terça-feira, 8 de junho de 2010

CINEMA: O GOLPISTA DO ANO

Na revista Piauí de uns 2 meses atrás saiu uma pequena nota a respeito de traduções de títulos de filmes para o português, justificando que muitas vezes o título original não significa nada quando traduzido e também deixando claro que muitas vezes o título pode ser totalmente modificado (ou receber subtítulos) em prol do apelo comercial. Tudo muito compreensível, uma vez que nossos filmes também recebem títulos estapafúrdios quando vão para o exterior. Ainda assim, fica difícil entender (e chega a ser engraçado) como I Love You Phillip Morris foi se transformar em O Golpista Do Ano.
Fechando parênteses, vamos ao filme em si. Protagonizado por Jim Carrey e Ewan McGregor, a intenção é contar a história de Steven Russell (Carrey), um homem que, em certo ponto de sua vida, assume a homossexualidade e parte para uma vida de luxo e consumo, onde a saída para seu sustento se torna a prática de pequenos golpes, o que o leva à cadeia, onde lá conhece o tal Phillip Morris do título (McGregor), e por ele se apaixona. A partir desse ponto, a vida torna-se ainda mais cheia de confusões para o sujeito, onde a quantidade e a gravidade de seus golpes aumentam gradativamente, assim como suas mentiras e suas novas idas, vindas e fugas da cadeia.
O filme é ruim de modo geral: embora com uma premissa diferente, o que há de bom a ser mostrado são os golpes e os detalhes com que são aplicados - talvez daí se possa tirar algum sorriso. No mais, Jim Carrey está afetado e careteiro em demasia e não consegue mais uma vez fugir de seu estigma característico de O Máskara. Ewan McGregor tem pouca projeção na fita e não faz nada mais do que bancar o(a) mocinho(a) sofrido(a). Ah, tem também o Rodrigo Santoro no elenco - mais uma vez o brasileiro é escalado para aparecer durante míseros 5 minutos e ainda teve que sofrer com um super emagrecimento para parecer um doente terminal por uma única e curta cena. Pelo menos deram falas para ele...
O que fica é uma mensagem confusa. A questão homossexualidade X caráter acaba pesando na história e cutuca em certas feridas da sociedade - o que se vê de Steven Russell é só uma reviravolta para pior após sua "saída do armário", mostrando somente o lado negro de sua personalidade. Apesar da trama se apresentar uns anos no passado, o fator preconceito é pouco explorado, até porque o próprio filme já se encarrega disso, com uma concepção caricata dos personagens e da incursão de situações que só incentivam a chacota. Se o filme era uma bandeira a ser levantada, tornou-se um desserviço. Se era uma crítica, tornou-se uma apelação.

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