quarta-feira, 19 de maio de 2010

CINEMA: ROBIN HOOD

Evite comparações deste Robin Hood (Robin Hood, 2010) com aquele de 1991, estrelado por Kevin Costner. Sim, o personagem é o mesmo, a história até é a mesma, porém, esta versão atual de Ridley Scott narra o surgimento do contraditório herói, aquele conhecido por tirar dos ricos para dar aos pobres.
Russell Crowe (parceiro do diretor em outros títulos como Gladiador e Rede De Mentiras) vive o protagonista, desde o soldado Robin Longstride até o forjado Robert Loxley, para finalmente tomar sua definitiva identidade junto à lenda que o cerca. Cate Blanchett (Elizabeth, O Senhor Dos Anéis) é Lady Marion, uma camponesa sem papas na língua e uma mulher visionária, atrevida demais para seu tempo. Seu envolvimento com Robin é de primeira importância para a evolução da história, que se passa logo após as cruzadas do violento Rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), onde o soberano é abatido em combate e seu trono é assumido por seu irmão João (Oscar Isaac), um tirano e injusto rei que, ao dispensar os serviços do fiel William Marshal (William Hurt, em um papel pequeno) cede o posto de conselheiro ao nefasto Godfrey (Mark Strong), um traidor que planeja instaurar uma guerra civil na Inglaterra entre a realeza e o povo, facilitando um ataque surpresa em conluio com o exército francês.
A arena da história que Scott tem para nos mostrar é um espetáculo de imagens, batalhas perfeitamente produzidas, cenários e figurinos perfeitos que remetem para a Inglaterra do século XII, efeitos sonoros ensurdecedores (ou era o som do cinema que estava desregulado) e uma boa trama que, apesar de longa, não deve ser recebida com cansaço ou preguiça. O roteiro contém alguns clichezinhos típicos de filmes de batalhas, como a caracterização piegas de Robin enquanto líder e a incursão do elenco na íntegra durante a luta, onde não faltam crianças e mulheres que sempre conseguem ir escondidas e, mesmo sem preparo algum, ainda vencem qualquer duelo. No mais, o filme se sai muito bem e termina na hora certa.
Se foi proposital ou não, a fita tem passagens que nos servem de metáfora e nos permitem traçar paralelos com nossos tempos. Basta observar as atitudes da coroa para com seus súditos, as motivações das batalhas e os absurdos cometidos em nome da igreja e em nome do rei. É, os tempos mudaram, mas o caráter humano, muito pouco: os pobres continuam sofrendo com fome e opressão, as guerras continuam matando aos milhares, mas agora com bombas e morteiros, as nações continuam querendo engolir umas às outras, mas com estratégias muito mais elaboradas do que séculos atrás. E os governantes... Esses continuam fazendo o que bem entendem, mentindo descaradamente e achando, assim como os reis antigos, que estão acima até mesmo de Deus. É pra rir ou pra chorar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Recentemente, deparei com seu blog e tenho lido junto. Eu pensei que eu iria deixar meu primeiro comentário. Eu não sei o que dizer, exceto que eu gostava de ler. Nice blog.