
Adaptado do livro infantil de mesmo título do escritor Maurice Sendak e dirigido por Spike Jonze, Onde Vivem Os Monstros (Where The Wild Things Are, 2009) à primeira vista parece um filme infantil, mas é algo que vai muito além - confuso para as crianças e, no mínimo, subjetivo para os adultos.
O garotinho Max (Max Records), nos meados de seus 9 ou 10 anos, é uma criança padrão dos dias de hoje: desobediente, demasiado arteiro e fora de controle, do tipo que sobe na mesa de jantar de sapatos e morde a própria mãe (Catherine Keener). Max é ainda imaginativo, incansável e solitário, vestido em sua fantasia de lobo. E é justamente em uma de suas aventuras imaginativas que o garoto encontra um barquinho atracado na água, entra nele e navega até uma ilha muito, muito distante, habitada somente por monstros. Os monstros, de aparências, tamanhos e tipos diferentes, a princípio mostram-se selvagens e têm por desejo devorá-lo, mas ele logo os convence de que é um ser importante e termina por ser coroado rei daquelas criaturas. Na ilha Max vai conviver com as aventuras, os medos e os dramas dos monstros, em sequências ora encantadoras, ora estranhíssimas e descabidas.
Onde realmente vivem os monstros fica evidente: a mente de Max é sua própria ilha, formada por florestas devastadas, colinas, desertos e praias ensolaradas. A pergunta mais relevante é sobre quem são os monstros afinal. Temos desde o instável Carol (o personagem da foto, voz de James Gandolfini) até a bondosa KW (voz de Lauren Ambrose), passando pela egoísta e manipuladora Judith (voz de Catherine O'Hara) e pelo complacente Alexander (voz de Paul Dano), além do pássaro Douglas (voz de Chris Cooper), o grandalhão Ira (voz de Forest Whitaker) e o sinistro touro sem nome (voz de Michael Berry Jr.). São monstros com vontades próprias, com personalidades fortes, com virtudes e muitas falhas - não fossem suas aparências e deformações, seriam moldes perfeitos de seres humanos. Os monstros representam o melhor e o pior em Max, em um momento unidos e aconchegantes, em outro brutos e ferozes. São ingênuos, são ignorantes, são possantes, são infelizes, são famintos, são carentes. Max tem na ilha a maior viagem de sua vida, uma descoberta dentro de si mesmo, na companhia de monstros que ele mesmo criou, que ele mesmo governou, dois quais ele precisou fugir e que tentaram friamente lhe devorar.
O diretor Spike Jonze é dado a títulos mais alternativos. Egresso dos videoclipes, dois filmes que ficaram famosos em suas mãos foram Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999) e Adaptação (Adaptation, 2002). Com o livro de Sendak em mãos, ele e Dave Eggers escreveram o roteiro e extravasaram todas as ideias que poderiam ter sido concebidas para o filme. Aliado à mescla de live-action com animação em CGI, o diretor criou um ambiente adequado para o filme, concebeu monstros incrivelmente reais e adicionou movimentação à história do garoto Max. A presença dos monstros torna o filme engraçadinho, mas de modo geral o resultado final é médio. Nas suas inconstâncias, os monstros são explosivos e deixam muito para a nossa interpretação. Cansativo, pesado e irritante em muitos pontos, o filme convida bastante a pensar, mas nem sempre vale o esforço.
O garotinho Max (Max Records), nos meados de seus 9 ou 10 anos, é uma criança padrão dos dias de hoje: desobediente, demasiado arteiro e fora de controle, do tipo que sobe na mesa de jantar de sapatos e morde a própria mãe (Catherine Keener). Max é ainda imaginativo, incansável e solitário, vestido em sua fantasia de lobo. E é justamente em uma de suas aventuras imaginativas que o garoto encontra um barquinho atracado na água, entra nele e navega até uma ilha muito, muito distante, habitada somente por monstros. Os monstros, de aparências, tamanhos e tipos diferentes, a princípio mostram-se selvagens e têm por desejo devorá-lo, mas ele logo os convence de que é um ser importante e termina por ser coroado rei daquelas criaturas. Na ilha Max vai conviver com as aventuras, os medos e os dramas dos monstros, em sequências ora encantadoras, ora estranhíssimas e descabidas.
Onde realmente vivem os monstros fica evidente: a mente de Max é sua própria ilha, formada por florestas devastadas, colinas, desertos e praias ensolaradas. A pergunta mais relevante é sobre quem são os monstros afinal. Temos desde o instável Carol (o personagem da foto, voz de James Gandolfini) até a bondosa KW (voz de Lauren Ambrose), passando pela egoísta e manipuladora Judith (voz de Catherine O'Hara) e pelo complacente Alexander (voz de Paul Dano), além do pássaro Douglas (voz de Chris Cooper), o grandalhão Ira (voz de Forest Whitaker) e o sinistro touro sem nome (voz de Michael Berry Jr.). São monstros com vontades próprias, com personalidades fortes, com virtudes e muitas falhas - não fossem suas aparências e deformações, seriam moldes perfeitos de seres humanos. Os monstros representam o melhor e o pior em Max, em um momento unidos e aconchegantes, em outro brutos e ferozes. São ingênuos, são ignorantes, são possantes, são infelizes, são famintos, são carentes. Max tem na ilha a maior viagem de sua vida, uma descoberta dentro de si mesmo, na companhia de monstros que ele mesmo criou, que ele mesmo governou, dois quais ele precisou fugir e que tentaram friamente lhe devorar.
O diretor Spike Jonze é dado a títulos mais alternativos. Egresso dos videoclipes, dois filmes que ficaram famosos em suas mãos foram Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999) e Adaptação (Adaptation, 2002). Com o livro de Sendak em mãos, ele e Dave Eggers escreveram o roteiro e extravasaram todas as ideias que poderiam ter sido concebidas para o filme. Aliado à mescla de live-action com animação em CGI, o diretor criou um ambiente adequado para o filme, concebeu monstros incrivelmente reais e adicionou movimentação à história do garoto Max. A presença dos monstros torna o filme engraçadinho, mas de modo geral o resultado final é médio. Nas suas inconstâncias, os monstros são explosivos e deixam muito para a nossa interpretação. Cansativo, pesado e irritante em muitos pontos, o filme convida bastante a pensar, mas nem sempre vale o esforço.




14 de Janeiro, Bar Opinião, Porto Alegre - RS. Às 23:36, com 36 minutos de atraso, ela entra no palco, sob aplausos e euforia de uma platéia cheia, formada em sua maioria por mulheres. Maria Gadú, na flor de seus 22 anos, é uma menina com ares de moleque, franzina, um pouco desengonçada, tímida e aparentemente frágil. Suas canções são simples e suaves, sua voz é delicada e levemente rouca. Sua banda, formada por baixo, guitarra, bateria, teclado e percussão trabalha com eficiência, de modo a compor uma unidade, como a cantora afirma humildemente durante um dos vários e simpáticos papos direcionados à platéia.
O repertório, formado em maioria pelas canções de seu único disco, abre espaço para Gadú introduzir alguns covers de seus artistas favoritos, como Alanis Morissette (Right Through You), Pink (Who Knew?), Adoniram Barbosa (em uma rasgada versão de Trem Das Onze), Paralamas Do Sucesso (Lanterna Dos Afogados) e Jay Vaquer (Cotidiano De Um Casal Feliz), para quem a cantora foi só elogios. Alternando elétrico e acústico, Gadú e sua banda realizam um desfile de MPB, blues, pop e rock, alternando bom gosto com momentos de descontração - entre eles a palhinha da música do Cross Fox, da web-singer Stephany Absoluta. Merecidamente ovacionada, ela se despede, prometendo voltar em breve.



