terça-feira, 29 de junho de 2010

CINEMA: TOY STORY 3

É incrível constatar que, mesmo após 15 anos do lançamento do primeiro filme e 11 do segundo, a parceria Disney/Pixar conseguiu dar continuidade mais uma vez à saga dos brinquedos de Toy Story, sem soar datada ou repetitiva. Quando se percebeu que as crianças que cresceram se divertindo no cinema com as peripécias do cowboy Woody (voz de Tom Hanks no orignal), do astronauta Buzz Lightyear (voz de Tim Allen) e sua turma de amigos, percebeu-se que era hora da franquia crescer também.
Agora, o garoto Andy (voz de John Morris) não é mais exatamente um garoto, e sim um jovem adulto na casa dos 17 anos, com o desafio da universidade a sua frente - um momento em que os brinquedos há muito perderam o significado em sua vida e devem lhe dar adeus, com um destino incerto, que pode ser tanto as mãos de outra criança, o esquecimento do sótão ou mesmo a lixeira. Este é o mote principal de Toy Story 3, uma trama cheia de despedidas e comoções em meio a um festival de cores, risos e fantasias de um mundo encantado que só os brinquedos poderiam nos proporcionar.
Este terceiro episódio pode até não ser o mais impressionante da triologia, uma vez que o primeiro filme foi um marco no mundo da animação tridimensional cinematográfica, mas certamente é a maior aventura vivida por nosso amigos de plástico até hoje. Da casa de Andy para uma creche e da creche para diversos outros lugares sinistros, a turma de Woody e Buzz precisam enfrentar a tristeza do abandono de seu dono, crianças destruidoras de brinquedos e uma conspiração liderada por um urso cor-de-rosa malvado com cheirinho de morango chamado Lotso (voz de Ned Beatty).
Sobra encanto em Toy Story 3: mesmo com algumas críticas negativas, as bilheterias têm mostrado que a fita está sendo um sucesso entre crianças e adultos. Com menos fundamentos inteligentes que outras recentes produções da Pixar, a trama dirigida por Lee Unkrich (de Procurando Nemo, Monstros S.A. e Toy Story 2) pega o espectador pelo coração e pelo saudosismo da infância. A história traz à tona, por meio de memórias, uma época feliz vivida pela maioria da nossa geração, dando aquela vontade de revirar o baú e puxar de volta aqueles velhos brinquedos que tanto nos acompanharam nos melhores anos de nossas vidas. Dos 8 aos 80, é difícil permanecer alheio às boas recordações e não se comover perante a evolução da vida no passar dos anos. Mas a história relembra ainda que é preciso seguir em frente, seja você um menino que virou homem ou um boneco de pano, aparentemente inanimado. E, para todos aqueles que sentem saudades, vale o consolo de que não importa a idade: brinquedos sempre serão brinquedos e crianças sempre serão eternas crianças...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

QUANDO MICHAEL JACKSON ERA SÓ UM REI

Em torno de um ano atrás, exatamente em 25 de junho de 2009, o mundo pop despedia-se de seu rei. Michael Jackson morria precocemente aos 50 anos, acidentalmente por abuso de remédios, deixando para trás um legado que dificilmente será esquecido em consecutivas gerações.
Em uma época que os noticiários se voltam para o primeiro aniversário de falecimento do cantor e ainda especulam fatos sobre as causas de sua morte, fãs no mundo inteiro continuam a perpetuar sua arte: é a celebração constante da memória de um grande artista, o resgate à ingenuidade da criança crescida e atordoada por um mundo que a criou e depois a engoliu de forma voraz, o agradecimento pelos frutos de uma mente brilhante e meio louca para os padrões de nossos tempos. Ele foi tudo isso e muito mais - não só o homem, Michael Jackson, ontem um nome, hoje um mito. Diante da figura do herói contraditório, Michael foi um defensor da natureza e dos direitos humanos, um admirador das crianças, um ser humano complicado e muitas vezes incompreendido - embora sua arte tenha sido alegre quase que em totalidade, seu revés ocultava a alma obscura de um homem solitário e conturbado, a quem foi permitido existir mais como imagem do que como carne e osso.
O grande desafio da vida é seguir adiante e a máquina não pára. Hoje é um pouco triste lembrar de um Michael Jackson decadente, quase irreconhecível pelas dezenas de cirurgias plásticas as quais se submeteu, acusado de atos que não se puderam provar, mas que contribuiram para parte da degradação de seu nome. Foi irônico ver toda aquela novidade dos tempos de Thriller e o luxo visual dos tempos de Dangerous se desintegrar em uma carreira que tinha tudo para ser brilhante e que quase terminou reduzida a pó, em meio a escândalos e excentricidades. Michael Jackson, ainda que sem intenção, saiu de cena exatamente no momento em que todos os olhos do mundo voltavam-se para ele com sua turnê de despedida. O que ele seria a partir dali como artista não se saberá. O que se conhece é só o que se viveu - e todos sabemos como Michael viveu, quais foram suas escolhas e quais foram suas consequências. Sem julgamentos.
Os últimos dias foram para rever seus shows, seu clipes e curtir mais um pouquinho de sua obra. Incansável hoje, seu nome continua em nossas lembranças. Sua música perpetua na história da música. Sua presença fica guardada em cada um de seus fãs como um videoclipe, como uma letra bem escrita, como uma melodia ou como a recordação do grave da sua voz. Na forma em que cada um ainda o reconhece, o aprecia e o saúda.

sábado, 26 de junho de 2010

CINEMA: PLANO B

Mulher solteira engravida por inseminação artificial e encontra no mesmo dia o homem de seus sonhos. Somente pela premissa, Plano B (The Back-up Plan, 2010) não precisaria existir, pois não passaria de mais uma comediazinha romântica morna para entupir prateleira de locadora, com direito a beijinhos, clímax, lágrimas e final feliz. O que salva a fita dirigida por Alan Poul (estreante na telona e egresso da TV - tem no currículo a direção de séries como A Sete Palmos e Roma) e foge um pouco do convencional é o tom cômico e até meio estúpido empregado nesta comédia estrelada pela atriz e cantora Jennifer Lopez, em seu retorno ao show business após uma pausa para a gravidez real de seus filhos gêmeos.
A história de Zoe (Lopez) é exatamente a mencionada na premissa: o roteiro não se prende muito a rodeios e prefere partir para o desenrolar do enlace romântico entre ela e seu pretendente Stan (Alex O'Loughlin, astro de duas séries de TV recentes que não vingaram - Moonlight e Three Rivers). A trama se concentra basicamente nos dois protagonistas e no dilema de Stan assumir uma paternidade que não é sua em prol da mulher amada. Os personagens secundários têm pouca relevância e mal servem de apoio para alguns momentos, assumindo papéis quase de figurantes.
O melhor de Plano B é o riso, provocado por cenas que mostram um lado da gravidez menos bonito do que estamos acostumados a ver na ficção, mesmo que para isso os personagens tenham que se valer, sem muito exagero, de algumas pitadas de grotesquice e escatologia - o diretor achou o tom certo para tirar graça desses artifícios já saturados sem soar nojento. Vale destacar as cenas em que aparece Nuts, o adorável cachorrinho deficiente de Zoe, que sempre rouba as atenções para si.
É claro que Plano B reza pela cartilha da comédia romântica, mas isso não chega a ser prejudicial para o resultado final. Jennifer Lopez, embora não possua grandes atributos como atriz, está em plena forma, linda e engraçada, fazendo uma Zoe carismática, pela qual é impossível não torcer por um final feliz ao lado de Stan. A química com O'Loughlin funciona bem e salva o filme enquanto romance, embora ainda seja muito mais interessante como comédia.

terça-feira, 22 de junho de 2010

TRUE BLOOD, 3ª TEMPORADA

ATENÇÃO: o texto a seguir pode conter spoilers.

Entrando no terceiro ano de loucuras vampirescas, True Blood, a atual série do ousado produtor e roteirista Alan Ball, retoma o exato instante onde parou na temporada anterior.
Com tudo meio desajustado na caipiresca Bon Temps, grande parte dos personagens parece estar meio perdida ainda no contexto. Jason (Ryan Kwanten) está se punindo pelo assassinato de Eggs (Mehcad Brooks), mesmo após o policial Andy (Chris Bauer) ter assumido a culpa em seu lugar, fato que desencadeou depressão e fúria em Tara (Rutina Wesley). Jessica (Deborah Ann Woll) meteu-se em maus lençóis após ter matado, mesmo sem querer, um homem que usou para tentar afogar as mágoas de seu rompimento com Hoyt (Jim Parrack). Sam (Sam Trammell) segue em uma busca sem muito sucesso por sua família, enquanto Sookie (Anna Paquin) sai à procura de Bill (Stephen Moyer), sequestrado logo após fazer um pedido de casamento à moça.
Ao que tudo indica, haverá uma forte exploração dos conflitos entre Bill e o maquiavélico Eric (Alexander Skarsgård), que descobriu-se, assim como a rainha Sophie (Evan Rachel Wood, em participação especial), estar envolvido com o sequestro de Bill e o tráfico de V - sangue de vampiro -, do qual Lafayette (Nelsan Ellis) é, forçadamente, um de seus distribuidores.
Cenas com insinuações pra lá de gays e a aparição do que aparentam ser lobisomens também marcaram a premiére da nova temporada no dia 13 de junho, dando uma febre do que virá por aí nas próximas 11 semanas e deixando uma pergunta no ar: True Blood rendeu-se à saga Crepúsculo ou os lobisomens já estavam planejados?
Após o sucesso de estreia da 3ª temporada, True Blood já está renovada para um quarto ano em 2011.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PERSONS UNKNOWN: NOVA SÉRIE

Um grupo de pessoas acorda em um hotel de uma pequena cidade deserta sem saber onde está, como foi parar lá e porque está lá. No teto câmeras de vigilância, por toda parte mensagens subliminares que levam a lugar algum e presenças misteriosas no ambiente - muitas delas passam sem serem vistas. Alguma dessas coisas parece familiar? Basta juntar produções conhecidas como Lost, Jogos Mortais (em uma mortal semelhança com o segundo filme da franquia), o péssimo O Olho Que Tudo Vê e até mesmo O Show De Truman e tem-se Persons Unknown, a nova série da rede americana NBC.
Christopher McQuarrie é o nome por trás da criação desta nova trama. Anunciado como roteirista de X-Men Origins: Wolverine 2, McQuarrie tem ainda em seu currículo de escritor Os Suspeitos e, mais recentemente, Operação Valquíria. No elenco, nomes pouco conhecidos, encabeçados por Jason Wiles (no papel do misterioso Joe), Daisy Betts (a desesperada mãe Janet) e Chadwick Boseman (Sargento McNair). O foco principal da história é desvendar o mistério da abdução dos personagens e descobrir um meio de sair daquele lugar que, além do hotel, conta com uma delegacia, uma loja e alguns outros prédios.
Para tentar disfarçar a cópia descarada de outros títulos, foram introduzidos personagens serviçais de carne e osso que interagem com os sequestrados, seguindo uma série de regras e sem saber porque estão lá trabalhando. Foi criada uma trama paralela no que se pode chamar de "mundo real", onde um repórter investigativo, sem motivo algum resolve bisbilhotar o sumiço da personagem Janet.
Veiculada no ar desde o dia 07 de junho e projetada para ter 13 episódios, dos quais se promete um final fechado, talvez até sem a possibilidade de uma continuação, Persons Unknown é batida e repleta de clichês e personagens estereotipados que habitam séries e filmes do gênero, mas seus primeiros episódios foram intrigantes e atualmente é uma das melhores opções para download na escassez típica da mid-season americana, onde as séries principais estão descansando para retornar somente após o término do verão no hemisfério norte.

CINEMA: OLHOS AZUIS

Embora seja falada em inglês quase que na íntegra, Olhos Azuis é uma produção brasileira - e boa, por sinal. Ambientada parte em um aeroporto norte-americano, parte no estado de Pernambuco (entre as cidades de Recife e Petrolina), a trama narra o último dia de trabalho do fiscal de imigração Marshall (David Rasche), que decide complicar a vida de um grupo de latino-americanos que pretendem ingressar no país, ainda que legalmente.
Com o elenco pouco conhecido e cheio de boas atuações, o filme é tenso, sobretudo nas cenas do aeroporto, onde a humilhação dos imigrantes por parte da polícia é escancarada e revoltante. As cenas gravadas em Pernambuco são suavizadas pelo contexto regional muito bem destacado na filmagem e pela presença da divertida prostituta Bia (Cristina Lago), com seu inglês de improviso e sua malandragem inocente.
Com direção de José Joffily (de Achados E Perdidos e 2 Perdidos Numa Noite Suja), a trama só é prejudicada pela montagem. A alternância de ambientes é constante demais, causando cortes televisivos à fita nos momentos em que era necessária uma continuação, acabando com o clima e tornando o final um pouco óbvio para quem já conhecia a sinopse ou já havia assistido ao trailer. Tirando este fato, trata-se de um título bem interessante enquanto cinema e enquanto crítica social.

domingo, 20 de junho de 2010

O FINAL DA 2ª TEMPORADA DE UNITED STATES OF TARA

Tara Gregson (Toni Collette) e suas personalidades múltiplas já estão garantidas em um terceiro ano televisivo para 2011. Até lá, uma espera um tanto longa após o término desta 2ª temporada de United States Of Tara.
Embora curta, com meros 12 episódis de meia hora cada, a série é no mínimo intensa. Povoada de personagens conturbados e instáveis, recebeu um desfecho merecido até o momento em que se situa a trama. Após uma descoberta bombástica sobre sua infância, Tara agora encontra-se mais perto de obter uma explicação para suas manifestações psicóticas, que se apresentam em forma de adolescente, dona de casa, veterano de guerra, e, mais recentemente, de psicóloga e de criança.
Ao seu redor tudo parece desabar, desde o relacionamento com o marido Max (John Corbett) até as centenas de problemas trazidos por seus filhos e por sua problemática irmã Charmaine (Rosemarie DeWitt). Ainda assim, Tara representa a mulher forte e resistente aos contratempos, reagindo de maneiras surpreendentes a cada queda. A (mais uma vez) excelente atuação de Toni Collete garante vida e carisma à personagem e as suas múltiplas variações, balanceando a série entre o pesado e o cômico. Com um final conturbado, no mesmo tom de sempre, seguido de um alívio doce e quase digno de habitar um conto de fadas, a 2ª temporada terminou de maneira excepcional, deixando um gostinho de "quero mais" que vai durar até o ano que vem.

CINEMA: ESQUADRÃO CLASSE A

Derivado da série oitentista de mesmo nome, Esquadrão Classe A (The A-Team, EUA 2010) é puro exagero. Protagonizado por Liam Neeson (A Lista De Schindler), Bradley Cooper (Ele Não Está Tão Afim De Você), Jessica Biel (O Ilusionista), Patrick Wilson (Watchmen), Sharlto Copley (Distrito 9) e pelo lutador Quinton "Rampage" Jackson, o filme narra o encontro de um grupo de militares do exército americano que são atraídos para uma emboscada no Iraque envolvendo uma maleta cheia de placas com modelos para fabricação de dinheiro falsificado e acabam sendo considerados traidores e, consequentemente, fugitivos.
É o tipo de filme que faz escorrer adrenalina e testosterona pela tela do cinema. Até aí nenhum problema, não fosse a sucessão de absurdos contidos na fita, que vão desde tanques de guerra despencando do céu e derrubando caças a tiros até toneladas de contâiners gigantescos despencando por cima de pessoas que escapam sem um arranhão sequer. Os efeitos especiais são bem aplicados e as cenas de ação são assombrosas, mas nada mais se salva.
Apesar do elenco estrelar, a direção de Joe Carnahan não conta muito no produto final, onde nada mais é trabalhado além da pancadaria, do corre-corre e das piadinhas sem graça a que já estamos acostumados em filmes similares. Falta um mínimo de coerência ao roteiro, aos diálogos e até mesmo às mil reviravoltas dadas pela história. Esquadrão Classe A não só falha como filme, mas também como homenagem à matriz, transformando em um grande circo pirotécnico a série tão querida e lembrada até hoje por uma legião de fãs.

domingo, 13 de junho de 2010

O SUCESSO DE GLEE

No início de setembro passado Glee estreava na TV americana como uma aposta alta e ousada da rede Fox e do produtor de séries Ryan Murphy, responsável também pela recém findada Nip/Tuck. Lembro que na ocasião dediquei um post a meditações sobre as possibilidades de sucesso e fracasso da série, lançando a pergunta "Glee: será que vai pegar?". Justamente 9 meses depois, uma gestação, só há uma resposta a ser dada: "Pegou!".
Fenômeno de sucesso nos EUA, a série já expandiu sua fama mundo afora e cativou adolescentes e adultos com a dramédia musical que tem como pano de fundo um clube de cantoria em uma escola de ensino médio no interior do estado de Ohio. Formado por alunos excluídos e impopulares, o clube enfrenta dificuldades e preconceitos, assim como seus membros, que veem na música um meio de se integrarem e de fazerem novas amizades, se apaixonarem, se aceitarem e se encontrarem no mundo.
O sucesso televisivo foi tamanho que, inicialmente prevista para ter 13 episódios, a história ganhou outros 9, retornando de um hiato que durou de dezembro a abril e fechando na última terça-feira, 8 de junho, pouco depois do final oficial da fall season. A produção se saiu muito bem no mercado fonográfico também: neste curto período de 9 meses foram lançados nada menos que 5 álbuns com as músicas apresentadas na TV, sendo que dois deles foram EP's específicos de episódios e, dos outros 3, um saiu em versão normal e em versão deluxe, com direito a faixas adicionais. As vendas foram boas e tanto os álbuns quanto os singles atingiram posições respeitosas nas paradas da Billboard - um feito grandioso para um repertório exclusivo de covers variadas em estilos, artistas e épocas.
Finalizada com o episódio Journey, fazendo alusão à banda de mesmo nome e também ao termo "jornada", a primeira temporada encerrou deixando saudades e levando consigo um desafio para o setembro próximo de manter o padrão de qualidade e o sucesso obtidos até aqui. Com renovação garantida por pelo menos mais dois anos, a equipe de produção, que já teve até a permissão de Madonna para fazer um episódio só com suas canções (veiculado lá fora em 20/04 e entitulado The Power Of Madonna), tem um universo musical inteiro para explorar e para adaptar ao canto dos competentes atores cantantes do elenco. Que as imitações mantenham-se longe e que, mesmo com toda a inocência jovial e instável que rege a atmosfera da trama, possamos nos deleitar por bastante tempo ainda com os "losers" cantores, suas desventuras e até mesmo com seus divertidos vilões.
(No Brasil já está disponível para venda o box em DVD com os primeiros 13 episódios e somente os volumes 1 e 2 em CD. A estreia da segunda parte da temporada na TV a cabo é prevista para o mês de julho).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CINEMA: EM TEU NOME...

Mais um exemplar da boa leva atual do cinema gaúcho, Em Teu Nome... (Brasil, 2010) é um drama político ambientado nos conturbados anos 70, em meio à barbárie que foi a ditadura militar que assolou o Brasil por anos e marcou toda uma geração. O filme é baseado na trajetória de João Carlos Bona Garcia, um estudante que largou a faculdade e renunciou de uma vida de classe média para tornar-se um revolucionário. Junto a personagens reais e fictícios, a história de Boni (o nome dado ao personagem vivido pelo ator Leonardo Machado) é contada desde sua filiação, passando por toda a Via Crucis que muitos de seus companheiros de causa também conheceram, incluindo a nula liberdade de expressão, a insegurança constante, a prisão, as torturas e a tristeza do exílio.
O gaúcho Paulo Nascimento assina o roteiro e a direção - ele é também responsável por trabalhos como Diário De Um Novo Mundo e Valsa Para Bruno Stein. O aspecto técnico é competente, com boas escolhas de elenco (que em sua maioria conta com nomes poucos conhecidos, misturados a grandes nomes como Marcos Paulo e Sílvia Buarque em uma ótima e crescente atuação na história), fotografia, trilha sonora (com participação e aparição do cantor Vitor Ramil) e ambientações - desde as locações fechadas no Brasil para representar as prisões domiciliares em que a população se encontrava, até as belas cenas gravadas no exterior (Chile, Argélia e França) para contar os anos de exílio. A edição se apresenta meio perdida às vezes, intercalando cenas de contexto vago e sem muita importância, mas não compromete o produto final.
Dolorosa, sofrida e sem as apelações panfletárias ou clicherias utópicas de filmes do gênero, a trama é um retrato humano sob o olhar de quem viveu aquele tempo, o qual torna-se impossível ficar alheio e não se envolver emocionalmente. Há muita comoção, há muita indignação e há muita admiração pela coragem com que os jovens ali retratados tiveram ao renunciar de suas vidas, amores e famílias para correr mundo em prol de uma causa que se via perdida.

»MAU« NA FOTO, 1 ANO

E 1 ano se passou desde que o blog entrou em ativação. Outrora havia existido por alguns meses de maneira precária, com 2 ou 3 posts em um fundo verde escuro, até que a preguiça ficou um pouquinho de lado e os textos começaram a brotar na cabeça - era hora de pôr mãos à obra.
Muito cinema, muita série de TV, muita música, muita leitura, muita opinião. O que foi possível em termos de tempo e espaço desfilou por aqui neste ano que passou. É bom nutrir-se de cultura e entretenimento e poder passar isso adiante: além de ser um lazer gostoso, é um meio de divulgar o que há de bom e de dar dicas aos amigos e visitantes. E no meio disso tudo ainda tem que sobrar tempo para trabalhar, para sair, para viver a vida.
Agradecimentos a todos que contribuiram com o blog neste primeiro ano, através de comentários, elogios, ou de visitas silenciosas. Que o ano 2 que se inicia hoje seja tão ou mais produtivo que o primeiro e que surja muita coisa boa para se ouvir, assistir, ler e vivenciar para publicar neste espaço.
Desculpas pelos erros de português e concordância, pelos vícios de escrita e por às vezes pegar pesado nos comentários. Estamos todos aprendendo, portanto, sigamos escrevendo... E sempre há tanto sobre o que se escrever!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CINEMA: O ESCRITOR FANTASMA

Do polêmico diretor Roman Polanski, a história de O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010) se baseia no livro do inglês Robert Harris, entitulado O Fantasma. Na trama é tratada a desventura do personagem sem nome de Ewan McGregor, um escritor fantasma (daqueles que escrevem livros para os outros sem levar os créditos) chamado para lapidar a biografia de um poderoso ex-primeiro ministro inglês de origem norte americana, Adam Lang, vivido pelo ex-007 Pierce Brosnan. Após sua chegada a uma praia deserta onde a família mantém uma bela casa, um grande escândalo envolvendo o político estoura na mídia e o escritor se vê envolvido na vida de Lang, o que inclui o convívio com a amargurada e estranha esposa do político, Ruth (Olivia Williams, de Educação), e sua fiel assessora Amelia (Kim Cattrall, a Samantha Jones de Sex And The City).
Com esta pregorrativa o escritor fantasma descobre inúmeros segredos e vai se embrenhando em uma trilha cheia de pistas e perigos, incluindo uma investigação sobre a morte do escritor que o antecedeu no trabalho da biografia. Assim como o mau tempo quase constante na praia, o filme contém um ar pesado: com diálogos excelentes, saídas inteligentes e um trabalho de câmera que nos põe para dentro da tela, o diretor, mesmo à distância, em sua cela onde cumpre pena por abuso sexual, conseguiu realizar uma obra digna de aplausos, apresentando um suspense que foge do convencional e consegue intrigar profundamente o espectador.
O medo, a dúvida e a desconfiança são peças-chaves para a trama, que conta ainda com a particicapação do ator Tom Wilkinson no papel de um professor que é peça-chave para o desfecho do mistério. Polanski consegue traduzir para sua obra uma sensação claustrofóbica pelo qual ele mesmo deve estar passando, estando preso, o que aumenta a atenção, fator necessário para um bom entendimento da história, que torna-se complexa com o avanço dos minutos. A boa escolha do elenco e as atuações contidas dão o toque final à fita que, embora passe longe das grandes bilheterias, é grandiosa em sua composição.

terça-feira, 8 de junho de 2010

CINEMA: O GOLPISTA DO ANO

Na revista Piauí de uns 2 meses atrás saiu uma pequena nota a respeito de traduções de títulos de filmes para o português, justificando que muitas vezes o título original não significa nada quando traduzido e também deixando claro que muitas vezes o título pode ser totalmente modificado (ou receber subtítulos) em prol do apelo comercial. Tudo muito compreensível, uma vez que nossos filmes também recebem títulos estapafúrdios quando vão para o exterior. Ainda assim, fica difícil entender (e chega a ser engraçado) como I Love You Phillip Morris foi se transformar em O Golpista Do Ano.
Fechando parênteses, vamos ao filme em si. Protagonizado por Jim Carrey e Ewan McGregor, a intenção é contar a história de Steven Russell (Carrey), um homem que, em certo ponto de sua vida, assume a homossexualidade e parte para uma vida de luxo e consumo, onde a saída para seu sustento se torna a prática de pequenos golpes, o que o leva à cadeia, onde lá conhece o tal Phillip Morris do título (McGregor), e por ele se apaixona. A partir desse ponto, a vida torna-se ainda mais cheia de confusões para o sujeito, onde a quantidade e a gravidade de seus golpes aumentam gradativamente, assim como suas mentiras e suas novas idas, vindas e fugas da cadeia.
O filme é ruim de modo geral: embora com uma premissa diferente, o que há de bom a ser mostrado são os golpes e os detalhes com que são aplicados - talvez daí se possa tirar algum sorriso. No mais, Jim Carrey está afetado e careteiro em demasia e não consegue mais uma vez fugir de seu estigma característico de O Máskara. Ewan McGregor tem pouca projeção na fita e não faz nada mais do que bancar o(a) mocinho(a) sofrido(a). Ah, tem também o Rodrigo Santoro no elenco - mais uma vez o brasileiro é escalado para aparecer durante míseros 5 minutos e ainda teve que sofrer com um super emagrecimento para parecer um doente terminal por uma única e curta cena. Pelo menos deram falas para ele...
O que fica é uma mensagem confusa. A questão homossexualidade X caráter acaba pesando na história e cutuca em certas feridas da sociedade - o que se vê de Steven Russell é só uma reviravolta para pior após sua "saída do armário", mostrando somente o lado negro de sua personalidade. Apesar da trama se apresentar uns anos no passado, o fator preconceito é pouco explorado, até porque o próprio filme já se encarrega disso, com uma concepção caricata dos personagens e da incursão de situações que só incentivam a chacota. Se o filme era uma bandeira a ser levantada, tornou-se um desserviço. Se era uma crítica, tornou-se uma apelação.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

PRÍNCIPE DA PÉRSIA: AS AREIAS DO TEMPO

Por certa preguiça, está saindo somente agora o comentário sobre o filme Príncipe Da Pérsia: As Areias Do Tempo (Prince Of Persia: The Sands Of Time, 2010). Em mais uma parceria com a Disney, Jerry Bruckheimer, o fabricante de blockbusters número 1 de Hollywood, produz a história ambientada na Pérsia antiga, derivada do game de mesmo nome que foi um grande sucesso dos PCs na década de 90. Assim como o príncipe do jogo, Jake Gyllenhaal (de Zodíaco e O Segredo De Brokeback Mountain) tem que ser habilidoso na pele do guerreiro Dastan para se pendurar em prédios e muros, se equilibrar em penhascos e desviar de flechas e outros artefatos contra ele arremessados durante as 2 horas do filme - o elenco conta ainda com os nomes famosos de Alfred Molina como um golpista do deserto e Sir Ben Kingsley como Nizam, o tio ambicioso de Dastan.
A fita é aventura pura! Praticamente sem enredo e com um aspecto meio mofado que remete aos filmes de aventura dos anos 80 (a exemplo de Simbad e dos primeiros Indiana Jones), a trama gira em torno da busca por uma adaga mística que, quando preenchida com uma areia especial, dá ao seu portador o poder de fazer o tempo voltar atrás e prever o presente com antecedência. Para isso, o roteiro se vale de conspirações confusas, reviravoltas desnecessárias e muito corre-corre, onde a tal adaga passa de mão em mão. As tentativas de apelo cômico e dramático não colam e o que importa no fim das contas são as acrobacias elaboradas de Dastan, na melhor cópia descarada de Matrix, com direito a câmeras lentas e caminhadas na parede.
A mitologia criada é pouca e o universo de personagens de apoio não chega a ser interessante, o que não leva a crer que vá gerar uma franquia, a não ser que os lucros sejam muito grandiosos. O diretor Mike Newell, de Harry Potter E O Cálice De Fogo e O Amor Nos Tempos Do Cólera fez o que pôde com o material que tinha em mãos e resultado final é um filme bem feito tecnicamente, fraquinho, mas que cumpre seu papel como entretenimento no melhor estilo pipoca.