segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CINEMA: É PROIBIDO FUMAR

Em É Proibido Fumar (Brasil, 2009), Glória Pires vive Baby, uma professora de violão, mulher comum e fumante compulsiva. Baby leva uma vida meio vazia, afogada em meio a quinquilharias e móveis velhos do apartamento onde mora, herança de sua falecida mãe. Ela se apaixona fácil, e não foi diferente com o novo inquilino do apartamento ao lado, o misterioso Max (Paulo Miklos). Max é músico e professor - cheio de gírias e de um estilo meio bicho-grilo. Não leva muito até que ele e Baby se envolvam em um romance cheios de altos e baixos, com direito a reaparecimentos de ex-namoradas, desconfianças e ciúmes por parte de Baby e um incidente que virá a dar uma guinada diferente na história.
A diretora Anna Muylaert, a mesma do maluco Durval Discos e também escritora do excelente O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias, dosa bem a história e ao mesmo tempo faz uma brincadeira e uma homenagem à classe média baixa, maioria dominante de grandes cidades brasileiras como São Paulo, onde o filme é ambientado. Basta uma mínima atenção para detectar sinais de breguice, de saudosismo e de simplicidade nos personagens e em seus habitats - as caracterizações e os diálogos estão ótimos: sem finésse, sem artificialidades e sem rodeios, típicos do brasileiro comum e alheios à tendência dos filmes com cara de novela, comumente produzidos no país. Ao contrário do que possa parecer, não há um discurso anti-tabagista, muito em evidência nos dias atuais - muito pelo contrário: o cigarro é um personagem com papel definitivo na história.
É Proibido Fumar é um filme direto e divertido, que não se leva muito a sério e está ali para mostrar o comum, para contar pequenas histórias, muitas delas velhas conhecidas do nosso cotidiano. O filme consegue tirar graça da rotina de forma inteligente e prova que em tudo pode haver relevância ou beleza, desde que haja uma boa história por trás para ser contada.

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