domingo, 16 de maio de 2010

CINEMA: TUDO PODE DAR CERTO

Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works, 2009), o mais recente filme de Woody Allen (responsável aqui pelo roteiro e pela direção), traz o comediante Larry David no papel de Boris, um velho solitário e ranzinza. Boris se julga uma mente privilegiada e, com uma carga colossal de mau humor e intolerância, ele é desprovido de qualquer pudor ou trava na língua quando o negócio é criticar ou ofender diretamente as pessoas, sejam adultos ou crianças - sua estupidez é tão ácida que chega a ser engraçada em diversas passagens. O que Boris não contava era com a chegada de Melody (Evan Rachel Wood) em sua vida.
Melody, por sua vez, é uma pós-adolescente simplória e de miolo mole. Fugida das garras da mãe dominadora (Marietta, vivida por Patricia Clarkson, presença constante nos filmes de Allen), a moça vem do interior para se aventurar na cidade grande e é justamente aí que seu caminho se cruza com o de Boris. A química que surge entre os dois, mesmo que inusitada, causa diálogos divertidíssimos, irônicos e com um quê de inteligência, outra marca característica da carreira do diretor. Contar o segmento da história seria estragar a surpresa para quem ainda não assistiu, mas pode-se dizer que são consideráveis as mudanças dadas na trama.
Longe de ser um dos melhores filmes de Allen, mesmo dentre os mais recentes, Tudo Pode Dar Certo é mediano e se salva pelo fator cômico da trama. Embora o diretor cultive um teor cômico bobo, às vezes cedendo espaço ao pastelão e ao absurdo, muito de seu trabalho se deve à repetição de fórmula, algo que tem dado certo até hoje. Nas poucas escapadas do formato, o diretor se saiu bem, mas é no chão da comédia que ele parece ainda mais à vontade. E, aqui, apesar da simplicidade da fita, pode-se considerar bem contada sua visão sobre mudanças de atitudes e suas devidas consequências.

Um comentário:

Unknown disse...

Hummm... parece valer a pena... vou levar a patroa para assistir.