terça-feira, 8 de novembro de 2011

CINEMA: OS 3

Em tempos de Internet, redes sociais, consumo em massa e reality shows, o filme do diretor Nando Olival vem a calhar, não como discurso negativo sobre qualquer uma dessas realidades, mas como instrumento de entretenimento e reflexão sobre onde termina o que é real e começa o que não é. Os 3 (Brasil, 2011) é uma grande brincadeira com verdades e mentiras, bem arquitetada, de modo a não deixar o espectador, aqui fazendo o papel de voyeur, indiferente.

Cazé (Gabriel Godoy), Rafael (Victor Mendes) e Camila (Juliana Schalch) são jovens estudantes de comunicação recém-chegados do interior que se conhecem por mero acaso em uma festa e decidem morar juntos. Daí surge uma superlativa amizade entre o trio, sob o pacto de nunca se envolverem emocionalmente ou sexualmente. É evidente e nenhuma surpresa que o pacto não funciona e servirá de pivô para todas as derrocadas na história dos três amigos. Até aí teríamos mais um genérico de Três Formas De Amar (Threesome, 1994) ou Os Sonhadores (The Dreamers, 2003), mas a fita possui um trunfo em sua trama que a torna mais interessante.

Um projeto criado pelo trio para a faculdade propõe a instalação de câmeras em um apartamento, como em um Big Brother, onde produtos são expostos como de uso da casa e os clientes que assistem ao programa podem comprar online esses produtos ali exibidos. A ideia é abraçada por uma empresa que propõe que eles mesmos sejam os protagonistas deste reality shopping, o que se revela um verdadeiro fracasso em um primeiro momento. Somente quando, por acaso, começam a ocorrer brigas e cenas quentes entre os três, o negócio vira um sucesso e as fronteiras entre realidade e fingimento começam a se fundir, levando todos a conflitos que colocarão seu relacionamento à prova. Amizade - Amor - Paixão - Tesão: com estas 4 palavras-chaves a trama se apresenta e, (por que não?), se resume.

Os 3 é o tipo de filme pelo qual não se dá grandes coisas à primeira vista, mas acaba surpreendendo. Dono de uma trama interessante e com conteúdo - às vezes até divertida - , boas interpretações com pitadas de improviso e leite tirado de pedra com um orçamento curto e cenários limitadíssimos, o filme cumpre com competência sua missão enquanto distração, mensagem e sabe terminar na hora certa, de forma também satisfatória. É provável que passe batido pelos cinemas, embora seja digno de mais atenção.

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