Day), mostra toda a capacidade que Hollywood tem para destruir o mundo dentro de um estúdio. E também para destruir um blockbuster...
Um dos títulos mais esperados da fraca safra cinematográfica de 2009, 2012 baseou-se na história de que o calendário maia previa uma mudança geológica em nosso planeta de proporções apocalípticas e valeu-se da mesma clicheria encontrada em qualquer filme do gênero cinema-catástrofe, desde o heróico presidente americano até o ausente pai de família que busca conquistar o respeito dos filhos. E aqui vale tudo: o ônibus atingido por bolas de fogo e que segue andando, o cara com experiência de amador que pilota qualquer tipo de avião, as casualidades improváveis que acontecem a todo instante e, a pior de todas, os americanos salvado o mundo mais uma vez.
Quem vai ao cinema na expectativa de ver o mundo se desfazendo em pedacinhos (com direito ao desmoronamento do nosso Cristo Redentor, noticiado na fita por um golpe de merchandising descarado da Globo News), assiste majestosamente ao trágico espetáculo, com direito aos melhores efeitos visuais e sonoros imagináveis para nossa realidade - é realmente um show à parte. No entanto, paga com a arrastação de um filme com 2h e 36 minutos, que poderiam ter sido severamente reduzidos. Paga com historinhas pífias de testar a paciência sobre superação, heroísmo e senso de humanidade, em suas mais bregas essências.
Por mais irônico que seja, o único mérito de 2012 é exibir a própria destruição do planeta e de quase totalidade das espécies, incluindo a humana. Como filme, a história é lamentável, os atores (mesmo "feras" como John Cusack ou Danny Glover) não conseguem convencer na pele de personagens tão perfeitinhos e insuportáveis e, no fim de tudo, quando os tão sonhados créditos começam a subir, tudo o que fica é o arrependimento do espectador: sem uma lição, sem sequer um tema para refletir, sem nenhuma dúvida além de "gostei ou não gostei?" - eu não gostei e não recomendo, mas isso é só a minha resposta...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

JOGOS MORTAIS VI

Considerada a franquia cinematográfica de terror mais bem-sucedida de todos os tempos, Jogos Mortais chega em sua 6ª (e dispensável) edição. Como fã dos primeiros episódios, confesso que me fascinei com as engenhocas de tortura e com o desenrolar das investidas iniciais do serial killer Jigsaw (Tobin Bell). Já tem um bom tempo que a história se perdeu e se tornou uma maquininha caça-níqueis, sustentada por uma audiência ávida por derramamento de sangue à toa.
Por conta de uma boa reputação em sua fita de estréia e de uma rentável sequência, o olho grande dos produtores, assim como o ímpeto sangrento do serial killer, cresceu meteoricamente, transformando a série em uma triologia, que seguiu e já soma 6 filmes. Este que seria o derradeiro já não é mais: há uma promessa de Jogos Mortais VII para o ano que vem, possivelmente filmado em 3-D.
E, como bem se sabe, quanto mais se repete uma história que já não é lá grandes coisas, mais enfadonha ela se apresenta a cada iteração. Se tivesse sido dado um fim no terceiro filme, que já foi fraco, a saga terminaria bem e com méritos. Infelizmente, de lá para cá, a cada nova armadilha, a inteligência e a originalidade da franquia caem mais e mais. Sem propósito, cheio de reviravoltas e surpresas absurdas, Jogos Mortais tornou-se uma desculpa para expor bestialidade na tela. A cena inicial deste mais recente episódio é de uma violência tamanha que gera até mal estar na poltrona - e é o máximo que a fita consegue arrancar, pois, em seu restante resume-se a meras enrolações, tramas sem graça e personagens inexpressivos (sem contar a "canastrice" do elenco), lições de moral baratas e uma porção de flashbacks desinteressantes, a única forma encontrada pelos roteiristas para poder continuar mamando nessa vaca cada dia mais magrinha... Fora isso, sobram cenas de automutilação, feridas expostas, vísceras e sangue, muito sangue!

»JUKEBOX: Trilha sonora do dia: Encanteria, um dos gêmeos recém-lançados de Maria Bethânia

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

HOW BIZARRE - A 6ª TEMPORADA DE NIP/TUCK

Foi dada a largada para a temporada derradeira de Nip/Tuck, a série de TV mais bizarra de todos os tempos, que inicia com algumas semanas de diferença em relação às suas companheiras de fall season. Com a dedicação do produtor Ryan Murphy e de boa parte da equipe de produção à série Glee, chegou a hora da dupla de cirurgiões Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon) pendurarem suas chuteiras, ou melhor, seus bisturis.
A crise financeira mundial foi o ponto de partida para o início desta que será a temporada final, onde a clínica McNamara/Troy encontra-se em uma situação de quase falência, assim como a vida de seus proprietários. De um lado, Christian está livre de seu câncer de mama e se livrando do casamento equivocado com a Dra. Liz Cruz (Roma Maffia), que está movendo um processo de divórcio que promete assolar as economias do cirurgião. Do outro, Sean está deprimido sem seus filhos caçulas, sob a guarda da ex-mulher Julia (Joely Richardson), com sérios problemas de insônia e envolvido emocionalmente com uma nova mulher, a sinistra anestesista Teddy (Rose McGowan, mais conhecida por sua participação como uma das irmãs bruxas de Charmed). Completando o elenco principal, Matt (John Hensley) abandonou a faculdade para se tornar mímico e Kimber (Kelly Carlson) continua espreitando a família, na tentativa silenciosa de reatar o relacionamento com Christian.
Nip/Tuck sempre foi uma série instigante que soube dosar o drama médico com o humor negro e o chocante, mas que já se encontra na hora de terminar. Os personagens, de um modo geral, já fizeram tantas bobagens e mostraram evidências nulas de aprendizado, de forma que só acumulam fracassos e decepções ao longo de cada temporada. A história tornou-se um grande déjà vu, onde só se mudam as moscas, mas a sujeira continua a mesma... Torço para um final digno para a produção, que em seus episódios mais recentes já deixou pistas do clima de despedida que veremos com mais intensidade nas próximas semanas.

»MAURICIOPÉDIA: How Bizarre (quão bizarro) é o título do único sucesso da banda neozelandesa OMC, lançado internacionalmente em 1996.«

domingo, 8 de novembro de 2009

OS FANTASMAS DE SCROOGE

A Christimas Carol, obra do escritor Charles Dickens, um dos contos natalinos mais conhecidos de todos os tempos, ganha sua versão em animação 3-D pelas mãos dos Estúdios Disney, sob a condução do diretor Robert Zemeckis e recebe o título brasileiro de Os Fantasmas De Scrooge.
Na história, Ebenezer Scrooge (Jim Carey) é um velho rico, avarento e solitário, desprovido de qualquer bondade e mantenedor de um ódio sem par pelo Natal. Suas principais vítimas são o empregado Bob Cratchit (Gary Oldman) e seu sobrinho Fred (Colin Firth), os quais o velho faz questão de humilhar e desprezar gratuitamente a todo instante. Eis que em uma véspera de Natal, o avarento recebe a visita de 3 fantasmas, que lhe mostram seus Natais do passado, do presente e do futuro, levando-o a refletir sobre suas atitudes, escolhas e as devidas consequencias.
O conto, de teor bobo e fácil compreensão, ganha aqui vida em uma animação computadorizada via captura de movimentos dos atores reais, aliada à tecnologia tridimensional. Zemeckis mostra um trabalho visual ainda mais surpreendente e competente do que em seus dois filmes anteriores de mesma natureza, O Expresso Polar e A Lenda De Beowulf. As expressões dos personagens e a captura dos movimentos aparecem mais perfeitas que nos trabalhos anteriores, e mais: Zemeckis não se deixou prender pela tradição inocente da Disney e produziu um filme, até certo ponto, inadequado para crianças, com direito a cenas tétricas, diálogos moralmente pesados e clima sombrio.
Jim Carey e suas tradicionais caretas se encaixam bem nos diversos papéis que o ator representa no filme, com destaque para o próprio Scrooge, de semblante assustador. A comédia, o terror e o melodrama convivem harmoniosamente, tornando a história interessante e gostosa de ser assistida, onde não se sente o peso dos 96 minutos de duração da fita.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

TRANCADO

Com o passar do tempo, comecei a me adaptar a ter um blog, a gostar de escrever nele e a dividir com amigos e desconhecidos alguns pequenos momentos vividos, além de divulgar minhas constantes críticas e opiniões sobre o que ando assistindo e ouvindo ultimamente. Tão bacana quanto isso é poder participar de uma rede e "linkar" meu blog com outros blogs, de modo a ter a rede sempre atualizada com as novidades mais recentes de cada um. Para isso serve a sessão Visite Também que disponibilizo aos meus visitantes na barra lateral do »MAU« na foto.
Este blog é também linkado por outros, e eis que de uns tempos para cá tenho me deparado com um problema que já havia detectado em outro blog de um amigo, o qual visito esporadicamente: as minhas atualizações não são mais computadas nos blogs que apontam para cá e fica sempre um mesmo post trancado como o mais recente. Por mais de um mês fiquei com "O ELO PERDIDO NO CINEMA" como o mais recente e, após fazer uns "mexes", trocando o nome do post, re-inserindo o post mais atual, consegui que o "ALÔ, ALÔ, TEREZINHA" aparecesse atualizado no dia em que o postei. O problema é que agora ele ficou trancado também, e este já é o segundo post que escrevo depois dele e que não aparece como mais recente. E isso vai jogando a divulgação do meu blog cada vez mais para o final da lista, abaixo dos outros que se atualizam sem problemas, além de despertar cada vez menos o interesse de novos visitantes - afinal, quem quer visitar um blog aparentemente desatualizado?
Já revirei a ajuda do blogger.com e não encontro um espaço sequer para contatar o suporte através de uma mensagem de texto. Já escrevi no fórum e a única resposta que obtive foi de uma pessoa com o mesmo problema que eu e que meu amigo já mencionado anteriormente. Aqui fica o meu protesto e, caso algum leitor saiba como me ajudar, por favor...
Um bom final de semana a todos!

»JUKEBOX: A trilha sonora de hoje ficou por conta de Afterglow, álbum de 2003 da canadense Sarah McLachlan


»MAURICIOPÉDIA: O título do post foi inspirado no nome da canção Trancado, composta por Ana Carolina e presente no álbum de estréia da cantora.«

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

V

A primeira impressão é a que fica, dizem por aí... Para não deixar passar nada, encerrei minha sessão de séries de hoje para sentar frente ao computador e escrever sobre a estréia que acabei de assistir: V. O remake da série homônima dos anos 80 (1983-1984) debutou no dia de ontem na televisão americana, sem muitas novidades e tampouco originalidade.
Em meio a naves espaciais, teorias da conspiração, provas de fé e traições, a série narra a chegada de extraterrestres em nosso planeta. A princípio parecendo pacíficos, logo os Visitantes (daí o título "V") revelam-se agressivos e mostram suas verdadeiras intenções de dominar a Terra, trabalho que, a vir a se descobrir em seguida, já vinha sendo preparado secretamente há muito tempo por espiões disfarçados entre os humanos.
Os seres, com aparência idêntica à humana, assim como no original, escondem uma estrutura escamosa, como lagartos. São inteligentes, avançados tecnologicamente, bem armados e convincentes, pois iniciam a execução de seu plano pela conquista da confiança dos terráqueos, para em breve dar seu bote. A partir daí, deve se desencadear uma guerra entre humanos e extraterrestres, com direito a vitórias, baixas, traições e reviravoltas mil. O piloto apenas acendeu a chama da história, mostrando a chegada das naves, apresentando os personagens e dando as primeiras impressões do que está por vir.
No elenco, uma compilação de alguns "ex" de outras séries conhecidas nossas, como Elizabeth Mitchell (a Juliet de Lost), Joel Gretsch (o Tom Baldwin de The 4400) e Scott Wolf (já passado por Party Of Five e The Nine, entre outras).
Impressões? Eu gostei! Bastante ação, fácil compreensão da história, bons efeitos visuais - nada mais que entretenimento puro. Verdade que ainda tenho lembranças de parte da série original e posso dizer que essa diferença de 25 anos foi gratificante para renovar pelo menos visualmente a trama. Quanto ao roteiro e ao andamento da história, é preciso um tempo mais para analisar os rumos que serão tomados.
Trabalhar em um remake é algo complicado, pois é preciso oferecer um diferencial em relação ao original, e esta nova/velha série, apesar de ter levado ao ar um episódio piloto bem movimentado, não mostra sinais de que terá força para durar por muito tempo. A idéia é interessante e é válido reviver um bom momento televisivo de uma década tão querida como a de 80, mas se a insistência pelos moldes e pela linguagem da época persistir, os alienígenas dificilmente se manterão no ar por mais de uma temporada.

»JUKEBOX: A trilha sonora do post ficou por conta de Strange Little Girls, álbum de covers da cantora Tori Amos lançado em 2001.«

terça-feira, 3 de novembro de 2009

ALÔ, ALÔ, TEREZINHA

O documentário Alô, Alô, Terezinha, estréia deste último final de semana, tem por premissa mostrar um pouco da vida daquele que é considerado um dos maiores comunicadores brasileiros de todos os tempos, Abelardo Barbosa, conhecido popularmente como Chacrinha.
Falecido em 1988, aos 72 anos, Chacrinha ficou marcado na memória nacional como apresentador de programas musicais e de calouros. Com um jeito pitoresco de se vestir, de se comunicar com as massas e de tratar seus convidados, o também chamado Velho Guerreiro deixou bordões inesquecíveis, popularizou marchinhas de carnaval, lançou calouros e fez a fama de muitos artistas, dos quais boa parte está até hoje na ativa.
Do filme roteirizado e dirigido pelo jornalista, produtor e diretor de televisão Nelson Hoineff esperava-se um apanhado que contasse a trajetória do homem, do artista e do comunicador, mas não é bem assim que o carro anda... Formado basicamente por depoimentos e entrevistas com artistas e pessoas próximas do Velho Guerreiro, Alô, Alô, Terezinha não mostra mais que uma pequena ponta da faceta do apresentador Chacrinha e passa a maior parte de seus 90 minutos brincando de "Por Onde Anda Você?" com cantores (muitos deles já esquecidos pela mídia), ex-calouros e as famosas ex-dançarinas de seus programas, as Chacretes, muitas delas em situações de vida difíceis.
Egresso da TV, o diretor teve em sua carreira programas veiculados em diversas emissoras, alguns de gosto duvidoso, nos quais a prioridade era chocar o espectador - torna-se fácil a dedução de porquê seu filme de estréia no cinema tomou o rumo que tomou...
Em termos de resgate da memória de Chacrinha, o documentário deixa muito a desejar. É interessante pela nostalgia, por algumas curiosidades mostradas e pela temática musical. Dispensável pelo teor de humor negro ao qual o diretor covardemente submete muitos de seus entrevistados: cenas constrangedoras como a filmagem de uma parede danificada na casa do cantor Wanderley Cardoso, a invasão e exposição de cultos religiosos, um duelo de leitura de versos entre ex-calouros gagos e uma ex-chacrete caidaça dançando nua com adereços de índia dentro de um chafariz público são apenas algumas das apelações que o senhor Nelson Hoineff deveria ter pensado duas vezes antes de incluir na fita.
Como nem tudo são rosas, aqui nem tudo são espinhos: há também boas oportunidades para se matar saudades de uma época, visitar artistas sumidos e se deliciar com depoimentos interessantes, como os do rei Roberto Carlos e de um desaforado Aguinaldo Timóteo descendo a lenha em João Gilberto. Mais que isso: por menos material que tenha sido mostrado, é uma boa chance para rever bons momentos daquele apresentador que por muito ainda será lembrado quando alguém buzinar um calouro, oferecer-lhe um troféu abacaxi ou mandar um "alô" para a Terezinha.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CINEMA 4-D

Neste feriadão de Finados experimentei uma novidade que gostaria de compartilhar com meus leitores: assisti a uma sessão de cinema em quatro dimensões e posso afirmar que, além de emocionante, foi muito divertida para não dizer "vertiginosa"!
Para quem tem como novidade as salas 3-D, que pouco a pouco têm crescido em número pelos cinemas, não imagina quão bacana é incrementar essa experiência com mais uma dimensão - a sensorial. Na animação exibida, A Ilha Perdida, um explorador cai por acidente em uma ilha misteriosa, cheia de perigos e animais assustadores. A história é carente de conteúdo, mas aqui é o que menos importa, pois trata-se de uma sequência com o propósito de dar ao espectador uma pista do que o cinema 4-D pode oferecer.
Além da melhoria visual em relação às projeções 3-D, proporcionada por uma tela côncava de 180°, outras sensações também são estimuladas no 4-D, com o lançamento de pequenos jatos de água na platéia, bufadas de vento, cócegas nas pernas, cadeiras que tremem e que despencam sem sair do lugar. Os sustos seguidos de risadas são inevitáveis!
Recomendo e deixo como dica para quem for visitar a serra gaúcha, principalmente para quem é vidrado em cinema, animações e gosta de estar sempre por dentro do que há de mais bacana em termos de novidades tecnológicas. Fui esperando coisas que não aconteceram, como o estímulo olfativo e um trabalho mais elaborado com o áudio, mas ao mesmo tempo me admirei com outros aparatos que não imaginava que fossem me pregar tantas surpresas e sustos. Posso vislumbrar que essa amostra que tive é apenas o começo de um filão que pode ser muito bem explorado e render experiências incríveis para o futuro.

»JUKEBOX: Este post teve como trilha sonora Black Gives Way To Blue, o recém-lançado álbum de retorno da banda Alice In Chains


»MAURICIOPÉDIA: O cinema 4-D localiza-se no Alpen Park, na cidade de Canela/RS. O ingresso para a sessão, que dura aproximadamente 20 minutos, custa R$ 15,00.«

sábado, 31 de outubro de 2009

BILLBOARD NO BRASIL

Após um longo período sem uma revista especializada em música, os leitores brasileiros podem comemorar a chegada da Billboard por aqui. A revista é uma das mais respeitadas mundialmente e suas paradas musicais são referência incontestável na comprovação de vendas e de sucesso de artistas de todos os gêneros da música. Diferente da Rolling Stone, a recém-chegada foca suas matérias unicamente no universo musical, abrindo um pequeno espaço para tratar de outros assuntos do mundo pop, como moda, cinema e artes.
A número 1, já nas bancas neste mês de outubro, traz o Rei Roberto Carlos na capa e uma matéria central sobre sua megaturnê comemorativa de 50 anos de carreira. Entre outras reportagens bacanas, tem ainda Katy Perry, os ressucitados do Alice In Chains, Quentin Tarantino e seu gosto impecável para montar as trilhas sonoras de seus filmes, críticas de CDs, DVDs e shows, além do famoso paradão, incluindo as principais categorias norte-americanas e o lançamento da parada nacional.
Em formato grande e custando a bagatela de R$ 8,90, a revista está bem eclética e interessante. Nesses tempos de recessão, desejo sucesso e longa vida para a novidade, que vem em boa hora para preencher um lugar há muito deixado nas bancas de revista pela saudosa Revista Bizz.

»JUKEBOX: Este post teve como trilha sonora o primeiro álbum solo do cantor Gavin Rossdale, de 2008, entitulado Wanderlust. Rossdale foi vocalista da banda inglesa Bush e é marido da cantora Gwen Stefani

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

MICHAEL JACKSON'S THIS IS IT

Em 25 de junho passado o mundo musical deu adeus ao seu Rei do Pop, Michael Jackson. Na ocasião, o cantor estava a 8 dias de iniciar uma turnê de 50 shows em Londres, que seriam os últimos de sua carreira, segundo o próprio confirma em uma cena de seu epitáfio cinematográfico, This Is It, que estreou mundialmente nos cinemas nesta quarta-feira.
Uma mescla de documentário e musical, This Is It mostra, no decorrer de seus 110 minutos, os preparativos e os ensaios do que seriam as apresentações de Michael. Trata-se de uma compilação de videos, passagens de som e cenas de bastidores de MJ, como o astro é chamado carinhosamente pela equipe em diversas passagens do filme. Como declarado no início da película, essas filmagens seriam usadas como acervo pessoal do cantor e eventualmente veiculadas também nos telões dos shows. Por uma ironia do destino, acabaram servindo para um propósito muito maior...
Vemos um Michael Jackson desgastado, franzino, com ares de cansado e com um semblante assustador, por conta de suas múltiplas intervenções cirúrgicas no rosto. Apesar dos sinais de fraqueza, nota-se que o cantor continua dançando bem, cantando bem, distribuindo simpatia e comandando a produção e a equipe técnica com maestria, exigência nos mínimos detalhes e muita criatividade.
O diretor Kenny Ortega soube aproveitar bem o material que tinha em mãos e conseguiu encadear tudo de forma harmoniosa. O diretor vai além, omitindo qualquer sentimentlismo barato que poderia ser facilmente arrancado com a menção da morte do pop star e dando também atenção, em pequenos depoimentos, à equipe de produção da turnê, aos músicos e aos dançarinos que acompanhariam Michael.
Desse modo, o espectador pode se deliciar com a execução completa de diversas músicas do ensaio, uma seleção de hits e confirmadas. Pode ainda ver vídeos muito bacanas que seriam veiculados nos telões, como uma versão moderna em 3D de Thriller e uma montagem especial do filme Gilda, com direito a Rita Hayworth e tudo mais, exibida na sequencia de Smooth Criminal.
Ao subir dos créditos, ficam duas sensações: uma primeira de saudade do cantor e de lamento por uma turnê tão magnífica que jamais será vista por alguém, seguida de uma segunda de satisfação, obtida através de um filme honesto que prestou um tributo à altura de um ser humano e de um artista do calibre de Michael Jackson.


»JUKEBOX: Post escrito ao som intermitente da música Thong Song, do cantor Sisqo

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DISTRITO 9

Assisti ao fenômeno cinematográfico do momento, Distrito 9. Bem recebido pela crítica e pelo público, a história narra um episódio em que ET's chegam à Terra, mais precisamente em Johanesburgo, na África do Sul, no início dos anos 80. Sua nave quebra e eles obrigam-se a viver entre os humanos, terminando marginalizados, isolados em uma favela gigante (o tal Distrito 9 do título) e perseguidos pelas autoridades.
Se você notou algumas pistas e ligou os pontos, bingo! A história serve como metáfora para ilustrar o problema do racismo, da segregação e da marginalização, sobretudo em países pobres como a África do Sul. Uma bela premissa, representada por alienígenas perfeitamente compostos pela equipe de efeitos especiais e por uma trama cheia de surpresas e reviravoltas.
Com uma mescla de falso documentário e filme de ação e ares de produção independente, a cria do diretor Neill Blomkamp, estreante em longas, embora de interessantíssima premissa, peca pelas referências descaradas a outros filmes. Em diversos momentos, Distrito 9 me soou como "A Mosca encontra O Fugitivo, que encontra Cidade De Deus, que encontra Tropa De Elite, e assim segue...". E nessa reciclagem foram sugadas tanto as situações de êxito (como o drama "mosqueiro" da metamorfose do personagem Wikus Van De Merwe, vivido pelo competente ator Sharlto Copley) quanto as clicherias (como o clone de Capitão Nascimento que persegue o protagonista com uma bazuca, no bom estilo Rambo).
Há quem diga que o trunfo maior de Distrito 9 foi ter conquistado o diretor Peter Jackson, que terminou por abraçar a ideia e produzir o filme. Fora isso, o filme se segura sozinho e ainda tem a seu favor a ambientação fora dos Estados Unidos (o pouso preferido dos ET's no cinema) e uma qualidade muito mais artística do que puramente comercial. Possui ainda efeitos visuais convincentes, uma bela trilha sonora, bons atores e um roteiro bacana, embora pouco original. Distrito 9, de um modo geral é um bom filme e creio que sua fama o levará longe, mas podia levá-lo muito além, não fosse a falta de surpresas e o excesso de "mais do mesmo" em diversas situações.

BASTARDOS INGLÓRIOS

Após o fiasco do desastroso Prova De Morte (Death Proof, 2007), o diretor Quentin Tarantino acerta novamente a mão em Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009) e transpõe para o cinema de guerra seus diálogos inteligentes, seus personagens transgressores e sua marca única de direção.
A trama, ambientada na França, gira em torno da personagem Shosanna Dreyfus (vivida por Mélanie Laurent), uma judia que viu sua família ser executada pelos soldados nazistas e desde então nutre uma raiva mortal pelo regime. Já adulta e proprietária de um cinema, vê em suas mãos uma oportunidade de vingança, paralelamente a um plano de ataque dos aliados que visa bater de frente com seus propósitos.
Como saídos de um gueto, os aliados americanos comandados pelo abusado Aldo Raine (Brad Pitt) são desprovidos de qualquer sutileza e conseguem tornar irônicas ou engraçadas até mesmo as situações mais macabras da película, como os escalpos aos inimigos abatidos e as execuções feitas com taco de baseball pelo "Urso Judeu" Donny Donowitz (Eli Roth). Junte a isso um Coronel alemão cínico e inescrupuloso (interpretado brvamente pelo ator Christoph Waltz), um Adolf Hitler (Martin Wuttke) completamente afetado e caricato e uma atriz que nas horas vagas é agente dupla a favor dos aliados (interpretda por Diane Krüger) e pronto: tem-se a nova loucura tarantinesca!
O filme contém toda a marca de Tarantino, mas sobressai-se a tudo que já foi feito pelo diretor até aqui. Embora prejudicado pela duração demasiada de 153 minutos e não se tratando de seu melhor filme (fica devendo, pelo menos, para Pulp Fiction, Jackie Brown e para o primeiro Kill Bill), a valorização de planos e paisagens, a troca de ambientação e a (mais uma vez) boa trilha sonora, escolhida pelo próprio Tarantino, contribuiram para uma inovação em seu trabalho e para deixar uma boa impressão na péssima safra de filmes que tem culminado em 2009, segundo alguns, motivada pela greve dos roteiristas ocorrida no ano passado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

FALL SEASON 2009/2010: IMPRESSÕES

Nas linhas a seguir farei um apanhado das séries que estou acompanhando atualmente, em sincronia com a exibição nos Estados Unidos. São 2 séries estreantes e 6 que já podem se considerar veteranas, organizadas por ordem de antiguidade.
Ainda não consegui chegar em Nip/Tuck, que já tem 2 episódios novinhos em folha para assistir, mas em breve corrigirei esse lapso. E isso sem contar que quando janeiro chegar tem mais uma rodada de Damages e em fevereiro tem a última temporada de Lost!

DESPERATE HOUSEWIVES (6ª TEMPORADA)

Há quem ache que Desperate Housewives já esteja merecendo um encerramento. Entrando na 6ª temporada, a série que conta as desventuras de um grupo de donas-de-casa em um subúrbio americano não mostra grandes evoluções já faz um bom tempo: tudo gira em torno do casa/descasa das senhoras, filhos infernizantes e vizinhos misteriosos ou psicopatas que vêm e vão a cada ano. O clima de mistério que se tinha no início, a graça que havia nas trapalhadas do quarteto Susan (Teri Hatcher), Lynette (Felicity Huffman), Bree (Marcia Cross) e Gaby (Eva Longoria Parker) e as sutilezas que a série levantava sobre a vida nos subúrbios tornaram-se óbvias demais e repetitivas. As desesperadas continuam com bons índices de audiência lá fora e ainda são uma boa opção de distração, mas não passam disso - a série está cada vez mais próxima do formato novela, com arcos desimportantes e arrastados ocupando espaço das tramas principais e um eterno déjà vu de situações, que progride em uma temporada e volta à mesma estaca zero na seguinte. Para quem já chegou até aqui, não há porque não continuar acompanhando, mas confesso que minha expectativa é bem menor em relação a outras séries que estão bem mais interessantes e promissoras no momento.

SUPERNATURAL (5ª TEMPORADA)

Já na 5ª temporada de Supernatural, os irmãos Dean (Jensen Ackles) e Sam (Jared Padalecki) Winchester têm que achar uma solução para mandar o próprio Lúcifer de volta para o inferno. Além da eminência do Apocalipse, o caos assolando o planeta e toda a gangue de Satanás aprontando na Terra, a dupla ainda tem que encarar diferenças pessoais, a invalidez do amigo e pai substituto Bobby (Jim Beaver) e a falange dos anjos de Deus, sempre na cola dos dois. Dá para se dizer que a série evoluiu desde sua estréia em 2005: a produção consegue manter um padrão no formato, traz boas piadas, sustos, ação, dramas (embora pequenos) e formou um arco interessante em torno dos demônios, o que tem segurado a audiência e mantido a história no ar com boa aceitação do público, sobretudo o adolescente. Fala-se do término da série nesta temporada. Embora seja cedo para qualquer confirmação, há rumores também do fechamento do arco envolvendo os demônios e da criação de um novo para dar continuidade à série. Se Supernatural seguir os passos de Smallville, sua co-irmã de canal, tão cedo o Impala dos Winchester não descansará da estrada... Aguardemos!

HEROES (4ª TEMPORADA)

Acreditando no dito popular de que "não adianta chorar sobre o leite derramado", Heores promete não perder mais tempo e tenta desfazer a má impressão deixada pelas últimas 2 temporadas. Com uma excelente e empolgante temporada inicial, a série se perdeu na hora de dar a sequencia, com viagens no tempo impossíveis de se entender, uma sobrecarga de personagens que não tinham nada a dizer, amarrações mal feitas, vilões sem carisma e situações impossíveis de se contornar. Com a corda no pescoço, a série começou a sentir o aperto com a queda da audiência, uma avalanche de críticas negativas e o anúncio de uma redução de episódios para a fall season 2009/2010 (serão 19 ou 20 episódios, contra 25 creditados na temporada anterior). Se não houver melhoria na situação, um cancelamento será eminente. Felizmente, o produtor Tim Kring e sua equipe puxaram as mangas e estão trabalhando para colocar a série nos eixos: retomaram como personagens principais praticamente o mesmo grupo da temporada inicial, eliminaram o excesso de bagagem de personagens desnecessários, reduziram as viagens no tempo e as profecias futurísticas, centraram cada "herói" em seu próprio arco e estabeleceram um cenário que, se bem conduzido, promete trazer a excelência que garantiu a Heroes um status de excelência em seu início. A escalação do ator Robert Knepper (o T-Bag de Prison Break) para viver o vilão Samuel Sullivan foi um dos acertos desta nova temporada, que, se continuar evoluindo como o fez nos 7 episódios vistos até aqui, será marcada pelo retorno da diversão, da ação e da expectativa em torno deste interessante grupo de pessoas com habilidades especiais.

BROTHERS AND SISTERS (4ª TEMPORADA)

Depois de um péssimo Season Finale, um dos piores já vistos, Brothers And Sisters retorna para a quarta temporada, por enquanto menos cômica e prometendo uma boa carga dramática para arrebatar os ânimos. A ausência de Tommy (Balthazar Getty), o clímax da temporada anterior, foi preterida pelos demais temas da nova temporada e, embora o personagem continue na história, ainda não deu os ares da graça em nenhum dos 5 capítulos que já foram ao ar. Sarah (Rachel Griffiths) esteve sumida no início da temporada, mas isso em consequencia de sua intérprete ter tido bebê há pouco tempo - a moça já retornou de vez à série. As pontas soltas da terceira temporada se amarram e cedem vez ao casamento de Justin (David Annable) e Rebecca (Emily VanCamp), à adoção de um bebê por Kevin (Matthew Rhys) e Scotty(Luke MacFarlane) e à doença de Kitty (Calista Flockhart), o que tem causado certo derramamento de lágrimas, tanto nos personagens quanto neste que vos escreve. Tramas menores, como a eterna campanha eleitoral de Robert McCallister (Rob Lowe), os problemas financeiros da Ojai Foods nas mãos de Saul (Ron Rifkin) e Holly (Patricia Wettig) e a ambiguidade de conduta de Ryan Lafferty (Luke Grimes) começam a se desenvolver para garantir outros arcos no decorrer dos próximos 6/7 meses. E, com tantos problemas na vida da família Walker, a matriarca Nora (Sally Field) nem mesmo teve a chance de uma história para si - enquanto isso, ela segue ocupada se escabelando para resolver a vida dos filhos.

CALIFORNICATION (3ª TEMPORADA)

O sucesso do início desta 3ª temporada de Californication já garantiu ao doidão Hank Moody (David Duchovny) a certeza de uma quarta temporada no ano que vem. Lecionando em uma universidade, Hank agora tem um buffet de alunas, secretárias e professoras a sua disposição - e não é preciso ser vidente para sugerir que renderá muita confusão, sexo, sexo, sexo e mais confusão. A dificuldade na relação de Moody com a filha Becca (Madeleine Martin), agora uma adolescente rebelde, marcou como fator dramático os primeiros episódios e dá pistas do caminho que esta temporada, formada por 12 episódios, seguirá. As confusões do engraçado Charlie Runkle (Evan Handler) surgem na tentativa de reconquistar a ex-mulher Marcy (Pamela Adlon) e de escapar dos assédios de sua nova chefe (a monstruosa e "botocada" Kethleen Turner, em participação hilária e desbocada). São notáveis as ausências de Karen (Natascha McElhone, com uma curtíssima aparição até agora), que está em Nova York, e de Mia (Madeline Zima, em saída definitiva para participar de Heroes), que na história viajou para divulgar seu livro. Californication, mesmo pesada, é uma das séries adultas mais irônicas e bem humoradas da atualidade e merece todo o sucesso que vem conquistando - é o tipo de série que só vai terminar o dia que alguém imprescindível da equipe ou do elenco não a quiser mais fazer...

FRINGE (2ª TEMPORADA)

Eis uma série bacana: Fringe. Embora o que mais me agrade nela seja a lembrança da minha saudosa e venerada Arquivo-X, pela complexidade que se forma aqui temo por um novo Lost, cheio de mistérios que nunca terão explicação. Por outro lado, a série foge um pouco do formato com ligações entre todos os episódios, veiculando histórias avulsas em algumas semanas, poupando o desgaste da trama central e dando um fôlego para o público descansar do mesmo tema, conhecer novos mistérios e obter respostas para algumas questões que vão sendo levantadas. A indiferença inicial que havia com alguns personagens se tornou simpatia e, depois de se familiarizar com a série, é quase impossível não torcer pela séria agente Olivia Dunham (Anna Torv) na busca por respostas aos mistérios e aberrações que ela encontra em seu caminho. A 2ª temporada de Fringe segue os rumos da primeira, com um novo mistério envolvendo os personagens e uma nova cadeia de eventos. Está bem interessante e deve trazer mais sustos e ação, além das divertidas tiradas do excelente Dr. Walter Bishop (John Noble) e seu filho, o sombrio Peter Bishop (Joshua Jackson).

GLEE (1ª TEMPORADA)

Glee está cada dia melhor, divertida, cheia de tramas, ironias e críticas à sociedade - é uma série de adolescentes, mas não necessariamente para adolescentes -; sem contar que o formato dramédia musical emplacou e tornou-se um diferencial para a série. Fiquei feliz quando descobri que a 1ª temporada, inicialmente programada para 13 episódios, ganhou mais 9, totalizando os 22 padrões.

FLASH FORWARD (1ª TEMPORADA)

Flash Forward começou devagar e ainda está devagar, mas tem melhorando a cada episódio. Começam a surgir novas pistas e algumas peças estão a se encaixar, mas, em se tratando de uma temporada completa, com 22 episódios ou mais, ainda há muito o que esperar até o fatídico 29 de abril de 2010 prometido na série. Resta acompanhar para se saber se a série vai conseguir segurar o clima de suspense e expectativa sem se tornar monótona ou enrolada demais...


»JUKEBOX: A trilha sonora da postagem deste texto ficou por conta de Más, de Alejandro Sanz. Embora não seja o trabalho de debut do cantor espanhol, o álbum de 1998 foi o primeiro a estourar fora de seu país, por conta do megahit Corazón Partio

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ÉNTÃO É NATAL (?)

É engraçado como sempre arrumamos uma desculpa para tudo. Há quase um mês sem escrever por aqui, minhas desculpas são a troca de emprego, uma mudança de lar e um início de fall season intenso das minhas séries prediletas - todos vilões devoradores de tempo. Hoje arrumei um tempinho neste início de madrugada e vou redigir algumas linhas...
Quero contar que nesta quinta-feira, andando pelo Barra Shopping Sul, me deparei com uma árvore de Natal sendo montada, com direito a bolinhas, lâmpadas e outros adereços. A pergunta veio na hora: "Mas já"? Mais tarde, após uma sessão de cinema, constatei que se tratava da produção de um comercial, embora não me espantasse nem um pouco se a dita cuja já ficasse lá pelos próximos 3 meses.
Estamos a 70 dias do Natal ainda, mas muito próximos do início da exploração da data. Em poucos dias, lojas e shoppings estarão tomados de verde, vermelho e dourado, bonecos gigantes e todos os tipos de promoções e ofertas imagináveis. Nosso décimo-terceiro nem saiu e já tem uma multidão lá fora querendo garfá-lo...
Adoro o Natal e de certo modo até compreendo a exploração comercial que gira em torno da data comemorativa mais lucrativa para o comércio - o que me espanta nessa conversa é a pressa que as pessoas têm de ver o tempo passar! Mal chegamos na metade do mês de outubro e já tem gente celebrando o Natal, planejando o Revéillon, o verão e o Carnaval. Há quem diga que o ano já terminou. Por favor!
Tenho um amigo que há meses escreveu em seu MSN "Chegando o Natal", frase que acompanha uma contagem regressiva que ele começou há uns 2 anos e deve terminar em março próximo. Estou ciente de sua espera e acho saudável criarmos uma expectativa em torno do "depois", mas não podemos regular nossa vida sempre pelo que ainda está por vir: quem só mira adiante não enxerga o agora, não desfruta dele e, quando lá chega, se dá conta que sempre vai haver uma nova espera mais adiante...
Breve como é a vida, em vez da correria desenfreada, devíamos saber passar nosso tempo em vez de simplesmente fazê-lo passar. Tenho contas que não vejo a hora de me livrar, tenho transições pelas quais minha vida está passando e que quero ver estabilizadas, tenho pequenas conquistas em vista e tudo depende de tempo e paciência. Sou impaciente, impulsivo e ansioso, eu sei, mas não quero ver o tempo voando, envelhecer à toa e saber que o Natal chegou e não vi passar os últimos 2 meses. Quero poder curtir o dia de hoje, saborear um fim de semana demorado, ter tempo sobrando para dormir, ver TV, ir ao cinema, passear e, por que não, escrever mais por aqui e parar de pôr a culpa sempre no tempo?

»JUKEBOX: Já ouviram falar de Maria Gadú? Pois é, não paro de ouvir seu álbum de estréia, de título homônimo. Escrevi este post curtindo mais uma vez o som dessa paulistana de 22 anos que está de parabéns pelo bom gosto do repertório, pela bela voz e pela delícia de suas canções. Alguém que conseguiu transformar a horrpilante Baba de Kelly Key em um blues acústico delicioso merece, no mínimo, uma audição mais apurada.«


»MAURICIOPÉDIA: Então É Natal é uma versão em português do compositor Cláudio Rabello para a canção Happy Xmas (War Is Over) de John Lennon e Yoko Ono. É vastamente conhecida no Brasil e martelada mais e mais a cada Natal na voz da cantora Simone

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ELO PERDIDO NO CINEMA

Ainda inédito no Brasil, A Terra Perdida (Land Of The Lost, EUA, 2009) é uma tentativa decepcionante de homenagear a série de TV americana exibida aqui no Brasil pelo SBT no início dos anos 80 com o título de O Elo Perdido. Quem foi criança nessa época lembra bem da família Marshall - o pai Rick e os filhos Will e Holly, que caem de uma cachoeira e vão parar em outro tempo e outro mundo, uma terra cheia de mistérios, dinossauros e criaturas assustadoras (quem não lembra dos barulhos terríveis dos sleestaks?). Durante a série, que durou 3 temporadas exibidas originalmente nos EUA entre 1974 e 1976, o trio passa tramando a fuga daquele mundo, sempre sem sucesso, e conta ainda com a ajuda de um primata da raça Pakuni chamado Cha-ka.
Pegar essa premissa e recriar no cinema o mundo e as criaturas da série com as tecnologias disponíveis nos dias de hoje renderia uma boa franquia, não fosse a incompetência do roteiro, da direção e da maioria do elenco desta produção atual. Na história, Rick Marshall (o sofrível Will Ferrel) é um cientista que cria um aparelho capaz de viajar no tempo e no espaço. Seus filhos foram convertidos na pesquisadora Holly Cantrell (Anna Friel, a protagonista da série Pushing Daisies e a única presença digna de alguma atenção aqui) e no guia turístico Will Stanton (o desconhecido e canastrão Danny McBride) que, juntamente com Marshall, vão parar na tal terra perdida (qual o propósito de alterar até a tradução do título para o português?). Lá encontram desertos, florestas, vales cheios de dinossauros, criaturas conhecidas como sleestaks e pakunis, dentre os quais, Cha-ka, divertido e ingênuo na série original, aqui é reduzido a um palhaço, interpretado por um tal de Jorma Taccone. O resto nem vale a pena contar...
Em condições normais, este é um tipo de filme que não mereceria nada mais do que um alerta para não ser assistido, não fosse a desfiguração de um clássico da infância de muita gente da geração anos 80. Mesmo com efeitos especiais toscos e poucos recursos, a série divertia, assustava e levantava suspense. OK, alguém vai dizer que "quando a gente é criança é mais legal, depois perde a graça", e é aí que vou fazer a defesa: em 2008 foram lançadas as 3 temporadas em DVD no Brasil, as quais dediquei tempo e dinheiro para assistir. Confesso que me diverti muito, quase tanto quanto antigamente.
Em termos de efeitos especiais e construção das criaturas, vê-se que foi gasta uma quantia considerável, pois ficou tudo perfeito, mas isso é só o que presta - a perseguição por risos fáceis fez denegrir até a personalidade dos dinossauros. Com enredo fraco, roteiro ruim, personagens execráveis e uma transposição mal feita da série de origem, o filme não possui identidade e chuta para todos os lados: tenta criar um drama ralo de superação, tenta ser engraçado, tenta flertar, sem sucesso, com a ficção científica, tenta impor ação, tenta, tenta e só tenta... Aliado a piadas de mau gosto, envolvendo escatologias e conotações sexuais desnecessárias, além das péssimas interpretações, A Terra Perdida devia mesmo era se chamar O Tempo Perdido. Graças a esse fiasco, algo que poderia acender a curiosidade da nova geração e proporcionar bons momentos aos fãs e saudosistas, vai deixar O Elo Perdido mais perdido ainda... no esquecimento!

»JUKEBOX: Este post foi escrito ao som do álbum de estréia da cantora australiana Natalie Imbruglia, datado de 1998 e entitulado Left Of The Middle. Nele aparece seu maior sucesso até hoje, Torn


»MAURICIOPÉDIA: A falta de talento atinge até mesmo os pôsteres do filme. Portanto, a imagem deste post corresponde a uma foto da série original - nela, Rick, Will e Holly Marshall, acompanhados do pakuni Cha-ka.«

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

FLASH FORWARD: O NOVO LOST?

Setembro de 2009, 11 horas da manhã: um apagão de consciência coletivo atinge toda a população do globo. O apagão dura exatos 2 minutos e 17 segundos. Ao acordar, ninguém se lembra do que aconteceu a sua volta durante esse tempo, mas recorda de acontecimentos presenciados no futuro.
Partindo dessa premissa e ambientada em Los Angeles, Flash Forward é a nova série da emissora americana ABC que chega, segundo alguns, para alimentar a fome de mistérios dos seriemníacos que ficarão órfãos de Lost a partir de maio de 2010, quando a série concluirá sua sexta e última temporada lá fora.
No elenco, os nomes mais conhecidos são os de Joseph Fiennes (ator inglês de cinema, que protagonizou, entre outros filmes, Shakespeare Apaixonado e Lutero) e Sonya Walger (a Penelope Widmore do já citado Lost).
O episódio-piloto, entitulado No More Good Days (algo que pode ser traduzido como "Bons Dias Nunca Mais"), apresenta os eventos do apagão, introduz alguns personagens e deixa para o espectador um fio de mistério que há de ser tecido no decorrer da primeira temporada. Embora intrigante, o episódio é meramente razoável e não se prende muito aos personagens - tudo gira em torno do apagão, desde a preparação do cenário, o acontecimento em si e suas consequências. As cenas de perseguição e os acidentes exibidos foram bem filmados e injetam certa emoção à história no decorrer de seus 43 minutos. O roteiro belisca em algumas feridas dos personagens para incorporar um tom dramático junto à trama, o que deve dar algum caldo mais adiante.
Teorias conspiratórias, viagens no tempo e eventos sobrenaturais são alguns dos elementos que podem surgir para dar resposta ou aumentar mais ainda este novo mistério televisivo. As evidências apresentadas no episódio-piloto levam a crer que pode estar surgindo um assemelhado de Lost, tanto pela estrutura do show quanto pela temática. Façam-se votos para que a série se sobressaia a tais comparações, ou ainda, não se torne um nó de impossibilidades e falta de explicações e não tome o mesmo ritmo de sobe-e-desce de sua "matriz".

»JUKEBOX: A trilha sonora da construção deste post foi o álbum V da Legião Urbana, de 1991.«


»MAURICIOPÉDIA: Flash Forward estréia oficialmente na TV americana no próximo dia 24/09 e não tem previsão ainda de estréia no Brasil. Já existe uma versão de qualidade regular do episódio-piloto disponível para download, que, segundo divulgação, simplesmente "vazou" na Internet.«

terça-feira, 15 de setembro de 2009

ADRIANA CALCANHOTTO EM QUALQUER COISA DE INTERMÉDIO

Quem teve o privilégio de assistir nesta terça-feira (14/09) ao espetáculo Qualquer Coisa de Intermédio de Adriana Calcanhotto na edição 2009 do festival Porto Alegre em Cena, saiu do Theatro São Pedro, na capital gaúcha, maravilhado. Adriana proporcionou à platéia uma noite em Portugal. Segundo a própria cantora, esse show especial até então havia sido apresentado uma única vez, em Paris, em 2007.
A cantora gaúcha radicada no Rio mostrou um espetáculo cênico, musicalmente diferente e competentemente produzido: figurino, cenografia, iluminação e banda - tudo em perfeita harmonia! No repertório, entre outras preciosidades, interpretações para Fernando Pessoa e Mario de Sá-Carneiro, poesia provençal, um pouco de nossa MPB e muito fado da "terrinha", incluindo a participação mais que especial da fadista portuguesa Mísia, em um trabalho emocionante.
Adriana, linda em um vestido de malha preto até os pés, mostra que tem presença de palco também como intérprete teatral - assim como canta, lê e incorpora as letras e os poemas. Sempre contida, sua bela e suave voz não se intimida nem mesmo ante à voz poderosa de sua convidada portuguesa e nos presenteia com alguns belos duetos. Em momentos de descontração, Calcanhotto se dirige com simpatia ao público, agradece, conta passagens curiosas e até ensina: ela explica, por exemplo, que o fado é uma música que se pode colocar outra letra em cima da melodia, sem precisar alterá-la.
A música e a poesia lusitana se fundem neste belíssimo espetáculo, deixando algumas brechas para Adriana homengear ainda mestres de nossa música que flertam com a música portuguesa, como Caetano Veloso (em Os Argonautas) e Chico Buarque (em Fado Tropical). De seu repertório, somente o recente sucesso Três (Marina Lima / Antônio Cícero) e a divertida Formiga Bossa-Nova (do álbum Adriana Partimpim, cuja gravação do seu sucessor a cantora confessou em primeira mão ter finalizado no último final de semana).
Como comentado após o show, seria bem-vindo um registro oficial. Por enquanto, prefiro acreditar que foi uma oportunidade especial poder presenciar uma apresentação ímpar, que, assim como os amores dos poemas portugueses, deixa uma lembrança cheia de saudades.

»JUKEBOX: Este post foi escrito ao som do álbum mais recente de Adriana Calcanhotto, "Maré", lançado em 2008.«


»MAURICIOPÉDIA 1: A expressão "Qualquer Coisa De Intermédio", que dá nome ao show, foi extraída do poema "O Outro", de autoria do poeta português Mario de Sá-Carneiro. O poema foi escrito em 1914, musicado por Adriana e registrado em seu álbum ao vivo "Público", de 2000.«


»MAURICIOPÉDIA 2: Aos interessados, o site oficial da fadista Mísia é http://www.misia-online.com

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

FAMOSOS QUE DESAFIARAM DEUS

Chega a ser engraçado comentar um Power Point que recebi por e-mail hoje, entitulado "Famosos que Desafiaram Deus". Nele, histórias sobre pessoas que blasfemaram ou debocharam de alguma forma contra Deus, Jesus Cristo ou o cristianismo e que acabaram vítimas de tragédias ou derrotas. Espertamente, a apresentação não puxa o assado para a brasa de nenhuma religião em específico, tampouco contém os créditos do ocupadíssimo autor que a criou.
Curioso como ainda tem gente que acredita nesse Deus tirano e vingativo. Cometemos erros e blasfêmias diariamente - ainda assim, como dizer que estamos sempre sendo castigados por Deus, quando muito do que acontece de ruim conosco, muitas vezes são consequencias do que nós mesmos desencadeamos? Se Deus fosse aniquilar a todos que um dia blasfemaram, fizeram alguma piada sobre Ele ou que usaram Seu santo nome em vão, só sobrariam os crentes fervorosos, e ainda assim eu tenho minhas dúvidas!
Nos dias de hoje, onde a liberdade religiosa é um direito adquirido, cada um acredita no que quiser. E é exatamente através desse gancho que alguns religiosos fanáticos (ou mal intencionados) criam sua prerrogativa para a manutenção da fé: crime e castigo, inferno, purgatório e sofrimento eterno para aqueles que se desviam dos caminhos "do Senhor" - muitos instituídos pela própria religião, e sem fundamento. É importante ter fé e acreditar em algo além do material, eu acho, mas o que questiono é a fé cega: uma fé sem dúvidas e sem incertezas do que é verdadeiro, sem uma distinção exata do que é certo ou errado perante Deus e perante nós, os "irmãos" na Terra.
Se Deus existe (e eu acredito que exista mesmo, diferente da forma de um velhinho de barba que fica em cima de uma nuvem), que outro seria o nosso propósito neste planeta, senão o aprendizado e a evolução? Deve existir punição em algum outro plano para o qual vamos, mas a punição é retroativa ao que fizemos de mal aos outros ou a nós mesmos e não ao que fizemos que vá contra qualquer crença ou pregação. Para os vitimados, que outra explicação senão a fatalidade ou o próprio destino? Não esqueçamos que o acaso também existe! Ou, por essa visão, as vítimas das guerras, dos acidentes e da violência que vemos diariamente nada seriam além de um bando de pecadores que, em côro, ofenderam a Deus?
Segundo essa "Teoria da Conspiração Celestial", John Lennon tomou 5 tiros porque disse que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo, e não porque um doido varrido resolveu matá-lo gratuitamente. O Titanic afundou porque seu construtor afirmou que nem Deus o afundaria, e não porque colidiu contra um iceberg. A mais cômica de todas afirma que Brizola não se elegeu presidente em 1990 porque disse que seria até capaz de aceitar o apoio do diabo para ganhar a disputa - parece que a alta rejeição dele como candidato, seu histórico de desafetos, a pouca força de seu partido na eleição e a preferência popular por Collor não contaram. Aparecem na lista também Marilyn Monroe, Cazuza e Tancredo Neves, entre outros - e faltou Kurt Cobain que escreveu na letra de "Stay Away" a frase "God is gay (Deus é gay)".
Madonna que se cuide! Se por muito menos esses famosos tiveram finais trágicos, imagina o que a espera, tendo um caso com Jesus...

»MAURICIOPÉDIA: A citada "Stay Away" foi gravada pelo próprio Nirvana, banda da qual Kurt Cobain foi líder, vocalista e guitarrista. A canção encontra-se no álbum "Nevermind", de 1991, considerado um dos maiores álbuns de rock de todos os tempos.«

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ESTIQUE O BRAÇO

O comercial anuncia mais ou menos assim: "Porto Alegre tem um novo sinal de trânsito. Em faixas de segurança que não têm sinaleira, estique o braço, espere os carros pararem e atravesse com segurança. E se você estiver dirigindo, ao identificar o sinal, pare e dê a preferência ao pedestre.".
Sim, um braço é a solução que a prefeitura achou para garantir a segurança na travessia de pedestres, desafiando máquinas motorizadas e comandadas por seres conscientes da preferência do pedestre, mas apressados, sem paciência com o trânsito cada vez mais intenso e com uma tradição antiga de só parar em sinaleira - e olhe lá!
Trata-se de uma campanha "furada" e dispendiosa, na tentativa de repassar ao cidadão o trabalho de estabelecer parte da ordem no trânsito, em detrimento dos profissionais designados para isso, que provavelmente estão mais ocupados aplicando multas para cumprir suas metas mensais.
Será que alguém mais enxerga o perigo disso? Se na maioria das vezes os veículos não param para um corpo inteiro sobre a faixa de segurança, o que será de um mísero braço? O que chamam de solução agora, pode terminar sendo um problema a mais...
A chave para o fim do problema, se há mesmo um problema, deve começar na educação individual do cidadão, para aí sim se pensar em educação no trânsito. Em um país onde se joga lixo no chão, se fura fila, se fala no celular dentro do cinema e do teatro e se compra CDs e DVDs piratas como se fosse normal, sem o sofrimento de punição alguma, como esperar que um motorista vá ceder vez ao pedestre por causa de um sinal de braço?
A solução está em um membro mais acima no nosso corpo, chamado cabeça. O dia que ela for usada corretamente, ninguém vai precisar do braço para atravessar a rua.
Quer um trânsito melhor? Opte e contribua com o incentivo à educação dos motoristas e pedestres, e não ao crescimento desenfreado do número de carros nas ruas.
Para mais informações sobre a campanha, acesse o site oficial: http://www.novosinal.com.br/.

»JUKEBOX: Este post foi escrito ao som de "Nos Botequins Da Vida", álbum de Beth Carvalho de 1977.«


»MAURICIOPÉDIA: "Estique O Braço" é também o nome de uma música do conjunto de pagode/axé Patrulha do Samba, sucesso popular do final da década de 90.«

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

GLEE: SERÁ QUE VAI PEGAR?

Nesta quarta-feira, mais precisamente hoje, entra oficialmente na grade televisiva dos EUA Glee, a nova série do criador Ryan Murphy, o mesmo de Nip/Tuck. Após a boa recepção do episódio-piloto, exibido pela emissora Fox em maio deste ano, o segundo, entitulado Showmance, abre a participação da série na fall season 2009/2010 e dá continuidade semanal a esta primeira temporada, prevista inicialmente para ter 13 episódios.
É difícil julgar uma série por seu piloto, mas através dele já pode-se ter um norte do que está por vir - e neste critério Glee mostrou que tem gás, apresentando um piloto que, depois de 10 minutos iniciais de estranheza, achou o tom e se apresentou de forma competente. Resta saber se esse gás vai longe...
Vamos aos fatos:

1 - A temática da série gira sobre um grupo de estudantes (a maioria estereotipados, discriminados e considerados "perdedores") de uma escola de ensino médio que decidem participar de um coral (o tal Glee Club). Isso pode ser um grande atrativo para os jovens e render boas histórias, mas também pode se tornar apenas mais um clichê, se mal conduzido. A identidade de uma faixa etária pode ainda não chamar a atenção do público adulto, que representa a fatia maior do público televisivo.

2 - Glee é uma dramédia musical. Em tempos em que American Idol e High School Musical são absolutos na preferência do público, as chances da série alcançar seu lugar ao sol da audiência são grandes. Por outro lado, por ser um musical que não segue a fórmula tradicional do gênero, isso pode se virar contra a própria série.

3 - Ryan Murphy tem prestígio e know-how suficientes para segurar a peteca da história. Em contrapartida, Glee é algo tão novo para ele quanto para os espectadores, que estão pela primeira vez vendo uma série nesse formato. Embora no piloto a série dê pistas de que vai se embrenhar no terreno do politicamente incorreto, não há como se aproximar do que é ou do que já foi Nip/Tuck em termos de temática bizarra e ousada, o que significa que não há garantia alguma de que os fãs da série médica vão simpatizar também com o musical.

4 - As estatísticas atualmente lutam contra as séries: devido ao grande número de séries novas despejadas na televisão americana a cada ano (é uma praga muito maior que a disputa das novelas no Brasil), da exigência do público e da sucessiva impressão de déjà-vu deixada por grande parte delas, as chances de qualquer série dar errado são muito maiores do que as chances de dar certo. Ou a série cai na graça do público ou precisa ser muito boa, sendo que o segundo critério também não garante sua permanência no ar (vide, por exemplo, as recente e precocemente finadas Jericho e Pushing Daisies). A produção de séries aumenta a cada ano e o espaço é cada vez mais disputado - as exigências por audiência das redes de TV e a quantidade de opções cresce tanto a cada ano que, se já fosse assim 4 ou 5 anos atrás, possivelmente não haveria a perpetuação de séries hoje consagradas e que seguem firmes e fortes com suas temporadas já bem avançadas na linha do tempo.

5 - Identificação com o elenco: o que se vê é que a molecada canta muito bem, mas o elenco é composto basicamente por anônimos. Alguns rostos são conhecidos por pontas em outras séries (a professora de Ed. Física era também professora de Ed. Física na escola de The New Adventures Of Old Christine, a professora com transtorno obsessivo-compulsivo foi uma garçonete com a habilidade de decorar tudo que lia na primeira temporada de Heroes e a esposa do professor regente do coral era a bruaca e odiada Gina de Nip/Tuck) e mais nada. A série enfrentará o desafio de se firmar como um show popular e também para firmar seu elenco entre os nomes conhecidos do grande público, o que é mais uma evidência de sucesso.

Vamos ver no que dá, pois a caminhada é longa. Acredito que Glee fará uma temporada de estréia bem sucedida, mas não creio que a série vá passar de 3 ou 4 temporadas sem se tornar cansativa, embora eu hoje torça para que possa ir bem mais longe que isso. Nunca se sabe, estou apenas fazendo a minha aposta. Gostei bastante, simpatizei com os personagens, me empolguei com alguns dos números musicais e recomendo a todos que puderem assistir, desde que gostem do gênero musical, é claro!


»JUKEBOX: A trilha de hoje foi o álbum mais recente de Zélia Duncan, entitulado "Pelo Sabor Do Gesto". O álbum conta com participações de Fernanda Takai e Chico César. No repertório, a bela "Telhados De Paris", mais conhecida na voz de seu autor, Nei Lisboa


»MAURICIOPÉDIA: "Nip/Tuck" está com seu final previsto para a sexta temporada, que começa a ser exibida no início de 2010.«

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ANTICRISTO

A falta de tempo e a preguiça me deixaram mais de um mês sem escrever, mas agora volto para dar uma pincelada em algo que acho que vale a pena ser dividido com meus 2 ou 3 leitores.
Sem paciência para esperar alguma sala de cinema em Porto Alegre se prestar a colocar em cartaz Anticristo, o novo filme do diretor (e fera, em minha humilde opinião) Lars Von Trier, recorri mais uma vez à Internet para saciar a minha curiosidade.
Após saber sobre o frisson causado no último Festival de Cannes e ler duas críticas positivíssimas de imprensa especializada (revista Veja e site Omelete), a expectativa ficou grande em torno da nova cria do diretor dinamarquês, que envolvia sexo explícito, drama e terror psicológico. Isso sem contar a quebra de paradigma do próprio Von Trier, que deixou de lado a estética do movimento Dogma 90 e optou por um formato convencional para contar a sua história, com direito a trilha sonora e efeitos visuais.
Também de autoria do diretor, Anticristo narra a história de um casal que perde o único filho ainda bebê e, como forma experimental de terapia para conter a depressão em que a esposa se afunda, o marido decide isolá-los em uma cabana no meio da floresta. E é lá que mora o tão prometido terror...
Protagonizada por Willem Dafoe (mais conhecido por ser o Duende Verde da franquia Homem-Aranha) e pela francesa Charlotte Gainsbourg, a história, dividida em atos (a exemplo dos recentes Dogville e Manderlay, também do mesmo diretor), é realmente assustadora no quesito psicológico e no que dói aos olhos - desespero, psicose e cenas impressionantes andam lado a lado por todos os 109 minutos de duração da película.
Ponto para Von Trier que, embora não tenha acertado muito a mão desta vez e criado um conto bizarro demais e, por que não dizer, de difícil compreensão, ainda assim o fez do seu modo: diferente, pesado e envolvente para o espectador. Embora as cenas de sexo e de violência ainda sejam menos do que é vendido no boca-a-boca, já são suficientes para arrepiar a espinha de qualquer um.
Não há conclusões. Achei melhor escrever enquanto o filme estava fresquinho na memória. Em uma oportunidade mais propícia pretendo reassistí-lo para chegar mais próximo de um veredito diferente de "confuso". Quem sabe se estrear por aqui? Por enquanto vou tentando esquecer algumas coisas, principalmente no que diz respeito aos animaizinhos que aparecem vez ou outra para chocar ainda mais...

»JUKEBOX: A criação deste post teve como trilha sonora o álbum de debut do cantor Seal, de 1991. Entre os sucessos, "Killer", "Future Love Paradise" e, é claro, a matadora "Crazy".«