sábado, 29 de maio de 2010

FLASH FORWARD: (SEM) FINAL

Surgida no início desta fall season com a promessa de ser a nova sensação televisiva, até mesmo o substituto mais provável para Lost, a série Flash Forward impressionou em sua estreia, mostrando o apagão global de 2 minutos e 17 segundos em que toda a população mundial enxergou seu futuro 6 meses à frente. Uma ideia no mínimo interessante que, mal administrada, transformou-se em um fracasso, provocando seu cancelamento e sepultando-a de vez com o episódio veiculado na última quinta-feira.
O enredo desta primeira e única temporada girou em torno das investigações de um grupo de agentes do FBI, formando um grande quebra-cabeças de eventos e visões futurísticas que recebeu o nome de mosaico. Fatos mal explicados, reviravoltas em demasia, personagens sem carisma e a incursão constante de novidades tornaram o entendimento confuso e foram, pouco a pouco, removendo o que havia de mais interessante na série: o mistério em torno do apagão. Para piorar, a grande quantidade de histórias paralelas, a maioria desinteressantes, prejudicaram ainda mais a evolução da trama, que foi perdendo o rumo. Por fim, um longo hiato de 3 meses deu o golpe fatal na produção - após o retorno, a audiência foi despencando mais a cada semana.
Future Shock foi ao ar para desenrolar a trama tecida nesta reta final de temporada, onde o dia visualizado no apagão estava para chegar e a ocorrência de um novo apagão era eminente. Esperava-se que as conspirações e os motivos fossem revelados e um novo rumo à vida dos personagens fosse dado, mas veio o cancelamento após o episódio já ter sido gravado. O que se viu foi um episódio emocionante, como se esperaria de qualquer season finale, com diversos eventos importantes acontecendo e com um gancho que seria interessante a ser seguido, se a série tivesse recebido a concessão para um segundo ano. No final das contas, ficou um final aberto que não terá mais segmento. Flash Forward ficou mesmo só na promessa e, agora também sem Lost, as fichas da rede ABC estão apostadas em V, que foi eleita para retornar na próxima fall season. Sorte para os ET's, pois os resultados obtidos nesta primeira temporada não foram dos melhores - agora, só o futuro dirá, e não há mais a possibilidade de ocorrer um flash forward que possa prever isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CINEMA: SEX AND THE CITY 2

As meninas, desde que o mundo é mundo, costumam sonhar com princesas, castelos, cavaleiros e outros elementos retirados dos contos de fadas. Por séculos, ao crescer elas descobriam que a maioria desses finais felizes só existia mesmo nos contos: que o príncipe tinha mau hálito, que a princesa engordava, que às vezes era preferível beijar o sapo, e assim por diante. Muito tempo depois, as mulheres de nosso tempo descobriram que há um novo conto de fadas para elas sonharem: a Nova York de Sex And The City, habitada por Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) e suas amigas. O conto pode nem sempre acabar com o "felizes para sempre", mas é repleto de moda, glamour, independência e, como o próprio título sugere, sexo. Mais que uma resposta ao mundo masculino, a série, que perdurou por 6 anos, foi o grito máximo de independência da mulher moderna no universo pop e até hoje serve como referência.
Para contentar os fãs com saudades da série (e, de quebra, fazer uma caixinha), a ideia foi transferí-la para a telona do cinema. O filme de 2008 foi um tremendo sucesso e agora ganha sua sequência com Sex And The City 2 (EUA, 2010). Com o enredo deixado em segundo plano, o filme é uma mera desculpa para relembrar os personagens e para apresentar mais um desfile de vestidos, penteados, lugares glamourosos e situações, em sua maioria, divertidas.
Esta sequência foge mais da realidade da série e se concentra na viagem de Carrie, Charlotte (Kristin Davis), Miranda (Cynthia Nixon) e Samantha (Kim Cattrall) a Abu Dabhi, um dos Emirados Árabes. Desta vez Samantha está às voltas com uma terapia de hormônios para manter-se jovem, Charlotte com dificuldades em criar suas duas filhas pequenas, Miranda em firmar-se profissionalmente, e, Carrie, como sempre, envolvida com suas habituais crises emocionais com Mr. Big (Chris Noth) e, para dar uma apimentada no conflito, ressurge Aidan (John Corbett), um amor do passado.
História há muito pouca - todo aquele envolvimento presente na série e no primeiro filme dão lugar ao visual, às paisagens e aos figurinos. Mais cômica do que dramática, a fita é quase que dedicada exclusivamente ao público feminino, exibindo homens semi-nus, uma centena de roupas que vão do inovador ao esquisito, um festival de cabelos e maquiagens que mudam a cada cena, além das boas e velhas confusões em que se envolvem o quarteto de amigas. De duração longa (146 minutos), o filme não pesa no relógio, entretém e faz rir bastante. É válido pela nostalgia da série em si, como trama deixa um pouco a desejar.

AEROSMITH: COCKED, LOCKED, READY TO ROCK!

Nesta aquinta-feira, 27 de maio, Porto Alegre foi o palco do primeiro dos dois únicos shows da lendária banda de Rock Aerosmith no Brasil. A cidade foi contemplada, junto a São Paulo, somente graças ao cancelamento do show que seria realizado em Buenos Aires. Foi uma sorte sem precedentes: a banda não se apresentava em terras tupiniquins desde 1994, quando esteve no já extinto Hollywood Rock. Em Porto Alegre, é sua primeira vez.
Formada por Steven Tyler (vocal), Joe Perry (primeira guitarra), Brad Whitford (segunda guitarra), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria), a banda teve início em 1969 e, mesmo após altos e baixos, términos e separações, brigas e barras pesadas com drogas, continua unida em sua formação original. Esta apresentação foi uma oportunidade única para matar saudades da banda, sumida do meio musical desde Honkin' On Bobo, de 2004, e de conferir um espetáculo memorável promovido por um dos maiores conjuntos de rock 'n' roll de todos os tempos.
O estacionamento da Fiergs foi o palco da apresentação para algo (estimo eu) em torno de 20 mil pessoas, em um dia típico do inverno gaúcho. A chuva fina que caiu durante quase todo o espetáculo incomodou, e não foi pior pois a temperatura amena de 18 graus não deixou o frio tomar conta do público. A banda entrou pontualmente às 22h00 e executou a apresentação com duração exata de duas horas. Quando a bandeira negra com o símbolo do Aerosmith foi removida, revelando o palco que cobria, iniciou-se o show com um repertório formado por grandes sucessos, clássicos e baladas da turma de Steven Tyler.
Love In An Elevator foi a primeira, seguida de Mama Kin, Falling In Love (Is Hard On The Knees) e Pink. Neste momento a platéia já estava em transe, quando veio a balada arrasadora Dream On em um dos momentos mais bonitos do show. Livin' On The Edge veio em seguida e, na sequência, uma pausa para resolução de dificuldades técnicas. Em menos de 5 minutos, a banda já executava Jaded no palco. Deste ponto em diante a minha memória já não lembra a ordem certa, mas foram apresentadas Rag Doll, as baladas Crazy, Cryin', I Don't Want To Miss A Thing (possivelmente o refrão mais cantado pela platéia) e a bela What It Takes, do álbum Pump, com direito ao vocal desencontrado e desafinado do público, em um momento que o vocalista bocudo resolveu brincar um pouco com os fãs.
A banda apresentou um bloquinho de blues, onde o guitarrista Joe Perry assumiu parte dos vocais e os instrumentos falaram mais alto, mostrando a competência musical dos artistas. Os clássicos tomaram conta da parte final: Sweet Emotion e Draw The Line para fechar, seguido de um bis que teve Walk This Way e Train Kept A Rollin'. De um modo geral, a banda está em plena forma, mesmo depois de 40 anos de estrada. O entrosamento parece ótimo, deixando de lado as brigas pelas quais os músicos quase se separaram no ano passado, e Tyler está cantando em sua plenitude - o vocalista, muito carismático, arranha seus "Oi Porto Alegre", "E aí gaúchos?", além do clássico "Obrigado". Pode-se dizer que foi um excelente show, uma excelente noite, uma excelente organização e produção - enquanto for assim, que o rock 'n' roll possa durar para sempre!

terça-feira, 25 de maio de 2010

CINEMA: OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES

Co-produção entre Suécia, Dinamarca, Alemanha e Noruega, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (Män Som Hatar Kvinnor) é a versão cinematográfica do primeiro livro da Triologia Millennium, escrita pelo jornalista investigativo Stieg Larsson pouco tempo antes de sua morte. Sucesso na Europa, o livro de Larsson serviu de inspiração para este thriller policial e de suspense e chamou atualmente a atenção dos estúdios hollywoodianos, interessados em refilmar a obra a sua maneira.
A trama inicia com a busca por Harriet Vanger (Ewa Fröling), uma moça desaparecida nos anos 60, aos 16 anos. Desde então, durante todos esses anos, seu tio Henrik (Sven-Bertil Taube) vem recebendo quadros com flores, que acredita serem presentes do assassino da moça. Com todas as buscas já feitas e ainda sem respostas, Henrik contrata, como última alternativa, os seviços de Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), um jornalista investigativo de muito prestígio que está enfrentando um processo por difamação de uma grande empresa. Mikael penetra então em um mundo de segredos familiares, onde crimes violentos de cunho racial, religioso e sexual acabam por vir à tona. Em parceria com a perturbada hacker Lisbeth Salander (Noomi Rapace), o jornalista se envolve em um jogo perigoso de perseguição, onde as pistas do crime o levam cada vez mais para perto da morte.
Dirigido pelo dinamarquês Niels Arden Oplev, o thriller é uma boa obra de mistério - consegue envolver o espectador com sua história, sem necessitar de um festival de efeitos especiais ou de ação incessante. Com um toque característico do bom cinema europeu, a trama é direta e o espectador não é poupado dos diálogos fortes e das cenas chocantes. O final justo e surpreendente permite que a fita agrade os apreciadores de histórias policiais e de investigação. Resta saber no que se tornará se os direitos do livro cairem mesmo nas mãos de Hollywood...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

LOST: PERDIDO PARA SEMPRE?

Definitivamente o fim. Neste domingo foi ao ar o tão aguardado final preparado para os sobreviventes do voo Oceanic 815. Depois de 6 anos, Lost terminou. Muitas perguntas ficaram no ar e agora é tarde para mais respostas.
É impossível negar que Lost foi a série da década: assim como Arquivo-X esteve para os anos 90, a saga dos náufragos da ilha misteriosa, no ar desde 2004, foi um fenômeno dentro e fora da televisão. Lost bombou na mídia, nos jogos, nas rodas de conversas e, sobretudo, na Internet. Teorias, desfechos e soluções foram dadas para resolver os segredos da ilha e seus fenômenos inexplicáveis. O capítulo final, veiculado com o adequado título de The End (O Fim), era aguardado desde o anúncio do final da série (em 2007) por uma legião de fãs e curiosos, na esperança de respostas para uma infinidade de questões.
Em termos de respostas, muito pouco foi dado: os mistérios da ilha continuam sem explicação - para a indignação de muitos, diversas dessas explicações ficarão a critério da imaginação e da interpretação de cada um. Este episódio final, com duração em torno de 110 minutos, tem em sua primeira metade o mais do mesmo que a série vinha mostrando nesta sexta e última temporada: enrolação e preparação para um clímax. Na segunda metade, sobretudo na última meia hora, a trama começa a correr efetivamente e passa a ter ares de final. Não se pode dizer que a série ficou sem seu final - que pode não ter sido elucidativo, mas ainda assim foi fechado, certeiro e, sob certo ângulo, emocionante e até bonito, onde a melhor solução encontrada foi a distração.
Distração. Na ausência de uma explicação plausível que pudesse justificar a teia de absurdos cultivada em 6 anos de show, a saída foi desviar o foco da audiência. A ilha continuou a ser o palco da ação principal, mas a criação dos chamados flash-sidewyas (algo como realidades paralelas), aparentemente sem pé nem cabeça no contexto inicial, foram tornando-se instigantes e chamando cada vez mais a atenção para si. Desde a aparição dos flash-sideways, os produtotes haviam anunciado que a relação dessas realidades com a história na ilha seria o grande mote da temporada e, consequentemente, do final da série, uma das poucas promessas que foi efetivamente cumprida. Muitas das respostas sobre a ilha ficaram no ar, perdidas com ela no meio do oceano. O desfecho da trama, embora pouco surpreendente, foi armado de forma tão tocante e bela que, naquele momento não sobrou espaço para indignação ou perguntas. O que ficou foi uma sensação de saudade e despedida, com uma pontinha de tristeza. Foi como uma etapa concluída, o fim de uma brincadeira que durou por 6 anos e uma despedida que, além de tardia, era necessária. E mais: uma bela demonstração da mágica da distração, onde não é preciso explicar nada quando se sabe desviar os olhos alheios para o lado. Que Lost descanse em paz, pois as perguntas continuarão a incomodar por muito tempo.

domingo, 23 de maio de 2010

LOST: ESTÁ CHEGANDO A HORA!

É chegada a grande hora! Esta noite a rede de TV americana ABC leva ao ar o episódio final de Lost, uma das séries mais instigantes e misteriosas (e enroladoras) de todos os tempos. Com o título The End (Parts 1 e 2), o episódio duplo contará com 2 horas de duração e corresponderá aos 17° e 18° capítulos da 6ª e última temporada. Por fim o público descobrirá o desfecho da história dos passageiros do vôo Oceanic 815 que, infortunadamente, caiu naquela misteriosa ilha, habitat de ursos polares, fumaças assassinas, milagres e fenômenos inexplicáveis.
A expectativa é alta para saber quais rumos a história e seus personagens tomarão em seus últimos momentos no ar, mas baixa no que diz respeito às explicações de toda a teia de mistérios e perguntas que a série teceu no decorrer dos seus 6 anos. Há pistas, comentários e conspirações que sugerem que muito do que se vem perguntando não será respondido, o que provocará a indignação de muita gente. Agora, é contar os minutos e conferir o que ainda está por vir. A sorte está lançada!

CINEMA: FÚRIA DE TITÃS

Mais um título da atual onda de reciclagem do cinema dos anos 80, Fúria De Titãs (Clash Of The Titans, 2010) traz às telas a saga do titã Perseu (Sam Worthington, o protagonista de Avatar), filho do deus Zeus com uma mortal. Sua missão é impedir que os deuses do Olympo destruam a humanidade, que neles deixou de acreditar. A premissa é uma deixa para sequências de lutas contras criaturas sinistras, expedições a locais aterrorizantes e encontros com deuses e monstros da mitologia grega.
Longe de honrar o original de 1981, Fúria De Titãs é um filmezinho de fantasia e aventura não mais que mediano - não chega a ser o lixo que a crítica anda pintando, tampouco uma grande coisa. Para quem assistiu recentemente a Percy Jackson E O Ladrão De Raios, vai achar Fúria De Titãs bem parecido, pela repetição de personagens e de situações. No fim das contas, os dois não deixam de ser equivalentes - enquanto o primeiro navega na onda infanto-juvenil no estilo Hary Potter, este apela para o cinema-catástrofe e para a ação fantasiosa, inspirando-se em franquias como A Múmia.
Dirigida por Louis Leterrier (o mesmo de Cão De Briga e do mais recente O Incrível Hulk), a releitura traz benefícios ao espectador no sentido auditivo e visual, sobretudo no que toca os efeitos especiais. No resto, a história é fraca e de um filme deste naipe não há como se esperar grandes diálogos ou interpretações, mesmo com a participação de bons atores como Liam Neeson (Zeus) e Ralph Fiennes (Hades). A desculpa do uso da tecnologia 3D para ampliar o realismo da fita aqui é pura balela: não há praticamente nada 3D! A única diferença que se nota é nas legendas, nos créditos finais e no bolso, onde acaba pesando quase o dobro de uma projeção convencional para se ter as mesmas impressões.

FRINGE: SEASON 2 FINALE

O impossível e o absurdo são as peças-chaves para o quebra-cabeças de mistério apresentado em Fringe. Primo próximo de Arquivo-X, Fringe mostra o dia-a-dia de uma divisão do FBI que investiga fenômenos e eventos inexplicáveis relacionados à ciência, tendo como consultores um cientista literalmente louco e seu filho, de passado duvidoso. Em seu segundo ano, a série reduziu o número de eventos isolados e focou-se no enredo principal da temporada: a revelação de um universo paralelo, quase idêntico ao nosso, onde existem cópias de tudo e de todos - e este foi o fio condutor do fim da temporada, dividido em duas partes, cuja segunda parte foi ao ar nesta última quinta-feira, dia 20.
Passados quase que 100% no universo chamado de alternativo, os episódios se concentraram no retorno de Peter Bishop (Joshua Jackson) ao seu universo de origem e nos esforços empregados por seu pai, Walter (John Noble), e pela agente Olivia Dunhan (Anna Torv) em prol do seu resgate. Com o retorno de Kirk Acevedo na pele do agente Charlie Francis alternativo e mais uma participação especialíssima do eterno Capitão Spock Leonard Nimoy no papel de William Bell, Over There, Parts 1 & 2 respondeu a mais algumas perguntas que estavam no ar e criou tensão ao pôr frente a frente os personagens com seus eus alternativos, além de promover o tão esperado reencontro de Walter Bishop com William Bell.
Fringe teve uma segunda temporada ainda mais interessante que a anterior e sua história tornou-se mais coesa. Sabendo lidar com o absurdo de forma inteligível e sem abusar da paciência do espectador, a série deu respostas diretas e plausíveis aos mistérios, injetou drama e deixou um gancho magnífico para a continuação na próxima temporada, já garantida, mas sem data de início ainda definida.

sábado, 22 de maio de 2010

BROTHERS AND SISTERS, NOVAMENTE NA ESTRADA

Os finais felizes têm passado longe dos fechamentos de temporada nesta fall season. Brothers And Sisters, por conta de uma única cena, teve o clímax mais emocionante, triste e desesperador de todos os seus 4 anos no ar, conseguindo superar cânceres, abortos, problemas com drogas, separações, falências e tantas outras tragédias que já tremeram as bases da matriarca Nora Walker (Sally Field) e de seus 5 filhos.
On The Road Again (Novamente Na Estrada) foi morno em sua essência e derrubou algumas situações dramáticas esperadas para este final de temporada. Teve seu ponto alto somente em seus minutos finais, revelando o tão esperado segredo escondido em Narrow Lake e a cena conclusiva, que por enquanto não vale a pena comentar, sob pena de estragar a surpresa de quem ainda não assistiu. Os acontecimentos deste episódio, somados à chegada do bebê de Kevin (Matthew Rhys) e Scotty (Luke Macfarlane) serão os pilares da próxima temporada, envolvendo direta ou indiretamente cada integrante da família Walker e seus respectivos agregados.
O que se espera é um recomeço bem triste, sempre com os altos e baixos já característicos. A campanha de Kitty (Calista Flockhart) ao senado deverá ser o assunto central na parte política da série, agora que seu marido e senador Robert McCallister (Rob Lowe) está saindo - Lowe alegou pouca participação de seu personagem na trama e, segundo rumores, está migrando em caráter definitivo para Parks And Recreation. Vamos colocar os lenços para secar, pois na próxima temporada os Walker, uma das famílias mais queridas das séries atuais, virão com uma nova carga de mazelas para provocar ainda mais lágrimas na audiência.

DESPERATE HOUSEWIVES: DESPEDIDAS DESESPERADAS

Embora caracterizada pela auto-repetição, Desperate Housewives conseguiu apresentar uma das melhores entre suas, até agora, 6 temporadas. A estrutura da série não mudou, tampouco a louca vida das donas de casa mais famosas da TV, porém, as tramas costuradas em Wisteria Lane desta vez foram mais tensas, mais dramáticas e trouxeram consequências mais sérias.
Dois foram os pontos altos da temporada: a chegada da misteriosa família de Angie Bolen (Drea de Matteo) e os ataques do estrangulador de mulheres. No meio das costumeiras bobeiras do quarteto Susan (Teri Hatcher), Lynette (Felicity Huffman), Bree (Marcia Cross) e Gabrielle (Eva Longoria Parker) sobrou um bom espaço para suspense e mistério. A opção da produção por concentrar o desfecho dos arcos principais da temporada nos 3-4 últimos capítulos, como revelar Eddie (Josh Zuckerman) sendo o estrangulador de mulheres, trazer o vilão Patrick Logan (John Barrowman) de volta à vida de Angie, forçar o confronto de Bree com Sam (Sam Page) - o filho bastardo de seu falecido marido - e abalar as estruturas financeiras na casa de Susan e Mike (James Denton) trouxe um gás a esta reta final, trocando os mistérios pelas expectativas.
Entitulado I Guess This Is Goodbye (algo traduzido como Acho Que Isto É Um Adeus), o capítulo derradeiro da fall season 2009/2010 foi efetivamente um festival de despedidas. Infelizmente, os rumos da história obrigaram a saída de Angie, Nick (Jeffrey Nordling) e Danny Bolen (Beau Mirchoff), uma das famílias passageiras mais instigantes e apimentadas que já pisaram na rua das desesperadas. A temporada ainda levou Wisteria Lane, durante o avanço dos episódios, a dizer adeus ao ex-marido de Susan - Karl (Richard Burgi) -, à biruta Katherine (Dana Delany) e, em sua reta final, a Orson (Kyle MacLachlan) e ao próprio casal Mike/Susan. Alguns deles em breve voltarão a habitar aquela rua ensolarada onde os vizinhos se cumprimentam pela janela, alguns não mais. Figuras do passado estão retornando e já mostraram a cara, sem revelar ao certo quais seus verdadeiros objetivos. Novos personagens ainda chegarão, como a vilã já anunciada para Vanessa Williams, mas isso tudo só saberemos a partir de 26 de setembro, no episódio inaugural do 7° ano da série, ainda sem título definido.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O FIM DA 1ª TEMPORADA DE "V"

Após uma premiére recordista, a ponto de bater a estreia de Lost de 2004, V foi perdendo audiência, fato que se agravou após o retorno de um hiato de 3 meses. Mesmo com um alto custo de produção, ainda assim a rede americana ABC deu a preferência de permanência à série em sua grade de programação, optando pelo cancelamento de FlashForward.
Na última terça-feira, 18 de maio, foi ao ar o encerramento da 1ª temporada deste remake de ficção científica, que narra a invasão da Terra por visitantes de outro planeta. Parece que finalmente a história começou a acontecer, depois de 12 mornos episódios só de preparo.
A malvada Anna (Morena Baccarin) foi responsável por uma quantidade razoável de mortes e maldades ocorridas nesta reta inicial, em prol do objetivo maior de invasão da Terra - a cada investida, a baixeza de seu caráter se tornava mais evidente, a ponto de mandar quebrar as pernas da própria filha Lisa (Laura Vandervoort) ou de aplicar uma injeção letal em Val (Lourdes Benedicto) logo após a moça dar à luz ao bebê híbrido, metade humano/metade V. Pelas mãos de Anna foi dado também o comando de início da invasão, veiculado neste último episódio, entitulado Red Sky (Céu Vermelho).
Quanto aos mocinhos da trama, restou-lhes uma sucessão de pequenas conquistas e grandes derrotas e a promessa de traições e novas alianças. O acordo de Kyle Hobbes (Charles Mesure) com os V's, a virada a favor dos humanos feita por Lisa e a descoberta feita pelo insosso repórter Chad Decker (Scott Wolf) foram as grandes revelações deste final de temporada, que servirão de guia para a próxima fall season. Com a eminência da invasão, a expectativa será grande na continuação da série, quando finalmente os planos serão revelados, um rastro de sangue e destruição assolará nosso querido planeta e finalmente as máscaras cairão, revelando a horrível e escamosa pele de lagarto dos visitantes.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

CONDENAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO? A SENTENÇA FINAL DE DAMAGES

Quem tem medo de Patty Hewes?
Na minha modesta opinião, Damages, dada como encerrada, foi uma das melhores séries, senão a melhor, que surgiu nos últimos tempos na televisão americana. O conjunto de atuações perfeitas, tramas instigantes e bem amarradas, diálogos inteligentes e personagens que se ama ou que se odeia formou uma composição tão perfeita que vai ser difícil surgir algo no mesmo nível tão de imediato. Uma coisa foi verdade: a série era lenta e, apesar de cheia de crimes e suspense, a ação era escassa e o que se exercitava, na verdade, era o pensamento, a dedução e a expectativa.
Com Glenn Close encabeçando o elenco na pele da inescrupulosa e poderosa advogada novaiorquina Patty Hewes (um ícone adorável do mal que vai ficar marcado na memória televisiva), a série apresentou, durante suas três temporadas, casos jurídicos extremamente complexos e cheios de pontas soltas, envolvendo crimes, violência, escândalos e mentiras. Nesse universo valia tudo, fosse roubar ou até matar, sem importar de que lado se estava. Ao lado de Patty atuavam seu braço direito Tom Shayes (Tate Donovan) e a novata Ellen Parsons (Rose Byrne), advogada recém formada e ambiciosa, por quem Patty sempre nutriu certa admiração, apesar dos constantes confrontos diretos entre as duas. Dramas pessoais e profissionais, além de conflitos de caráter dos personagens foram sempre levantados e abordados na série, mostrando outras faces dessas pessoas e enriquecendo ainda mais a trama.
A terceira temporada, terminada há algumas semanas nos EUA, foi um trabalho fantástico, quase equiparado com o primeiro ano, causador de um impacto tremendo. No mesmo formato dos anos anteriores, onde a história se passava em um tempo e vez ou outra eram mostrados fragmentos de um futuro próximo (poucas semanas ou meses à frente), a tensão aumentava com o avanço da temporada, onde esses fragmentos passavam a ser melhor explorados e a se encaixar com os fatos do tempo atual, muitas vezes enganando a audiência, que pensava saber a explicação, mas se deparava outra totalmente surpreendente. Como precaução, a produção tratou, além de resolver esta temporada, de amarrar todas as pontas soltas dos anos interiores e deixar a história às claras, com todos os mistérios explicados e o fim de cada personagem definido. Figuras do passado, como o salafrário Arthur Frobisher (Ted Danson, em mais uma grata aparição) também retornaram para cumprir suas partes.
Na cena final, uma pergunta ficou no ar entre Patty e Ellen: "Valeu a pena?". Para nós, fãs, valeu... E, poucos dias depois, a notícia sobre o cancelamento.
Embora ainda haja um pequeno fio de esperança da série ser abraçada por outra emissora, o canal FX já a deu por cancelada. O motivo do cancelamento foi o de quase sempre: baixa audiência. Ainda assim, há uma campanha bem forte na Internet, promovida por fãs, em prol do show - entitulada "savedamages", a campanha invadiu o Twitter, o Orkut e outras redes sociais. Há quem queira incondicionalmente o retorno da série, há quem tenha receio de queda da qualidade, achando melhor deixá-la encerrada em grande estilo. Ainda assim, a decisão sobre o futuro de Patty Hewes continua uma incógnita, desta vez a ser resolvida não nos grandes tribunais, mas sim nas rodas dos grandes executivos da TV.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

CINEMA: ROBIN HOOD

Evite comparações deste Robin Hood (Robin Hood, 2010) com aquele de 1991, estrelado por Kevin Costner. Sim, o personagem é o mesmo, a história até é a mesma, porém, esta versão atual de Ridley Scott narra o surgimento do contraditório herói, aquele conhecido por tirar dos ricos para dar aos pobres.
Russell Crowe (parceiro do diretor em outros títulos como Gladiador e Rede De Mentiras) vive o protagonista, desde o soldado Robin Longstride até o forjado Robert Loxley, para finalmente tomar sua definitiva identidade junto à lenda que o cerca. Cate Blanchett (Elizabeth, O Senhor Dos Anéis) é Lady Marion, uma camponesa sem papas na língua e uma mulher visionária, atrevida demais para seu tempo. Seu envolvimento com Robin é de primeira importância para a evolução da história, que se passa logo após as cruzadas do violento Rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), onde o soberano é abatido em combate e seu trono é assumido por seu irmão João (Oscar Isaac), um tirano e injusto rei que, ao dispensar os serviços do fiel William Marshal (William Hurt, em um papel pequeno) cede o posto de conselheiro ao nefasto Godfrey (Mark Strong), um traidor que planeja instaurar uma guerra civil na Inglaterra entre a realeza e o povo, facilitando um ataque surpresa em conluio com o exército francês.
A arena da história que Scott tem para nos mostrar é um espetáculo de imagens, batalhas perfeitamente produzidas, cenários e figurinos perfeitos que remetem para a Inglaterra do século XII, efeitos sonoros ensurdecedores (ou era o som do cinema que estava desregulado) e uma boa trama que, apesar de longa, não deve ser recebida com cansaço ou preguiça. O roteiro contém alguns clichezinhos típicos de filmes de batalhas, como a caracterização piegas de Robin enquanto líder e a incursão do elenco na íntegra durante a luta, onde não faltam crianças e mulheres que sempre conseguem ir escondidas e, mesmo sem preparo algum, ainda vencem qualquer duelo. No mais, o filme se sai muito bem e termina na hora certa.
Se foi proposital ou não, a fita tem passagens que nos servem de metáfora e nos permitem traçar paralelos com nossos tempos. Basta observar as atitudes da coroa para com seus súditos, as motivações das batalhas e os absurdos cometidos em nome da igreja e em nome do rei. É, os tempos mudaram, mas o caráter humano, muito pouco: os pobres continuam sofrendo com fome e opressão, as guerras continuam matando aos milhares, mas agora com bombas e morteiros, as nações continuam querendo engolir umas às outras, mas com estratégias muito mais elaboradas do que séculos atrás. E os governantes... Esses continuam fazendo o que bem entendem, mentindo descaradamente e achando, assim como os reis antigos, que estão acima até mesmo de Deus. É pra rir ou pra chorar?

A 2ª TEMPORADA DE UNITED STATES OF TARA

Personalidades múltiplas: esta parece ser a única aflição na vida de Tara Gregson (Toni Collette) e de sua família. Com tal premissa, United States Of Tara fez uma bela temporada de apresentação em 2009 e agora está em exibição de seu segundo ano nos EUA. Com o humor negro como aliado, as desventuras dessa dona de casa cheia de alter egos chocam e divertem ao mesmo tempo, sem poupar críticas à sociedade e à estrutura familiar dos dias de hoje.
Veiculada no canal Showtime, um canal adulto que exibe suas séries somente após um determinado horário da noite, Tara tem boas doses de sexo, palavrões e situações polêmicas, o que auxilia no desenvolvimento de seus personagens. Tara parece ser a problemática da casa, mas outras impressões surgem quanto entram em cena seu marido dedicado e de pavio curto Max (John Corbett, de Casamento Grego e da série Sex And The City), sua tresloucada irmã Charmaine (Rosemarie DeWitt) e seu casal de filhos adolescentes, formado pela indecisa e malvada Kate (Brie Larson) e pelo sexualmente confuso Marshall (Keir Gilchrist).
Se no primeiro ano Tara já sofria ao lidar com o veterano de guerra Buck, a vadia adolescente T., a dona de casa à moda antiga Alice e o selvagem Gimmy, agora a psicóloga riponga Sooshanna surge para dividir o espaço na mente da protagonista e, pior, para tratar a ela mesma do distúrbio - parece confuso, mas acaba sendo muito engraçado. Com a família cada vez mais em pandarecos (Max emocionalmente descontrolado, Charmaine noiva e grávida de outro homem, Kate encarnando uma princesa dos quadrinhos para ganhar dinheiro fácil e Max se descobrindo sexualmente com meninas e meninos), os alters de Tara fluem automaticamente a cada episódio, a cada conflito ou a cada hostilidade, o que, numa família como esta, não é nada difícil de acontecer. Resta acompanhar essa teia de confusões e torcer pela sanidade da nossa heroína e pela permanência desta divertida série no ar por mais um ano.

CINEMA: ANTES QUE O MUNDO ACABE

Um envelope pardo e uma disputa amorosa são as peças-chaves para a trama de Antes Que O Mundo Acabe (Brasil, 2009), uma incursão sutil e certeira no complexo universo da adolescência. Na fictícia Pedra Grande, no interior do Rio Grande do Sul, onde o meio de transporte predominante é a bicicleta, vive Daniel (Pedro Tergolina), um adolescente de 15 anos sem muitas ambições, cujo tempo divide entre as aulas no colégio católico, o melhor amigo Lucas (Eduardo Cardoso) e a namoradinha Mim (apelido para Jasmim, papel da atriz Bianca Menti). A vida do garoto começa a sacudir quando um envelope remetido da Tailândia chega para ele pelo correio, quase ao mesmo tempo em que Mim resolver lhe pedir um tempo, abrindo espaço para o amigo Lucas entrar na disputa pelo coração da garota.
Alguns eventos são desencadeados a partir desses episódios, e o modo com que Daniel passa a encarar o mundo e as pessoas a sua volta é a essência da história contada pela diretora Ana Luiza Azevedo, estreante em longas metragens. Forma-se então um jogo de atos, consequências e responsabilidades interessante e cativante. De forma simples e direta, o filme se desenrola e evolui com graça, divertindo e comovendo. Produzida pela Casa de Cinema de POA, a fita acerta o tom e transforma em um enredo criativo um tema tão comum e em parte já banalizado pelo cinema contemporâneo.
Com belas locações naturais e externas filmadas em Porto Alegre (destacando pontos famosos do Centro), além de uma trilha sonora "bacaninha", Antes Que O Mundo Acabe mostra o mundo sob o olhar destes jovens, com seus conflitos internos, seus becos sem saída, seus medos e suas indecisões, e comprova que ser jovem hoje em dia não é tão fácil quanto possa parecer. O elenco, formado por atores desconhecidos, dá um tempero extra na trama através de boas interpretações e passa em muitas cenas um ar familiar e nostálgico: impossível não se reconhecer em várias situações cotidianas que acontecem conosco constantemente, mas que chegam com outra graça na tela de cinema, quando aqui, delas somos os voyeurs. As cenas dramáticas são tiradas de eventos que nos soariam triviais, mas que na fita, bem trabalhados, ganham força. As cenas mais divertidas aparecem para fazer o equilíbrio, dentre as quais, a menina Maria Clara (Caroline Guedes), irmã caçula de Daniel, é a protagonista-mor.
Ponto para a equipe, que soube conduzir o bom roteiro, escrito pela diretora em parceria com Paulo Halm, baseado no livro homônimo de Marcelo Carneiro Da Cunha, sem introduzir reviravoltas surpreendentes, apelar para a polêmica ou para a comoção fácil, e ainda assim prender o espectador e agradá-lo em cheio.

terça-feira, 18 de maio de 2010

CINEMA: O IMAGINÁRIO MUNDO DO DR. PARNASSUS

O Imaginário Mundo Do Dr. Parnassus (The Imaginarium Of Doctor Parnassus, 2009) causa certo desconforto e estranheza a quem o assiste e levanta questões do tipo "o que estou fazendo aqui?" e "será que alguém está entendendo?". Antes de qualquer outro comentário, o filme é chato - com uma barreira de real X imaginário quebrada cada vez que os personagens atravessam um espelho falso colocado no palco onde se apresenta o decrépito Dr. Parnassus (Christopher Plummer) do título, forma-se uma confusão de quem é quem e do que está acontecendo na história.
A trama retrata a história do Dr. Parnassus, um homem com o poder de manipular a mente das pessoas. Séculos atrás ele fez uma aposta com o diabo (o cantor Tom Waits) cujo prêmio foi a vida eterna. Mais apostas vieram, e eis que Parnassus aposta a alma de sua filha Valentina (Lily Cole), perde e vê-se desesperado a tentar recuperá-la. Junto de Valentina e do jovem Anton (Andrew Garfield), Parnassus percorre as ruas de Londres com seu hoje fracassado show de encantamento, até que em uma noite deparam-se com Tony (Heath Ledger, o Coringa de O Cavaleiro Das Trevas), um homem enforcado embaixo de uma ponte. Após o salvamento, o misterioso Tony passa a integrar a trupe e suas habilidades de persuasão tornam-se essenciais na disputa do Dr. com o cínico diabo pela alma de Valentina. O grande mistério do filme encontra-se em compreender as verdadeiras intenções de cada personagem e saber separar o que é real do que é a mente do Dr. Parnassus - tarefa árdua que, por volta da metade do filme torna-se desistência e logo converte-se em prece para que os créditos subam logo.
Dirigido por Terry Gilliam (o mesmo de Os Irmãos Grimm), ex-integrante do grupo cômico Monty Python, o que mais chama a atenção para a fita é o fato de ela ter sido o último trabalho de Ledger e mais um item na coleção de má sorte e contratempos das produções que envolvem o diretor, cujo histórico com problemas é famoso no meio cinematográfico. Desta vez o problema foi bem grave, devido ao falecimento do ator durante as filmagens. Para contornar a situação, a saída encontrada foi substituí-lo nas cenas em que Tony penetra no mundo imaginário - um revezamento entre os tarimbados Jude Law, Johnny Depp e Collin Farrell - cujo resultado saiu confuso e desastroso.
De bacana mesmo, o filme possui boas interpretações e um visual bacana. Com ares ciganos e circenses, o figurino e os cenários são supreendentes, com uma beleza de cores e detalhes imagináveis apenas na mente do Dr. Parnassus. Eis um título que, por mais tentador que pareça o trailer e o cartaz, é melhor passar longe.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A DESPEDIDA DE NIP/TUCK

Ninguém pode acusar o produtor Ryan Murphy e sua equipe de produção em Nip/Tuck por falta de originalidade: a série conseguiu polemizar, chocar e ao mesmo tempo apresentar sob um ângulo no mínimo curioso o universo das relações interpessoais, tendo como pano de fundo uma clínica de cirurgia plástica. No ar desde 2003 e tendo como protagonistas a dupla de sócios/amigos/rivais/co-irmãos isseparáveis e icorrigíveis Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon), a trama dá adeus aos fãs neste início de 2010, em uma sequência que não se definiu ao certo ser a 7ª temporada ou a 6ª dividida em duas partes.
Ao contrário de muitas séries que são canceladas sem aviso prévio, Nip/Tuck já tivera seu final planejado durante a exibição da 5ª temporada, deixando tempo e ideias de sobra para os roteiristas e produtores planejarem o destino de seus personagens. Talvez por boa parte da equipe ter se debandado para a produção de Glee, a nova série de Murphy e uma das maiores sensações desta fall season, Nip/Tuck foi bastante prejudicada em sua reta final, principalmente no que disse respeito ao roteiro.
A falta de motivação e o sumiço longo de alguns dos personagens, as reviravoltas sem fim na trama e o grotesco em escalas superlativas causaram marasmo à série e produziram episódios totalmente desnecessários, onde nada acontecia e nada contribuia para dar qualquer rumo à história. Figuras antes importantes, como a inconstante Kimber (Kelly Carlson), o filho problemático Matt (John Hensley) e a própria Dra. Liz Cruz (Roma Maffia) mudaram tanto em tão curto tempo que se tornaram estorvos ao invés de pivôs de algo mais importante. Julia (Joely Richardson), que um dia fora o terceiro nome do elenco, simplesmente não existiu nos últimos dois anos da série: apareceu vez ou outra só para incendiar, causar desconforto na trama e sumir na cena seguinte. E, quanto os protagonistas, tornaram-se algo próximo de um casal de meia-idade com crise no casamento, brigando por qualquer bobagem e reatando para voltar a brigar de novo...
Pode-se dizer que depois de 7 anos, o final da série veio tardio. O longo hiato da 5ª temporada teria sido suficiente para o planejamento de um final no mínimo mais digno e melhor resolvido, sem a necessidade de uma longa espera e de uma longa enrolação. A conclusão da trama terminou não sendo boa para quase ninguém, mas, após tantas desventuras, não tinha como ser diferente. Como mérito louvável, foi selado o destino de cada um dos personagens e reforçados os laços de afeto que tanto os ligaram e separaram no decorrer de todo esse tempo, sempre envolvendo o flerte com o bizarro, com a pornografia, com a violência e com o que havia de mais sombrio no ser humano, onde o limite sempre foi a imaginação.

domingo, 16 de maio de 2010

CINEMA: TUDO PODE DAR CERTO

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009), o mais recente filme de Woody Allen (responsável aqui pelo roteiro e pela direção), traz o comediante Larry David no papel de Boris, um velho solitário e ranzinza. Boris se julga uma mente privilegiada e, com uma carga colossal de mau humor e intolerância, ele é desprovido de qualquer pudor ou trava na língua quando o negócio é criticar ou ofender diretamente as pessoas, sejam adultos ou crianças - sua estupidez é tão ácida que chega a ser engraçada em diversas passagens. O que Boris não contava era com a chegada de Melody (Evan Rachel Wood) em sua vida.
Melody, por sua vez, é uma pós-adolescente simplória e de miolo mole. Fugida das garras da mãe dominadora (Marietta, vivida por Patricia Clarkson, presença constante nos filmes de Allen), a moça vem do interior para se aventurar na cidade grande e é justamente aí que seu caminho se cruza com o de Boris. A química que surge entre os dois, mesmo que inusitada, causa diálogos divertidíssimos, irônicos e com um quê de inteligência, outra marca característica da carreira do diretor. Contar o segmento da história seria estragar a surpresa para quem ainda não assistiu, mas pode-se dizer que são consideráveis as mudanças dadas na trama.
Longe de ser um dos melhores filmes de Allen, mesmo dentre os mais recentes, Tudo Pode Dar Certo é mediano e se salva pelo fator cômico da trama. Embora o diretor cultive um teor cômico bobo, às vezes cedendo espaço ao pastelão e ao absurdo, muito de seu trabalho se deve à repetição de fórmula, algo que tem dado certo até hoje. Nas poucas escapadas do formato, o diretor se saiu bem, mas é no chão da comédia que ele parece ainda mais à vontade. E, aqui, apesar da simplicidade da fita, pode-se considerar bem contada sua visão sobre mudanças de atitudes e suas devidas consequências.

SUPERNATURAL: O FINAL DA 5ª TEMPORADA

Era para ser o final definitivo da saga dos irmãos Winchester - tão verdade é que, após o anúncio de renovação para uma 6ª temporada, o produtor e criador da série Eric Kripke pulou fora do barco. Deste ponto em diante, será o que Deus quiser, ou, para entrar no contexto atual da série, o que o diabo quiser...
Desde o início da temporada tudo levava a crer que em maio deste ano o Impala preto 1971 finalmente descansaria em paz na garagem, mas os bons índices de audiência, a legião crescente de fãs da série e a máxima sempre válida no show business de "sugar tudo até a última gota", levaram os executivos do canal CW a renová-la por mais um ano, mesmo com os rumos da história apontando para um final a partir do qual se tornaria bem difícil retomá-la. Na verdade, Supernatural estava empacada em um mesmo tema há pelo menos 3 temporadas: foi-se o tempo em que haviam episódios isolados da trama principal e que os irmãos se deparavam com criaturas e monstros sobrenaturais diferentes de demônios ou anjos. Criou-se desde lá um universo céu-inferno cheio de criaturas ambíguas, lugares inimagináveis, fronteiras tênues entre a vida e a morte e situações tempo-espaço difíceis de se compreender. A cada temporada, a série estava se tornando uma encheção constante de linguiça, o que provou sua mais recente fall season, encerrada nesta última quinta-feira.
Tamanhos foram os artifícios empregados na produção para não terminar a série de acordo com o planejado e deixar gordura para queimar por pelo menos mais um ano, que houve uma série de episódios desnecessários e de títulos desconexos, com tramas e personagens enxertados à força para atrasar o desenlace dos destinos dos irmãos Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles) Winchester. As participações mais constantes do amigo Bob (Jim Beaver) e do anjo Castiel (Misha Collins), embora muito bem-vindas, contribuiram com novas tramas paralelas que mais ajudaram a enrolar o desenvolvimento da temporada do que a evoluir. No fim das contas, obteve-se um saldo positivo, com um final satisfatório e um gancho no mínimo interessante para stembro/outubro próximo. O receio maior vem do que será feito com isso e de quanto mais a série vai segurar firme até sair de controle e permanecer no ar apenas para faturar. O histórico de sua co-irmã Smallville, rumando para uma 10ª temporada, dá pistas do que pode acontecer, mas agora é hora de descansar a cabeça de tantos anjos e demônios e rezar para a próxima fall nos trazer boas novas.

sábado, 15 de maio de 2010

CINEMA: CHICO XAVIER

Brasil, o país com a maior população de espíritas do mundo, tem na figura do médium Chico Xavier (1910 - 2002) seu maior representante. A cinebiografia entitulada Chico Xavier (2010) e dirigida por Daniel Filho faz um apanhado geral sobre a vida e a trajetória do mineiro, desde sua sofrida infância até seu reconhecimento como o maior médium que o país já conheceu, tendo publicado mais de 400 obras psicografadas.
Nos moldes tradicionais de toda adaptação biográfica, a história contada por Daniel Filho mostra Chico Xavier em 3 fases de sua trajetória: quando criança (o ator mirim Matheus Costa), quando jovem adulto (Ângelo Antônio, a melhor das 3 interpretações) e na etapa mais madura de sua vida (Nelson Xavier). Amparada por um elenco estrelar da Rede Globo, a fita calça a narrativa sobre duas entrevistas dadas por Chico em 1971 no programa Pinga-Fogo, da extinta TV Tupi. Há espaço ainda para retratar suas primeiras experiências mediúnicas, o preconceito sofrido pelo espiritismo, a caridade por Chico praticada (o auxílio aos pobres e o consolo dado através de psicografias para pessoas desoladas pela morte de entes queridos) e sua relação com o espírito Emmanuel (André Dias), seu mentor.
Não há como negar que o filme, de certa forma, celebra o espiritismo, mas seria impossível separar a doutrina da história do médium. De qualquer forma, a narrativa é desenvolvida em um nível de fácil entendimento, o tom do drama não é apelativo ou sobrenatural, chegando a ser abrandado com alívios cômicos em algumas partes, para, além de contar a história, também divertir a audiência: tudo foi meticulosamente ajustado para o formato família, para agradar da criança à vovó. Sem julgar o teor propositadamente comercial, o filme tem o seu valor e é no mínimo interessante como biografia e homenagem respeitosa à memória do grande ser humano que foi Chico Xavier, independente de crenças ou intenções.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CINEMA: O MELHOR E O PIOR DE ALICE

O trailer, veiculado nas salas de cinema convencionais e 3D há quase um ano, anunciava: vem aí uma nova versão de Alice No País Das Maravilhas (Alice In Wonderland, 2010), mesclada com o conto Alice Através Do Espelho - e a promessa é de uma versão magnífica e nunca antes imaginada sobre as obras literárias de Lewis Carroll (1832-1898). O comandante? Tim Burton, um diretor conhecido por sua criatividade aguçada e pelo flerte com o sombrio em seus trabalhos - a princípio, o candidato perfeito para conduzir o projeto - a princípio...
A expectativa gerada em torno do filme foi grande, e tornou-se uma espera infindável graças ao adiamento de sua estreia no Brasil em quase 2 meses em relação aos demais países do globo (dizem por aí que o adiamento se deu em detrimento da permanência de Avatar nas salas 3D e de uma expecativa não concretizada da fita de James Cameron arrebanhar os principais prêmios do Oscar 2010). A tão esperada chegada aos nossos cinemas, assim como a brincadeira do telefone sem fio, nos leva a refletir sobre até onde se pode reinventar ou repassar uma história adiante.
A expectativa sobre a visão de Alice nos olhos de Burton tornou-se uma ilusão ainda maior do que a vivida pela personagem nos livros escritos por Carroll no distante século XIX. Boa parte por sua associação aos estúdios Disney na produção do trabalho, Burton, aliado ao roteiro estapafúrdio de Linda Woolverton (prata da casa, responsável, dentre diversos títulos, pelos roteiros de Mulan e do primeiro Rei Leão) tornou um clássico da literatura e, por que não dizer, da filosofia popular, em uma colcha de retalhos sem sentido, onde os personagens estão irreconhecíveis e muito do tempo é desperdiçado em uma aventura medieval enfadonha, nos moldes de O Senhor Dos Anéis e As Crônicas De Nárnia.
O filme é visualmente impecável, nos mínimos detalhes do figurino e da computação gráfica violentamente empregada. O uso do 3D, embora tímido em algumas passagens, quando empregado, chega a ser vertiginoso: a cena da queda de Alice no buraco, os objetos atirados na telona pela Lebre de Março (voz de Paul Whitehouse) e a cena de vôo com Tweedledee e Tweedledum (voz e expressões faciais de Matt Lucas) são incríveis e merecem respeito pela elaboração. O recurso foi bem empregado em algumas cenas também para dar ideia de planos e profundidade.
Os atores estão muito bem na história: embora poucos personagens sejam de carne e osso, a atuação dos dubladores é excelente (o filme conta com nomes do peso de Alan Rickman e Stephen Fry, respectivamente a Lagarta Azul e o risonho Gato de Cheshire). Dentre os personagens reais, a Alice adulta e depressiva escolhida por Burton (a atriz Mia Wasikowska) foi uma escolha felicíssima - Mia é carismática e apática na medida certa para o papel. Embora seja um desparate do diretor querer sobrepor a protagonista com um personagem secundário em prol da escalação de seu ator predileto, a participação de Johnny Depp como o Chapeleiro Louco está mais uma vez impecável - o maior problema do personagem é sua própria composição, sugerida pelo roteiro. Helena Bonham Carter mostra domínio de atuação ao viver a malvada, hilária e cabeçuda Rainha Vermelha (na verdade, um mix da Rainha de Copas do primeiro livro com a própria Rainha Vermelha do segundo), enquanto Anne Hathaway vive uma Rainha Branca esquisitona e sem sal.
A sensação de decepção com boa parte do filme é inevitável: o filme perdeu toda a ironia e a arrogância desde o ponto em que os habitantes do País das Maravilhas, antes psicóticos e malvados, tornaram-se um bando de bichinhos bonzinhos e fofos. O nascimento de uma Alice guerreira e de duas facções de gladiadores sob o comando das duas rainhas coloridas foi a pior escolha possível - na intenção de tornar o filme ainda mais comercial, a investida da Disney arruinou qualquer suspiro de dignidade que a adaptação ainda mantinha.
No fim das contas, esta releitura de Alice No País Das Maravilhas reduz-se a um filme lindo de se ver, mas difícil de engolir.

CINEMA: HOMEM DE FERRO 2

Em cartaz nos cinemas brasileiros desde o dia 30 de abril, Homem De Ferro 2 (Iron Man 2, 2010), não só é uma continuação do filme de 2008, como também um upgrade na atmosfera que envolve a história do herói - esteja ele vestido com a armadura de ferro ou com as roupas Tony Stark (Robert Downey Jr.).
Em termos de qualidade e de ação, ninguém fica devendo nada para ninguém: o que se perde por um lado, ganha-se pelo outro. Em uma via, o personagem de carne e osso vivido por Downey Jr. cresce na fita, em tom afetado e arrogante, de modo que torna-se impossível não amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo. Por outra, o roteiro sofreu com alguns furos e alguns pulos dados para diminuir os trâmites da história e focar-se mais na ação. Alguns eventos, como o desenvolvimento do vilão Chicote Negro (Mickey Rourke) e o surgimento da Máquina De Guerra (Don Cheadle) parecem em certos momentos imediatos demais e desprovidos de uma motivação maior. Acertos como as participações contidas de Sam Rockwell como o ambicioso Justin Hammer, Scarlett Johansson na pele da Viúva Negra e a reprise de Gwyneth Paltrow como Virgínia "Pepper" Potts, em detrimento de um espaço maior para o protagonista, foram providenciais para dar gás ao filme e não atê-lo a uma gama de tramas paralelas desnecessárias.
Homem De Ferro 2 cumpre bem o seu papel e com certeza será uma das maiores bilheterias deste ano no verão americano, que já iniciou sua temporada de blockbusters. O ator/diretor Jon Favreau soube repetir a fórmula de sucesso do primeiro filme e, de canja, ainda deu os ares da graça no papel de Happy Hogan, o motorista e braço direito de Stark. Um terceiro volume está encomendado e em fase de elaboração, possivelmente para 2012, o ano em que também deveremos ver o Homem De Ferro lutando ao lado de Hulk, Thor e Capitão América em Os Vingadores (The Avengers), dos quais os dois últimos heróis, além de estarem com seus filmes próprios em fase de produção, ainda deixam pistas de sua eminente chegada nesta película aqui comentada. Esperem até depois dos créditos para ver!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

COMÉDIAS: CADÊ OS MORGAN? / CAÇADOR DE RECOMPENSAS

Para o dia de hoje, duas dicas de comédias que foram conferidas recentemente. Embora diferentes, são visivelmente notáveis, mesmo pela descrição, as semelhanças entre as duas fitas - desde o enredo até a estrutra da história. Tendência ou repetição, os dois títulos abaixo são recomendados para garantir boas gargalhadas - e ainda estão em cartaz, basta correr até o cinema e aproveitar!



Comediazinha romântica básica, Cadê Os Morgan? (Did You Hear About the Morgans?, 2009) junta dois pesos-pesados do gênero: Sarah Jessica Parker e Hugh Grant. Na trama, o casal novaiorquino Meryl (Parker) e Paul (Grant) vivem um momento de crise no casamento, e, eis que em uma noite, testemunham um assassinato e, por conta disso, são obrigados a integrar um programa de proteção às testemunhas que os leva para viver no interior do estado americano do Wyoming, na companhia de um xerife casca-grossa e sua esposa linha-dura. A partir daí não é difícil adivinhar o que se segue: trapalhadas rurais, mistérios policiais envolvendo o crime que o casal testemunhou e todo aquele redescobrimento do romance dos dois. O diretor Marc Lawrence (Miss Simpatia 1 e 2, Letra E Música), já experiente no gênero, é quem comanda a festa.



Mais divertido, mais frenético e menos refinado, Caçador De Recompensas (The Bounty Hunter, 2010) traz o galã da vez Gerard Butler (300, O Fantasma Da Ópera) na companhia da sempre queridinha da América Jennifer Aniston (Amigas Com Dinheiro, Marley E Eu). Butler vive um ex-policial que ganha a vida caçando foragidos de julgamentos e vê a sorte grande no dia que recebe como missão capturar sua ex-mulher, vivida por Aniston. A trama central ainda envolve uma investigação jornalística sobre um suposto suicídio, que traz à história bastante ação, correrias e tiroteios. Esta comédia romântica pseudo-policial, dirigida por Andy Tennant (o mesmo de Hitch - Conselheiro Amoroso) é uma boa pedida com bastante ação para rir e se divertir.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A HORA DO PESADELO

Sob a guarda do renomado diretor de videoclipes Samuel Bayer e da produção de figurões, dentre os quais o lucrativo diretor Michael Bay, o famigerado vilão Freddy Kruger volta à ativa em uma nova versão do clássico de horror oitentista A Hora Do Pesadelo (A Nightmare On Elm Street, 2010).
Bayer, um diretor de videoclipes estiloso e de talento, tem em seu currículo serviços prestados a grandes bandas, dentre as quais Metallica, Green Day e Cranberries. Este reboot, por assim dizer, de A Hora Do Pesadelo é seu primeiro trabalho para a tela grande. Para quem conhece seu trabalho no ramo musical, torna-se fácil identificar suas marcas e padrões, que vão desde as cores desbotadas até a opção por cantos escuros, cenários sujos e objetos macabros - nada mais adequado para um filme de terror. Sua mão caiu bem para o filme, mas infelizmente não é só isso que faz a película...
De um modo geral, refilmagens sempre são vistas com o nariz torcido e - convenhamos - a falta de imaginação hollywoodiana, cada vez pior, leva os gananciosos estúdios a refilmar e reinventar obras cada vez mais recentes: meros 26 anos separam o surgimento de Freddy Kruger na telona desta versão 2010. Para completar, por mais tosca ou dispensável que tenha sido a, por assim dizer, "vida" de Freddy no cinema, o monstro tornou-se um ícone de toda uma geração que ouvia Michael Jackson, bebia Coca-Cola em garrafinha de vidro e se divertia em turma assistindo fitas de terror retiradas na locadora nos sábados a noite. Refazer um filme deste porte, sobretudo com um novo ator encarnando o demoníaco senhor dos pesadelos, é um passo um tanto ousado e, para alguns mais fanáticos, uma heresia.
O frisson causado tem lá seus fundamentos, mas boa parte das críticas negativas recebidas tem fundo preconceituoso. Poucos sustos - verdade - mas, para um filme de terror nos dias de hoje, até que este se sai bem, e sem abusar demais dos clichês. Embora seja estranho um rosto diferente do ator Robert Englund sob a pele queimada de Freddy, o substituto escolhido Jackie Earle Haley foi um acerto, uma vez que seu próprio semblante sem maquiagem já é assustador. Haley parece à vontade no papel e, embora seu Freddy tenha perdido a força em relação ao de Englund, parte da culpa é do roteiro, que muda um bocado os fatos da história e reinventa um Freddy menos sádico e mais vingativo. Os únicos aspectos de fato melhorados da versão original para esta foram o visual e os efeitos especiais, que estão muito bem feitos e injetam uma certa graça ao filme.
A iniciativa de adaptar a história para os dias de hoje, levantando assuntos como pedofilia e uso de medicamentos, além de escalar para o elenco rostos jovens dá vida nova à franquia, que, segundo rumores, já tem engatilhada mais duas sequências e a participação do vilão na parte 2 do péssimo Freddy Vs. Jason. Haja falta de imaginação...