segunda-feira, 17 de maio de 2010

A DESPEDIDA DE NIP/TUCK

Ninguém pode acusar o produtor Ryan Murphy e sua equipe de produção em Nip/Tuck por falta de originalidade: a série conseguiu polemizar, chocar e ao mesmo tempo apresentar sob um ângulo no mínimo curioso o universo das relações interpessoais, tendo como pano de fundo uma clínica de cirurgia plástica. No ar desde 2003 e tendo como protagonistas a dupla de sócios/amigos/rivais/co-irmãos isseparáveis e icorrigíveis Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon), a trama dá adeus aos fãs neste início de 2010, em uma sequência que não se definiu ao certo ser a 7ª temporada ou a 6ª dividida em duas partes.
Ao contrário de muitas séries que são canceladas sem aviso prévio, Nip/Tuck já tivera seu final planejado durante a exibição da 5ª temporada, deixando tempo e ideias de sobra para os roteiristas e produtores planejarem o destino de seus personagens. Talvez por boa parte da equipe ter se debandado para a produção de Glee, a nova série de Murphy e uma das maiores sensações desta fall season, Nip/Tuck foi bastante prejudicada em sua reta final, principalmente no que disse respeito ao roteiro.
A falta de motivação e o sumiço longo de alguns dos personagens, as reviravoltas sem fim na trama e o grotesco em escalas superlativas causaram marasmo à série e produziram episódios totalmente desnecessários, onde nada acontecia e nada contribuia para dar qualquer rumo à história. Figuras antes importantes, como a inconstante Kimber (Kelly Carlson), o filho problemático Matt (John Hensley) e a própria Dra. Liz Cruz (Roma Maffia) mudaram tanto em tão curto tempo que se tornaram estorvos ao invés de pivôs de algo mais importante. Julia (Joely Richardson), que um dia fora o terceiro nome do elenco, simplesmente não existiu nos últimos dois anos da série: apareceu vez ou outra só para incendiar, causar desconforto na trama e sumir na cena seguinte. E, quanto os protagonistas, tornaram-se algo próximo de um casal de meia-idade com crise no casamento, brigando por qualquer bobagem e reatando para voltar a brigar de novo...
Pode-se dizer que depois de 7 anos, o final da série veio tardio. O longo hiato da 5ª temporada teria sido suficiente para o planejamento de um final no mínimo mais digno e melhor resolvido, sem a necessidade de uma longa espera e de uma longa enrolação. A conclusão da trama terminou não sendo boa para quase ninguém, mas, após tantas desventuras, não tinha como ser diferente. Como mérito louvável, foi selado o destino de cada um dos personagens e reforçados os laços de afeto que tanto os ligaram e separaram no decorrer de todo esse tempo, sempre envolvendo o flerte com o bizarro, com a pornografia, com a violência e com o que havia de mais sombrio no ser humano, onde o limite sempre foi a imaginação.

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