quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CINEMA: CONTÁGIO

"Nada se espalha como o medo" - o slogan de promoção do novo filme de Steven Soderbergh (diretor da triologia Onze / Doze / Treze Homens E Um Segredo e Erin Brockovich) é o que melhor o resume. Diante de um novo vírus que ataca o organismo humano como um resfriado e em poucos dias afeta o sistema cerebral, levando o indivíduo à morte, o cineasta apresenta uma história honesta de como a humanidade não está preparada para situações limite e do importante papel que o pânico exerce nesses momentos.
A tensão que se estabelece na fita, sobretudo nos momentos iniciais, quando se passa a perceber como o vírus se espalha, não necessita de apelos, pois é sutil e progressiva. Um universo de eventos desencadeados com a doença dita o andamento da história, envolvendo cientistas, burocratas, pessoas infectadas, amedrontadas, aproveitadores e teóricos da conspiração.
O que de melhor Contágio (Contagion, 2011) tem são seus personagens: embora seja um vai-e-vem de cenários e personagens distintos, tudo está muito bem costurado e o elenco estrelar colabora em grande parte com o êxito da trama. O sexteto formado por Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Kate Winslet, Laurence Fishburne, Jude Law e Marion Cotillard é, por si só, um atrativo a seu favor. O único tropeço de Soderbergh aqui é o ritmo: o filme é demasiado burocrático e seus 100 minutos de duração tornam-se intermináveis em certo ponto. Verdade que, a exemplo do material promocional, o tom amarelado da película também causa um certo desconforto, mas nem por isso Contágio deixa de ter mensagem e inteligência - artigos raros no mercado hollywoodiano dos dias de hoje.

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